Julgamento do marco temporal é suspenso e retorna na 5ª com voto de Fachin
Votação no STF começou em 26 de agosto; é a quarta sessão seguida suspensa
O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu nesta quarta-feira (8) o julgamento do chamado “marco temporal” sobre terras indígenas. A apreciação do caso será retomada nesta quinta-feira (9).
O ministro Luiz Fux, presidente do Supremo, encerrou o encontro dizendo haver muitas audiências esperando os ministros presentes na sessão. É a quarta sessão seguida sobre o marco temporal suspensa no STF.
Segundo o presidente do STF, a votação será retomada com o voto do mérito da questão pelo ministro relator do processo, Edson Fachin. O ministro chegou a ler a primeira parte do voto antes de a sessão desta quarta-feira ser suspensa.
O julgamento no Supremo começou em 26 de agosto e mais de 30 entidades estão cadastradas para se pronunciar.
A medida determina que a demarcação de uma terra indígena só pode acontecer se for comprovado que os povos originários estavam sobre o espaço requerido antes de 5 de outubro de 1988, data da promulgação da atual Constituição Federal.
Ruralistas e o governo Bolsonaro são favoráveis ao tema. Indígenas, porém, são contrários ao chamado marco temporal, alegando que a medida pode acabar com os processos de demarcações em curso e até revogar o direito já adquirido sobre terras indígenas.
Não houve demarcações de terras indígenas, desde que Jair Bolsonaro (sem partido) chegou à presidência da República, em 2019. Porém, processos de demarcação já iniciados em governos anteriores foram paralisados.
Cerca de 6 mil indígenas estão em Brasília desde o início da primeira votação no STF para protestar e acompanhar o julgamento do “marco temporal”.
O que é o marco temporal
Está sendo julgada a ação do Instituto do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina (IMA) contra o povo Xokleng, que, segundo a entidade, ocupou uma área indígena localizada na Reserva Biológica de Sassafrás, em Santa Catarina, após a data de promulgação da Constituição.
O recurso tem repercussão geral, pois o julgamento do tema permitirá a resolução de mais de 80 casos semelhantes que podem ser suspensos em outras instâncias da Justiça brasileira.
Além disso, hoje no Brasil, há mais de 300 processos de demarcação de terras indígenas que estão em aberto. A decisão pode definir o rumo desses processos.
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Indígenas seguem em quarto dia seguido de protesto em frente ao Congresso Nacional em Brasília • Estadão Conteúdo
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Manifestantes atearam fogo em um "caixão" feito de papelão, nesta sexta (27) • Estadão Conteúdo
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O "caixão" tinha dizeres como "marco temporal, não", "fora garimpo", "fora grileiros" • Estadão Conteúdo
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Fumaça preta podia ser vista de longe, atrás do Congresso Nacional • Estadão Conteúdo
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Corpo de Bombeiros esteve no local e apagou as chamas; ninguém se feriu • Estadão Conteúdo
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Sessão havia sido marcada para o último dia 25, mas foi adiada para dia 1.º de setembro • Estadão Conteúdo
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Acampamento foi montando para acompanhar a votação do STF • Estadão Conteúdo
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Mobilização com mais de 6 mil indígenas na Esplanada dos Ministérios • Estadão Conteúdo
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Protesto dá a dimensão da importância do tema que será votado nesta quarta • Estadão Conteúdo
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Nas mãos dos ministros está a decisão sobre o futuro de 303 demarcações • Estadão Conteúdo
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O STF vai julgar se cabe ou não aplicar a regra do "marco temporal" • Estadão Conteúdo
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Pelo marco, quem estivesse fora da área na promulgação da CF não teria direito a demarcação • Estadão Conteúdo
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Hoje, o Brasil tem 421 terras indígenas devidamente homologadas • Estadão Conteúdo
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São 106,6 milhões de hectares e onde vivem cerca de 466 mil indígenas • Estadão Conteúdo
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Há, porém, outras 303 terras indígenas sem homologação presidencial • Estadão Conteúdo
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Essas terras somam 11 milhões de hectares, onde vivem cerca de 197 mil indígenas • Estadão Conteúdo
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Fachin, relator do caso, disse que a tese promove "etnocídio" entre os povos • Estadão Conteúdo
“Maior privatização de terras do país”
Em entrevista à CNN Brasil, o escritor e líder indígena Ailton Krenak afirmou que o chamado marco temporal representa a “maior privatização de terras” do Brasil.
Para Krenak, se aprovado, o “marco temporal” pode gerar mais uma crise social e ambiental ao país. O líder indígena avalia que o STF e o Congresso Nacional devem assumir a responsabilidade de fazer valer o que já é previsto no capítulo dos direitos dos índios da Constituição, o que, na sua visão, representaria rejeitar a proposta.
“Eu espero que esse assunto, que vem se arrastando há tanto tempo, seja feito dentro dos termos da nossa Constituição, ou seja, que sejam reconhecidos os direitos dos povos indígenas aos seus territórios”, disse Krenak.
“Caso isso seja negado, nós vamos acrescentar mais uma crise social e ambiental — que envolve interesses não só das comunidades indígenas, mas do mundo inteiro”, concluiu.
(*Com informações de Juliana Alves e Thiago Félix)