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    Motoboy da VTCLog diz à CPI que entregou pen drive ao Ministério da Saúde

    Ivanildo Gonçalves confirmou ida ao local onde fica o Departamento de Logística, então comandado por Roberto Dias, e negou entregar o celular para perícia no Senado

    Bia GurgelGiovanna GalvaniJoão de Marida CNN em Brasília e São Paulo

    Após mais um dia de mudanças de última hora no calendário, a CPI da Pandemia ouviu nesta quarta-feira (1º) o motoboy da VTCLog Ivanildo Gonçalves, responsável por sacar R$ 4,7 milhões a pedido da empresa e de ter supostamente pagado boletos direcionados a Roberto Dias, ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde.

    O motoboy confirmou que esteve no Ministério da Saúde em 2021 para “entregar um pen drive” no 4º andar — local onde está localizado o Departamento de Logística da pasta. Ele disse que não sabia especificar ao certo quem era a pessoa, mas afirmou que tratava-se de uma mulher. Segundo Ivanildo, ele retornava ao Ministério da Saúde para entregar faturas e protocolos dos pagamentos realizados em setores e salas diferentes.

    A senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) chegou a dizer que a atitude é “estranha”, pois as devolutivas de protocolos deveriam, segundo ela, serem feitas para a mesma pessoa, para apenas um setor do Ministério da Saúde.

    Ivanildo explicou que quando “andava constantemente” no ministério, era como prestador de serviço da Voetur turismo, empresa localizada nas instalações da pasta em Brasília, que tinha vendas de passagens entre as atuações.

    Questionado sobre se conhecia Roberto Dias, Ivanildo negou e disse nunca ter conversado com ele. Mesmo quando passou a pagar boletos para a empresa, ele também afirmou que “nunca entregou dinheiro para ninguém”.

    Dias, que já compareceu ao Senado para prestar depoimento no âmbito das investigações, chegou a ser preso por mentir na ocasião sendo apontado como o responsável por pedir propinas em negociações de doses da vacina AstraZeneca.

    Ivanildo disse que os saques e depósitos eram feitos sempre no banco Caixa Econômica Federal, na agência do Aeroporto Internacional de Brasília.

    Quando não conseguia realizar os procedimentos no local, Ivanildo ia para o banco Bradesco, na agência do Setor Comercial, segundo depoimento. A suspeita é que os pagamentos levavam dinheiro vivo para o setor financeiro da empresa.

    Na sessão da CPI da Pandemia, os senadores aprovaram um requerimento que prevê a quebra de sigilo de Ivanildo Gonçalves, bem como o pedido de busca e apreensão de seu celular. O depoente negou-se a oferecer o aparelho para a perícia do Senado.

    Mudanças e atestados médicos

    Na última segunda-feira (30), o ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), deferiu o pedido do motoboy para não depor à CPI da Pandemia. O depoimento original estava agendado para terça-feira (31).

    A expectativa desta quarta-feira (1º) era que a CPI ouvisse o empresário e advogado Marcos Tolentino, mas ele informou aos senadores que passou por um mal-estar na noite anterior e que estava internado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, devido a sequelas da Covid-19.

    Ao final da sessão, Marconny Faria, apontado pela comissão como um “lobista” que tentaria privilegiar a Precisa Medicamentos junto a pasta, também enviou um atestado médico para não comparecer à CPI. O depoimento de Faria estava marcado para esta quinta-feira (2).

    Segundo apurado pelo analista Gustavo Uribe e pelas repórteres Tainá Farfan e Rachel Vargas, da CNN, após ser informada sobre a ausência de Tolentino, a VTCLog entrou em contato com o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), para “oferecer” o depoimento de Ivanildo ou de Andreia Lima, CEO da empresa.

    A CPI julgou mais interessante ouvir Ivanildo, já que as imagens do pagamento dos boletos de Roberto Dias foram reveladas na sessão da terça-feira (31).

    Questionado pela mudança de vontade de comparecer à CPI, o motoboy disse que esperava dar todas as respostas para que não fosse mais procurado pela imprensa ou pela comissão.

    Veja o resumo da CPI:

    • CPI aprova quebra de sigilo de motoboy, que se recusa a entregar celular

    Os senadores da CPI da Pandemia aprovaram um requerimento que prevê a quebra de sigilo de Ivanildo Gonçalves, bem como o pedido de busca e apreensão de seu celular. O depoente negou-se a oferecer o aparelho para a perícia do Senado.

    De autoria do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), os requerimentos preveem analisar se mensagens mostrariam alguma orientação da VTCLog ao motoboy, ou mais indicativos sobre os saques realizados pelo funcionário.

    “Requer que seja determinada às empresas de telecomunicações (Oi, Vivo, Tim, Claro, dentre outras) que seja enviado o histórico de localizações do telefone vinculado ao Sr. Ivanildo Gonçalves da Silva”, diz outro pedido.

    Além disso, outro requerimento aprovado foi a solicitação de informações ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre a movimentação de R$ 117 milhões da VTCLog considerada suspeita pelo órgão.

    Os senadores também aprovaram a convocação de Zenaide Sá Reis, a funcionária do Financeiro que entregava os cheques ao motoboy, e solicitou à Caixa ” todos registros das câmeras que possui no aeroporto de Brasília do período de 1º de janeiro de 2018 a 1º de setembro de 2021, seja de agência, postos de atendimento, caixas eletrônicos ou quaisquer outros pontos”.

    • ‘Senti que hoje poderia ser o final disso tudo’, diz motoboy à CPI

    O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), questionou o motivo do comparecimento de Ivanildo, já que havia pedido ao STF para não depor.

