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    Água, urânio, cannabis: fundos temáticos atraem bilhões; veja se valem a pena

    Fundo temático pode reunir ativos de empresas de diferentes setores e países, desde que elas estejam relacionadas a um mesmo tópico ou tendência

    Mitchel Dinizcolaboração para o CNN Brasil Business

    O investidor que aplica em fundos de investimento já estava familiarizado com os fundos setoriais, que reúnem empresas de um mesmo segmento. Mas de alguns anos para cá, o brasileiro também passou a poder investir de acordo com temas. Água, genética, energias limpas e até cannabis são alguns dos assuntos da atualidade que foram transformados em opções de investimento. Itaú, Banco Inter, Vitreo e XP Investimentos estão entre os bancos e corretoras que já disponibilizam esse produto aos seus clientes.

    “O fundo temático é uma forma transparente de se posicionar no mercado, olhando para o futuro. Ele requer uma compreensão sobre o impacto da economia de longo prazo, as tendências que são transversais a diversos setores e regiões”, explica Renato Eid, chefe de estratégia e integração ESG da Itaú Asset.

    Isso quer dizer que o fundo temático pode reunir ativos de empresas de diferentes setores e países, desde que elas estejam relacionadas a um mesmo tópico ou tendência. Um fundo cujo tema é energias limpas, por exemplo, pode ter ao mesmo tempo uma empresa mineradora de urânio e uma fabricante de pás eólicas. Se o tema é escassez de água, o fundo pode juntar uma companhia de saneamento com uma empresa que faz o monitoramento de recursos hídricos via satélite.

    “O fundo temático cruza setores em cima de uma tese, como a liberação do uso da cannabis, por exemplo”, afirma Jojo Wachsmann, sócio-fundador da Vitreo.

    A casa de investimentos possui dois fundos sobre o uso legalizado da maconha e seus derivados, como o canabidiol. Um multimercado, que pode ser acessado pelo pequeno investidor, com aporte inicial de R$ 100, e um fundo de ações que aplica 100% dos recursos em ativos no exterior e é restrito a investidores qualificados (com mais de R$ 1 milhão investidos no mercado financeiro).

    Nas carteiras desses fundos estão empresas que utilizam a cannabis como matéria-prima e estão no setor têxtil, de cosméticos e bebidas, por exemplo. Também tem cotas de fundos imobiliários que investem em estruturas para o cultivo da planta. Juntos, os dois fundos de cannabis já receberam mais de R$ 250 milhões em aportes dos investidores.

    Patrimônios bilionários

    O patrimônio dos 27 fundos temáticos disponibilizados pela Vitreo passa dos R$ 2 bilhões. No Itaú, são 11 fundos divididos por temas, com aproximadamente R$ 1,3 bilhão investido. Recentemente, o banco lançou um fundo “multitemático”, focado simultaneamente em tecnologia, saúde, sociedade e meio ambiente. O público-alvo é de investidores qualificados, mas o investimento inicial cabe no bolso dos pequenos: apenas R$ 1.

    “Ao mesmo tempo que temos investidores que querem um tema específico, outros não sabem qual comprar. Então estruturamos um fundo para contemplar a todos”, afirma Renato Eid, da Itaú Asset.

    Recentemente, o Banco Inter anunciou uma família de fundos voltada para grandes tendências de mercado, com investimentos em áreas como biotecnologia, digitalização, cidades inteligentes, energia limpa e robótica. Também oferece uma carteira temática em cannabis, com investimento inicial a partir de R$ 100.

    A XP Investimentos também possui uma linha de fundos “trend”, com temas como água, energias renováveis e saúde global.

    A carteira dos fundos temáticos geralmente acompanha a composição de índices de ações no exterior e também podem ser disponibilizados como ETFs (fundos de índice). “São empresas que já estão listadas em Bolsa, mas que até então não eram trazidas de forma transparente ao investidor brasileiro”, afirma Eid.

    Dólar e legislação são riscos

    Ainda que possam ser acessados com pouco dinheiro, os fundos temáticos são indicados para aplicações de médio e longo prazo e é para o investidor que quer diversificar. Além do risco da renda variável, existe também a possibilidade de perdas com a oscilação do dólar, já que a grande maioria das empresas que compõem esses fundos tem ações negociadas no exterior.

    “O fundo sofrerá não só com a volatilidade do ativo, mas também com a desvalorização cambial, caso não esteja previsto em seu regulamento o hedge cambial [operações para se proteger da oscilação do câmbio]”, afirma a planejadora financeira Paula Sauer.

    Ela lembra que, até pouco tempo atrás, esses fundos só eram acessíveis a investidores qualificados justamente por conta da forte oscilação de preço dos seus ativos. “Se o seu objetivo conversa com o do fundo, não importa se você é iniciante ou investidor mais maduro”, diz Paula.

    Ainda de acordo com a planejadora financeira, é fundamental conhecer a legislação sobre cada tema, principalmente nos países de origem das empresas negociadas pelos fundos. “Se voltarmos ao canabidiol, nos EUA, em vários estados, já houve legalização do uso da maconha, não só para uso medicinal, mas também recreativo. Porém, uma proibição zeraria todas essas receitas”, conclui Paula.

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