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    Argentina é reincidente em descumprir normas brasileiras, diz diretor da Anvisa

    Alex Machado Campos, diretor de Portos, Aeroportos e Fronteiras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, disse que Anvisa foi impedida de acessar jogadores antes da partida

    Gustavo ZucchiLayane SerranoTainá FalcãoMarcela Rahalda CNN , Em Brasília e São Paulo

    Em entrevista à CNN, Alex Machado Campos, diretor de Portos, Aeroportos e Fronteiras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), disse que a delegação argentina é reincidente em afrontar as normas sanitárias brasileiras e informou que a Anvisa foi impedida de chegar aos jogadores antes de a partida começar.

    Agentes da Anvisa, acompanhados por membros da Polícia Federal, interromperam a partida entre Brasil e Argentina, válida pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, neste domingo (5), porque quatro jogadores argentinos furaram a quarentena imposta pelo governo.

    Segundo Campos, a intenção da Anvisa era retirar os quatro jogadores argentinos de campo, não encerrar a partida, já que a delegação do país havia sido notificada no sábado (4) de que eles não deveriam participar do jogo. De acordo com o diretor, a determinação foi ignorada pelos argentinos, em um “ato de afronta e de deboche”.

    “O que percebemos foi uma tentativa reiterada de passar pelas normas brasileiras e levar a cabo a decisão dos jogadores em campo. Nós não interrompemos a partida, nós gostaríamos que as normas brasileiras fossem cumpridas”, disse.

    Com a bola já rolando, membros da Anvisa, acompanhados de agentes da Polícia Federal, entraram em campo no domingo para informar a proibição, o que motivou a suspensão da partida na Arena Corinthians, em São Paulo, pelo árbitro.

    Segundo Campos, agentes da Anvisa chegaram uma hora antes no estádio com o intuito de evitar a participação dos quatro jogadores em campo, mas foram impedidos de circularem por vestiários e outros locais de acesso aos jogadores.

    “Cercearam o acesso a vestiários e ao banheiro. E nosso servidor teve que convocar o juiz, dizendo que os jogadores não poderiam estar em campo”, disse.

    De acordo com o diretor, não é justo atribuir à Anvisa o impedimento da partida, sendo que foram os jogadores argentinos que fizeram uma série de infrações, que precisavam ser impedidas.

    “Não é possível que a Anvisa compactuasse com um falseamento de formulário público, uma quarentena quebrada e uma delegação que sai com esses jogadores”, disse.

    Reincidência

    Campos lembrou que em maio deste ano, uma delegação de 11 jogadores argentinos tentou entrar no Brasil, apesar de terem testado positivo para Covid-19. A Anvisa impediu e multou os jogadores, que foram deportados.

    Segundo o diretor, é possível que uma nova autuação seja feita pelo novo descumprimento das normas sanitárias do país.

    “É possível sim imputar a delegação argentina que é reincidente, já que em maio uma delegação de 11 jogadores chegpu aqui com PCR positivo e contaminou todo o voo. A Anvisa não deixou que os jogadores saíssem do aeroporto e, apesar de todas as ações da Anvisa, o jogo ocorreu. A Anvisa teve que autuar os jogadores e esse caso é um caso de reincidência”, disse.

    Segundo Campos, a delegação argentina, que deixou o Brasil ainda na noite de domingo (5), foi autuada por infração sanitária. E para evitar que episódios semelhantes ocorram,  a Anvisa está fazendo um dossiê para entregar às autoridades de vigilância, a Polícia Federal e ao Ministério Público para que o caso seja investigado.

    “Ainda ontem os jogadores foram autuados no aeroporto. A eles serão atribuídas multas que se iniciam em 2 mil reais, mas, pela reincidência, não ficarão na multa mais leve. Outros procedimentos devem ser inaugurados também pelo Ministério Público Federal e pela polícia brasileira para que esses atos sejam investigados e que sirvam de exemplo para que outros como estes não aconteçam”, disse.

    Entenda o caso

    A delegação argentina foi notificada para deixar o país pela PF, após quatro jogadores do elenco terem entrado no Brasil sem cumprirem a quarentena obrigatória de 14 dias para estrangeiros que tiveram passagem pelo Reino Unido, como medida de prevenção durante a pandemia do novo coronavírus. Emiliano Martinez, Emiliano Buendia, Giovani Lo Celso e Cristian Romero jogam em equipes do Campeonato inglês.

    A Anvisa afirmou que se reuniu com representantes da equipe argentina e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no sábado (5), para orientar que os atletas ficassem em quarentena no hotel em que estavam concentrados. Mesmo assim, todos foram disputar a partida, sendo que três deles começaram como titulares.

    Em entrevista para a CNN logo depois do caso, o diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, afirmou que a permanência de quatro jogadores argentinos no Brasil representava um descumprimento das regras sanitárias do Brasil e eles corriam o risco de serem deportados.

    “Essa situação seria evitada se o regramento sanitário vigente no Brasil fosse seguido pelos próprios jogadores no Brasil. Nosso país tem há vários meses a chegada de vários passageiros do Reino Unido, da Índia e da África do Sul restrita por razões sanitárias. Isso é fruto de um parecer que a Anvisa emite para três ministérios, da Justiça, da Saúde e da Casa Civil”, explicou Torres.

    Regra sanitária

    Em entrevista à CNN nesta segunda-feira (6), o ex-presidente e fundador da Anvisa, Gonzalo Vecina, afirmou que a agência apenas cumpriu uma regra jurídica ao suspender a partida entre Brasil e Argentina neste domingo (5).

    Vecina explicou que a agência não cria as regras, que são definidas em conjunto por três ministérios.

    “A Anvisa executa políticas de proteção da saúde do povo brasileiro. Essa decisão foi tomada por três ministérios, tem uma portaria publicada, houve reunião com a CBF na sexta para explicar exatamente o que ia acontecer”, disse.

    (Publicado por Camila Neumam)

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