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    PIB: o que é, como é medido e quais fatores contribuem para seu crescimento

    É a medida universal para que países meçam o desempenho da sua economia, comparem entre tempos diferentes e também com outras nações

    Raphael Coraccinicolaboração para o CNN Brasil Business , em São Paulo

    Em uma sociedade de consumo, o desenvolvimento social está diretamente relacionado à capacidade de produção e consumo. É isso que os países levam em conta quando avaliam o desempenho do seu Produto Interno Bruto, o PIB.

    Publicado em 1953 pela primeira vez, o cálculo do PIB, criado pelo economista britânico Richard Stone, é a medida universal para que os países meçam o desempenho da sua economia, façam a comparação entre tempos diferentes e também entre o seu desempenho e o de outras nações.

    Saiba mais sobre como o PIB é medido, para que serve e as variáveis que influenciam seu crescimento.

    O que é PIB e para que serve?

    O Produto Interno Bruto (PIB) refere-se a todos os produtos e serviços produzidos em um país. É, portanto, a soma de todos os bens e serviços finais cujo valor é calculado na moeda local.

    No Brasil, o cálculo do PIB é feito trimestralmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que leva em conta a produção dos setores agropecuário, industrial e de comércio e serviços.

    Esse indicador é usado, principalmente, para comparar o desempenho econômico entre países ou a evolução de um país ano após ano ou mesmo em trimestres diferentes.

    Como o PIB é medido?

    Os bens produzidos são calculados apenas na ponta, para que não haja duplicação da contagem. Portanto, “se um país produz R$ 100 de trigo, R$ 200 de farinha de trigo e R$ 300 de pão, por exemplo, seu PIB será de R$ 300, pois os valores da farinha e do trigo já estão embutidos no valor do pão”, como explica o IBGE. Portanto, não são incluídos nessa conta os itens primários e intermediários, só o produto final.

    O resultado do PIB é divulgado trimestral e anualmente, mas é a soma anual a principal medida  usada pelos países para estabelecer comparações de crescimento ao longo do tempo.

    Para calcular o PIB, o IBGE usa 12 índices diferentes de produção, entre eles, o Balanço de Pagamentos do Banco Central, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), entre outros índices atrelados ao consumo das famílias e à produção setorial.

    Esse conjunto de bens e serviços carrega também o valor dos impostos cobrados ao longo da cadeia e repassados ao consumidor na hora da compra.

    Qual a diferença entre PIB e Tesouro Nacional?

    O PIB não calcula a riqueza de um país, o indicador mais apropriado para isso é o Tesouro Nacional, que funciona como um caixa de dinheiro, onde se deposita o valor que o país recebe e guarda o que resta depois de pagar as contas.

    O PIB, porém, indica apenas o fluxo de novos bens e serviços finais produzidos ao longo de determinado período. Tudo que foi produzido antes é excluído da conta. Se um país não produz nada nesse período, o seu PIB é nulo.

    Oferta e demanda no cálculo do PIB

    O PIB pode ser calculado de duas maneiras: a partir da demanda dos consumidores ou pelo caminho inverso, pela oferta de produtos. Apesar dos caminhos diferentes, os resultados desses cálculos são iguais.

    Para calcular a demanda do país é levado em conta o consumo das famílias, ou seja, a soma de todas as despesas da população com bens e serviços. Entra na conta o consumo apenas no mercado interno. O investimento das empresas em máquinas e demanda também entra no cálculo da demanda e é chamado de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). Os gastos do governo, incluindo o pagamento de funcionários públicos, e o volume de bens que o país exportou menos o que ele importou também compõem essa equação.

    Por outro lado, na conta das ofertas está o que é produzido de bens e serviços pelos setores de serviço, indústria e agropecuária, com maior participação para o serviço, que inclui educação, transporte, comércio, entre outros. A Indústria é a soma da produção dos bens manufaturados, que tem perdido participação no Brasil desde os anos 1980, e a agropecuária é toda atividade agrícola e de criação de animais voltada para o consumo, que costuma ser a boia de salvação da economia nacional quando ela não está bem.

    O que é PIB per capta e para que serve?

