Proibição de lotes da Coronavac é cautelar para sanar dúvidas, diz Barra Torres
À CNN, diretor-presidente da Anvisa disse que quem tomou imunizante de lotes suspensos não corre risco e que quer dar palavra de "serenidade" à população
O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, afirmou em entrevista à CNN que a proibição do uso de doses da Coronavac envasadas em uma fábrica da China não inspecionada é cautelar, e deve ser revista nos próximos dias.
A agência suspendeu o uso de 25 lotes do imunizante, proibindo a distribuição e a aplicação das doses nos estados, neste sábado (4).
Segundo a Anvisa, o Instituto Butantan informou à agência na sexta-feira (3), após uma reunião, que o laboratório chinês Sinovac, fabricante da Coronavac, enviou ao Brasil doses envasadas em fábrica não inspecionada pela agência brasileira. Os lotes contêm mais de 12 milhões de doses e alguns já foram distribuídos pelo Ministério da Saúde. Veja quais são.
“A proibição é cautelar e o estado da nossa mente perante esse fato é o da dúvida. E não pode haver dúvida quando falamos de vacina”, disse Barra Tores. “Essas vacinas teriam sido fabricadas em um local não inspecionado pela Anvisa — um local que até o presente momento ainda não temos uma certificação internacionalmente reconhecida”.
Segundo ele, a interdição cautelar faz parte do protocolo da agência nesses casos e, nos próximos dias, é esperado que a Sinovac envie informações sobre a fábrica não inspecionada pela Anvisa. Barra Torres também não descartou a possibilidade de técnicos brasileiros visitarem o local.
Apesar de não ter autorização da Anvisa, o diretor-presidente da agência assegurou que pessoas que já tomaram imunizantes dos lotes proibidos não correm risco algum à saúde.
“É muito importante passar palavra de serenidade à população”, disse Barra Torres. “A Coronavac é uma vacina que foi aprovada pela Anvisa, ela atende aos parâmetros da Organização Mundial de Saúde (OMS), e o que estamos diante é de uma quantidade de lotes que foram fabricados em local não inspecionado. Acreditamos que esse problema será resolvido.”
‘Não é burocracia nem condenação’
Barra Torres reforçou que a proibição de lotes da Coronavac poderia ocorrer com qualquer imunizante que apresentasse divergência em documentos apresentados à agência.
“Não há o que a população suspeitar ou ter uma reação de não aceitação à essa vacina. Esse evento pode acontecer com qualquer outra e o que estamos fazendo agora é buscando a convicção da qualidade e apuro técnico deste local, que, para nós, é novo, mas certamente não é novo pelo próprio fabricante, a Sinovac”, afirmou.
O diretor-presidente da Anvisa explicou que todos os países, incluindo Estados Unidos, Canada e na Europa, fazem análise regulatória do local aonde é fabricado vacinas.
“O fato de ser do mesmo fabricante, porém em cidades diferentes, não dispensa a inspeção de uma outra fábrica em outra cidade. Foi o que aconteceu e, por isso, nossa decisão. Nem é meramente burocracia e, de maneira nenhuma, não é condenação [à Coronavac]”, esclareceu Barra Torres.