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    Mourão contradiz ministro de Minas e Energia e diz que há risco de racionamento

    À CNN, Bento Albuquerque disse na noite de terça-feira (31) que o 'risco de racionamento hoje é zero'

    João de Marida CNN , Em São Paulo

    O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou nesta quarta-feira (1º) que há risco do Brasil passar por racionamento de energia elétrica em razão da crise hídrica no país. A declaração foi dada em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto.

    Mourão foi questionado sobre a decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de criar uma taxa extra ainda mais cara a ser cobrada na conta de luz, chamada bandeira tarifária “escassez hídrica”.

    “Olha, o que eu tenho acompanhado é que o governo tomou as medidas necessárias, criou uma comissão para acompanhar e tomar decisões, a tempo e a hora no sentido de impedir isso aí que você [repórter] colocou [o risco de racionamento]. Que haja apagão, mas pode ser que tenha que ocorrer algum racionamento. O próprio ministro [de Minas e Energia] falou isso.​ Vamos torcer, né?”, disse.

    A fala do vice-presidente, no entanto, contradiz entrevista exclusiva do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, concedida à CNN na noite de terça-feira (31), após realizar pronunciamento em rede nacional pedindo que a população reduza consumo de energia. À CNN, Albuquerque disse que o “risco de racionamento hoje é zero”.

    “Pelo contrário. Estamos tentando mostrar a gravidade da situação hídrica para que, de forma voluntária, os consumidores poupem energia. Assim, não vamos precisar importar, poderemos reduzir o uso da termelétricas e daremos mais flexibilidade ao operador do sistema”, afirmou o ministro.

     

    Mais cedo, no pronunciamento público, o ministro de Minas e Energia tentou justificar as medidas de restrição que farão o preço da conta de luz disparar. Em sua fala, Albuquerque destacou medidas que já estão sendo implementadas pelo governo, como a orientação de reduzir o consumo nos órgãos federais em 20% e incentivos aos grandes consumidores, como indústrias, para reduzir a carga nos horários de pico.

    A fala veio poucas horas depois da Aneel anunciar a criação de uma nova bandeira tarifária, chamada bandeira tarifária ainda mais caras que as outras faixas já existentes.

    O valor da nova taxa extra é de R$ 14,20 pelo consumo de 100 kWh, segundo anúncio desta terça-feira (31), e ela terá vigência de 1º de setembro de 2021 a 30 de abril de 2022. Até agora, estava vigorando a bandeira vermelha 2, no valor cobrado era de R$ 9,492.

    Crise hídrica deverá seguir nos próximos anos

    Na coletiva desta quarta-feira, Mourão reforçou as medidas implementadas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mas pediu uma “dosagem” no consumo. Na visão do vice-presidente, a situação crítica deverá ser enfrentada pelos brasileiros nos próximos anos.

    “A maior parte do uso da água é para a agropecuária. O consumo humano é menor parte, a outra é geração de energia. Tem que haver uma dosagem nisso aí, né? É algo que nós vamos ter que enfrentar nos próximos anos na minha visão, enquanto não houver uma recuperação plena dos nossos reservatórios”, disse.

    Ao ser questionado se o plano do governo para enfrentar a crise não estaria atrasado, Mourão alegou que “se antes não fizeram, não era o caso”.

    “Os decisores tinham todos os dados disponíveis e se não tomaram uma decisão antes na análise de risco que fizeram, não era o caso. Eu vejo dessa forma”, pontuou.

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