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    Militares dizem ter prendido presidente da Guiné e suspendem Constituição

    Soldados declararam tomada de poder em vídeos transmitidos pela mídia local; paradeiro de presidente é desconhecido

    Alpha Condé, presidente da Guiné
    Alpha Condé, presidente da Guiné Kremlin.ru/Wikipedia

    Umaro Djau, Kareem Khadder E David McKenzie,da CNN

    Um oficial militar da Guiné transmitiu uma declaração neste domingo (5) anunciando que a Constituição da país foi dissolvida, em um possível golpe de Estado.

    “Não vamos mais confiar a política a um homem, vamos confiá-la ao povo. Viemos apenas para isso; é o dever do soldado salvar o país”, diz Mamady Doumbouya, oficial do Exército, no vídeo que foi amplamente divulgado pela mídia local.

    Um assessor do presidente Alpha Conde disse à CNN que Conde está preso e que um golpe ocorreu no país da África Ocidental. A localização do líder de 83 anos, que venceu uma eleição apertada no ano passado, não é clara.

    No vídeo, o líder do Exército veste uniforme das forças especiais e diz que prendeu Conde, suspendeu a Constituição, o governo e todas as outras instituições. O militar também anunciou o fechamento das fronteiras terrestres e aéreas.

    Toque de recolher e ex-ministros convocados

    Em uma nova mensagem transmitida depois pela TV estatal, oficiais militares declararam toque de recolher em todo o país e disseram que Conde está bem.

    “Queremos tranquilizar a comunidade nacional e internacional de que a integridade física e moral do ex-presidente [Alpha Conde] não está ameaçada”, disse um militar, segundo tradução publicada pela Reuters.

    “Tomamos todas as medidas necessárias para que ele tenha acesso a cuidados e entre em contato com seus médicos.”

    Não foram fornecidas, porém, evidências claras da condição de Conde, e a CNN não conseguiu confirmar as alegações do oficial militar.

    O toque de recolher, de acordo com um comunicado lido por um dos oficiais, “será implementado a partir das 20h, em todo o país, até novo aviso”.

    Os oficiais também convidaram ministros e ex-chefes de governo para uma reunião às 11h desta segunda-feira (6), no horário local.

    “Qualquer falta será considerada uma retaliação ao CNRD”, disseram, citando as sigla do nome do grupo que, em francês, significa Comitê Nacional para a Recuperação e Desenvolvimento.

    ‘Tiroteio contínuo’

    Tiroteios estouraram neste domingo em Conakry, capital da Guiné, no que parecia ser uma tentativa de golpe, de acordo com várias postagens feitas nas redes sociais e com testemunhas consultadas pela CNN.

    Os vídeos mostram soldados fortemente armados circulando na área de Kaloum, em Conakry, onde ficam muitos prédios do governo. Outro vídeo bastante compartilhado mostra o que parece ser o presidente Conde cercado por soldados.

    “É hora de nos entendermos, de darmos as mãos, de nos sentarmos, de escrevermos uma constituição que se adapte à nossa realidade, capaz de resolver nossos problemas”, diz Doumbouya em um dos vídeos.

    A CNN não verificou de forma independente a autenticidade das imagens.

    Ação condenada

    Em uma declaração publicada neste domingo, a União Africana condenou o que chamou de “tomada de poder”, e pediu a “libertação imediata do presidente Alpha Conde”.

    O secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, também pediu a libertação de Conde.

    “Estou acompanhando de perto a situação na Guiné. Condeno veementemente qualquer tomada do governo pela força das armas e apelo pela libertação imediata do presidente Alpha Conde”, escreveu Guterres em seu perfil no Twitter.

    Conde foi eleito à presidência da Guiné pela primeira vez em 2010, quando assumiu o gabinete no lugar de uma junta militar que estava no poder desde 2008. As eleições presidenciais de 2010 foram as primeiras nos 52 anos de história do país.

    A aparente tentativa de golpe na Guiné acontece pouco depois de um golpe bem-sucedido no vizinho Mali em agosto do ano passado, quando os militares expulsaram o governo eleito.