Exposição de fotografia explora beleza e engenhosidade de sementes; veja imagens
Além de intrigar o público com as maravilhas naturais, a exposição também pretende chamar a atenção para a preservação de espécies
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Bofiyu (Esenbeckia cornuta) - Esta espécie ameaçada da família dos cítricos está agora restrita a uma pequena área de floresta seca no norte do Peru, que está sob ameaça de sobrepastoreio. • The Hidden Beauty of Seeds and Fruits, Copyright Levon Biss 2021
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Abrus precatorius (ervilha-do-rosário): As sementes da ervilha-do-rosário são usadas como decoração em colares e como contas em instrumentos de percussão, mas são altamente tóxicas. • The Hidden Beauty of Seeds and Fruits, Copyright Levon Biss 2021
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Coco-do-mar (Lodoicea maldivica): O coco de mer, também conhecido como coco duplo ou coco marinho, é uma palmeira nativa das Seychelles que produz a maior semente do mundo. • The Hidden Beauty of Seeds and Fruits, Copyright Levon Biss 2021
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Aristolochia macrophylla (cachimbo de holandês): O gênero de plantas Aristolochia inclui mais de 500 espécies que vivem em todo o mundo. • The Hidden Beauty of Seeds and Fruits, Copyright Levon Biss 2021
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Luffa sepium (Bucha): Nativa da América do Sul, esta planta produz pequenos frutos, e este exemplar apresenta um interior ressecado. • The Hidden Beauty of Seeds and Fruits, Copyright Levon Biss 2021
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Pterocymbium tinctorium (Melembu): Esta grande árvore (que pode crescer até 50 metros de altura) e o formato do fruto deram a ela seu nome científico, Pterocymbium, que significa "bota alada" em grego. • The Hidden Beauty of Seeds and Fruits, Copyright Levon Biss 2021
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Pyrus pashia (pera selvagem do Himalaia): Esta parente próxima da pera comum pode ser encontrada em todo o Himalaia. • The Hidden Beauty of Seeds and Fruits, Copyright Levon Biss 2021
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Shorea fallax (Seraya Duan Kasar): Esta semente vem de uma espécie endêmica da ilha de Bornéu, cujas árvores podem atingir 60 metros de altura, elevando-se acima da floresta. • The Hidden Beauty of Seeds and Fruits, Copyright Levon Biss 2021
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Trapa natans var. natans (noz de Singhara): Os espinhos desta castanha d'água são assimétricos, sendo dois deles maiores que os outros. • The Hidden Beauty of Seeds and Fruits, Copyright Levon Biss 2021
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Eriosyce aurata (Sandillon): Esta semente vem de um cacto encontrado no Chile. “Esse foi selecionado porque tem personalidade visual, com os espinhos protegendo a semente." • The Hidden Beauty of Seeds and Fruits, Copyright Levon Biss 2021
A maior semente do mundo, o coco-do-mar, é lendária entre as plantas. Ela pode pesar mais de 22 quilogramas e medir até um metro de circunferência, e antes de ser descoberto que a semente crescia em palmeiras nativas das Seychelles, os marinheiros que viram uma delas à deriva no Oceano Índico pensaram que vinha de árvores subaquáticas míticas – daí o nome, que na língua nativa de sua origem é “coco de mer”.
Sua raridade e formato sugestivo levaram a tornaram ainda mais folclórica. As pessoas acreditavam que ela tinha incríveis poderes de cura e que era fruto de complexos rituais de acasalamento – entre árvores! –, que só aconteciam nas noites de tempestade.
Como resultado, tornou-se um bem valioso para a realeza e os ricos.
Hoje, as lendas foram abandonadas há muito tempo, mas o coco-do-mar – também conhecido como coco duplo ou Lodoicea maldivica – ainda é muito procurado e atinge preços elevados nos antiquários. No entanto, a colheita excessiva e a caça furtiva colocaram a espécie em perigo, com apenas 8.000 palmeiras maduras encontradas na natureza, exclusivamente em duas ilhas.
“O coco foi comercializado durante séculos, mas agora está proibido”, diz Martin Gardner, botânico do Royal Botanic Garden em Edimburgo, na Escócia. “Está em uma lista especial junto com presas de elefante, chifres de rinoceronte e pangolins, assim como muitas outras plantas.”