    Na última segunda-feira (30), o ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), deferiu o pedido do motoboy para não depor à CPI da Pandemia. O depoimento original estava agendado para terça-feira (31).

    O motoboy alegou que sentiu que “hoje poderia ser o final disso tudo”, referindo-se às pessoas que estão “na sua cola”, como ele mesmo disse. Segundo Ivanildo, a vida “mudou” após os holofotes da comissão parlamentar de inquérito.

    “No momento dessa pergunta, eu creio que a minha vida não é mais a mesma. Jornalistas e muitas pessoas estão na minha cola, então senti que hoje poderia ser o final disso tudo, porque não está fácil”, afirmou. “Estou aqui com a consciência limpa e dentro do meu conhecimento do que estava fazendo”.

    • Motoboy da VTCLog diz que entregou pen drive no Ministério da Saúde em 2021

    Ivanildo Gonçalves afirmou que entregou um pen drive no 4º andar do Ministério da Saúde, onde fica localizado o Departamento de Logística da pasta, em 2021.

    Apesar da informação remeter ao antigo local de trabalho de Roberto Dias, ex-diretor do Departamento, o motoboy da VTCLog afirmou não conhecer e nunca ter falado com Dias.

    Anteriormente, Ivanildo afirmou que, quando entrou na empresa, entregava faturas em diversas localidades, estando o Ministério incluso. No entanto, isso teria acontecido há “muito tempo”, disse. Ivanildo ingressou na empresa em 2009. Mesmo quando passou a pagar boletos para a empresa, ele afirma que “nunca entregou dinheiro para ninguém”.

    • Motoboy Ivanildo Gonçalves responde sobre saques e pagamentos realizados para a VTCLog

    O motoboy Ivanildo Gonçalves explicou aos senadores da CPI que recebia solicitações de sacar e pagar boletos para a VTCLog no mesmo dia, sendo no mesmo banco ou em agências diferentes.

    “Quando eu ia fazer o saque, colocava os clipes para separar em qual banco faria o procedimento. Pagava sempre no mesmo banco, mas quando não dava para pagar ali, ia para outro pagar o boleto. Era sempre no mesmo banco, sempre na Caixa Econômica, agência do aeroporto. Eu pegava da Zenaide o dinheiro e o boleto para pagar.”, disse.

    Segundo ele, a orientação vinha do setor financeiro, por orientação de Zenaide Sá Reis. Ela passava o cheque para o funcionário, que ia até o banco realizar os serviços. Questionado sobre valores que chegou a manejar, Ivanildo disse lembrar-se um saque de R$ 430 mil.

    Com o pagamento de boletos feito na boca do caixa, caso houvesse sobra de dinheiro, ele devolvia à Zenaide, explicou.

    O valor expressivo dos saques chamou a atenção dos senadores. A segurança do motoboy chegou a ser aventada por Renan Calheiros e Omar Aziz, já que a manipulação de dinheiro nessa escala na boca do caixa, à mostra de outras pessoas, poderia ser perigosa.

    • CPI atualiza lista de investigados com Onyx Lorenzoni, Luciano Hang e outros

    O senador Renan Calheiros, relator da CPI, atualizou a lista de investigados pela comissão.

    Os novos nomes são de Onyx Lorenzoni, ministro do Trabalho e Previdência; Osmar Terra (MDB-RS), deputado federal e defensor do “tratamento precoce”; o empresário Luciano Hang; Cristiano Carvalho, representante oficial da Davati Medical Supply no Brasil; Luiz Paulo Dominghetti, policial militar que atuou como “revendedor” de vacinas para a Davati; Emanuela Medrades, diretora técnica da Precisa Medicamentos; os coronéis Helcio Bruno e Marcelo Bento Pires; e a fiscal de contratos da Saúde Regina Célia Oliveira.

    • Aziz comenta sobre 7 de Setembro: “o verdadeiro ato pelo Brasil é conter a inflação”

    Antes do início do depoimento de Ivanildo Gonçalves, os senadores comentaram sobre um caso suspeito acerca do prefeito de Cerro Grande do Sul (RS), Gilmar Alba, que foi flagrado com R$ 505 mil no Aeroporto de Congonhas (SP).

    De acordo com informações apresentadas pelo senador Humberto Costa (PT-PE), mas ainda não oficiais, o montante seria destinado para “financiar a manifestação do dia 7 de Setembro“.

    Ao comentar sobre o caso, Omar Aziz criticou o apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) aos atos. “O verdadeiro ato pelo Brasil é conter a crise hídrica e a inflação, que corrói o salário dos trabalhadores, que não é ajustado há muito tempo”, declarou.

    Para ele, “não existe nenhum ato concreto de que existe um perigo na democracia pra ter um ato desses”, especialmente pelo risco de discursos envolvendo a ruptura da democracia.

    “Uma mobilização dessas é cara. É necessário que todos nós fiquemos atentos. Manifestação democrática é valida e a gente respeita, mas qualquer intenção de querer invadir o Supremo e o Congresso tem que ser repudiada”, disse.

    • Omar Aziz pede informações de Marcos Tolentino ao Hospital Sírio Libanês

    No início da sessão desta quarta-feira (01), o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), solicitou à mesa diretora que pedisse informações sobre o estado de saúde do empresário Marcos Tolentino ao Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, onde ele estaria internado.

    Segundo Aziz, ele teve uma informação de que Tolentino, às 22h de terça-feira (31), estaria “conversando normalmente”.

    “Possível sim que seja tudo verdade [a internação], mas a gente desconfia desse tipo de comportamento”, declarou. “Ele vai fugir hoje, amanhã, mas vai chegar [para depor] aqui”.