    O tamanho da população que o PIB precisa atender forma outro indicador importante, o PIB per capta. Para entender o conceito, vamos comparar dois países com PIBs semelhantes, como Brasil e Canadá. O PIB do Brasil era de R$ 7,4 trilhões ao final de 2019, praticamente o mesmo PIB do Canadá. Porém, o país da América do Norte possui menos de 40 milhões de habitantes, enquanto o Brasil tem 211 milhões de pessoas. Ou seja, o Brasil produz quase a mesma coisa que o Canadá para atender uma população mais de cinco vezes maior. Isso significa que o PIB per capta do Canadá é muito maior que o do Brasil, apesar de o PIB ser o mesmo.

    Essa divisão do PIB pelo número de habitantes tem a intenção de retratar o tamanho da produção anual de um país comparado ao da população, como se todos os indivíduos fossem contemplados como uma mesma fatia da economia. A conta é apenas uma abstração para mensurar a produção distribuída.

    Por que PIB e PIB per capta não são suficientes para mostrar toda a realidade da economia?

    É possível que um país tenha um PIB ou mesmo um PIB per capta muito grande, mas por essa produção estar concentrada em uma pequena parte da população, a situação econômica e social da maior parte das pessoas não seja boa. O nome disso é desigualdade.

    Há países, porém, que possuem PIB e PIB per capta mais moderados e não figuram entre as maiores economias do mundo, mas que conseguem oferecer uma qualidade de vida melhor para os seus habitantes. Por isso, o Produto Interno Bruto e seu subíndice não são suficientes para, sozinhos, retratar a situação socioeconômica de uma nação.

    O que faz o PIB crescer?

    Apesar de a vida das pessoas depender de muitas outras coisas além do crescimento do PIB, esse indicador é fundamental para que as políticas econômicas e sociais sejam trabalhadas e proporcionem melhora de vida à população. Um PIB em crescimento oferece mais chances de desenvolvimento econômico e social.

    Para um PIB crescer, um dos fatores que mais influencia é o consumo das famílias. Por isso, na sociedade de consumo, o PIB é um indicador tão importante. Com a população comprando mais, as empresas precisam investir para atender o crescimento da procura e aumentar seus lucros. Isso eleva o PIB.

    Em uma situação como essa, de aquecimento da economia, o governo tende a receber mais impostos e ampliar suas operações por meio das empresas estatais. Investimentos em educação, mão de obra e tecnologia também alimentam esse ciclo e passam a dar maior competitividade às empresas, que passam a vender mais produtos para outros países. A venda de produtos em maior quantidade que a compra no mercado internacional favorece a balança comercial e beneficia o crescimento do PIB.

    Diante desse cenário, a expectativa é de aumento do número de empregos e dos salários das pessoas. Isso tudo não é tão simples como pode parecer, e também não está protegido de contratempos, como pressões inflacionárias, que podem comprometer essa espiral positiva, aumentando os preços, diminuindo o consumo e reduzindo o crescimento da economia. O equilíbrio entre o crescimento econômico e a crise pode ser bastante delicado.

    Como o PIB influencia os investimentos?

    O maior impulsionador do PIB é o consumo das famílias. Junto com os investimentos privados, essa variável é responsável por cerca de 80% do PIB brasileiro. Em momento de crescimento do PIB, os investimentos no setor produtivo geralmente são mais interessantes porque oferecem rendimentos maiores do que em renda fixa ou na poupança.

    Porém, a situação pode mudar se o crescimento da economia for acompanhado de crescimento da inflação. Nesse momento, o Banco Central entra em ação e passa a usar os juros como ferramenta para tentar conter o aumento dos preços. Para isso, é usada a taxa básica de juros da economia, a Selic. Essa taxa sobe para aumentar os juros e diminuir a quantidade de crédito no mercado.

    Porém, a Selic não impacta apenas os juros usados pelos bancos para oferecer crédito aos consumidores e às empresas. Ela serve também para regular a rentabilidade de muitos investimentos do mercado financeiro. Em cenário de juros altos, a tendência é haver uma mudança dos investimentos do setor produtivo (indústria, agropecuário, comércio e serviços) para o setor financeiro. Enquanto os juros são usados para desaquecer o consumo e a produção, eles favorecem os investimentos em renda fixa, como títulos públicos, letras, debêntures, entre outros.

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