Uma nova face do coco-do-mar está em exibição agora, como uma das 100 sementes e frutos que foram especialmente selecionados no herbário do Jardim Botânico Real, no Reino Unido, pelo fotógrafo Levon Biss, em colaboração com os botânicos da instituição. Biss então os fotografou para uma exposição e um livro, usando uma técnica especial que quase os faz parecer obras de arte.
Ao mostrar detalhes que normalmente ficam ocultos a olho nu, Biss espera chamar a atenção para a beleza dessas maravilhas naturais.
Um processo meticuloso
Para conseguir o visual, Biss usou um processo chamado empilhamento de fotos. Normalmente, ele diz, “quando você trabalha em uma ampliação maior, há menos imagem em foco. Você pode ter esse tipo de sensação se fechar um olho e olhar para o objeto em primeiro plano: todo o resto no fundo será completamente fora de foco.”
O empilhamento de fotos resolve esse problema, fazendo com que o objeto – que pode ser muito pequeno, como é o caso da maioria das sementes – apareça uniformemente no foco, embora tenha sido fotografado bem de perto.
“Eu coloco minha câmera em um trilho e posso automatizar esse trilho para avançar em incrementos. A câmera tira uma foto, se move talvez um milímetro, tira outra foto. Isso me fornece uma grande pilha de imagens, cada um com uma pequena parte do foco. Então, eu os espremo e é assim que posso obter todos os detalhes”, afirmou Biss.
Não foi uma tarefa fácil, pois cada imagem é composta por até 150 fotografias individuais, e foi o resultado de um meticuloso processo de seleção: “Em seis meses passamos por milhares e milhares de caixas e depois por dezenas de milhares de espécimes, para tentar encontrar aqueles que eram visualmente intrigantes e tinham uma história interessante por trás deles”, disse ele.
Uma corrida contra o tempo
As sementes e frutos selecionados são uma fração minúscula dos três milhões de espécimes alojados no herbário do Jardim Botânico Real britânico, dos quais o mais antigo data de 1697. “O que é realmente interessante é que o fotógrafo não os escolheu de um ponto de vista ambiental e, no entanto, é incrível como muitas dessas plantas estão realmente ameaçadas. Na verdade, acho que é assustador”, explicou Gardner.
Os exemplares conservados no herbário são utilizados para pesquisas, com o objetivo final de identificar cada um e nomear novas espécies. “Há uma ligação integral entre o que chamamos de taxonomia, ou nomenclatura de espécies, e conservação. Se uma planta não tem um nome, você não pode conservá-la”, disse.
Ele acrescenta que o Jardim Botânico Real classifica cerca de seis novas espécies a cada mês, e que muitos dos espécimes no arquivo ainda não têm um nome. Muitos podem já estar extintos, porque a instituição ainda trabalha com materiais recolhidos há quase 100 anos.
“É uma corrida contra o tempo no momento, e está se tornando cada vez mais urgente por causa da ameaça global a muitas espécies. Muitas plantas desapareceram nos incêndios florestais da Amazônia, por exemplo, antes mesmo que pudéssemos nomeá-la – estavam guardadas em um herbário em algum lugar, esperando serem identificadas”, afirmou.
Chamar a atenção para as sementes e plantas é essencial para direcionar os esforços de conservação para elas. “A única coisa que temos a nosso favor é o fato de que, sem plantas, nada mais sobreviveria. Precisamos de plantas para o oxigênio, para 80% dos nossos medicamentos, para grande parte da nossa alimentação e para as roupas que vestimos”, reiterou Gardner.
“O futuro depende de como venderemos esse ponto ao público. E é muito difícil passar essa mensagem”, acrescentou. “Acho que temos que fazer melhor.”
Biss espera que suas fotos ajudem. “Meu trabalho é como uma ferramenta educacional”, diz o fotógrafo. “Estou curioso sobre o que não consigo ver – e as sementes, quando você olha para elas em uma escala macro, são espetaculares. Se estou curioso sobre algo, tenho certeza de que alguém mais por aí deve estar curioso também.”
(Texto traduzido. Leia o original em inglês).