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    Principal preocupação é que ocorram eventuais apagões, diz ex-presidente da Aneel

    Jerson Kelman disse à CNN que ainda não é hora de o país começar um racionamento de energia por causa da crise hídrica

    Produzido por Thiago Felixda CNN , Em São Paulo

    O ex-presidente da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) Jerson Kelman disse, nesta sexta-feira (27), em entrevista à CNN, que a principal preocupação em relação à crise hídrica vivida no país é que em novembro ocorram eventuais apagões.

    A crise hídrica já tem pesado no bolso dos consumidores. Maior responsável pelos aumentos recentes da inflação, a conta de luz subiu 20,1% nos últimos 12 meses, conforme mostrou a analista de economia da CNN Priscila Yazbek.

    Isso porque a crise pela qual o Brasil está passando é mais severa que as outras duas que ocorreram em 2011 e 2014, já que a situação dos reservatórios hídricos é pior. Com a perda da capacidade das hidrelétricas, o sistema, então, depende das usinas termelétricas, que têm um custo bem mais caro de geração.

    Apesar de a crise atual ser pior que outras, temos hoje uma matriz energética mais diversificada. Em 2001, por exemplo, na crise do apagão, nosso sistema de energia dependia 89,6% da energia vinda das hidráulicas, 6% de térmicas e 4,4% de termonuclear.

    Hoje, nossa matriz energética está mais diversificada: as energias eólica e solar, juntas, representam 10% da matriz; a térmica, 17,4%; termonuclear, 2,7%, e 69,9% da hidráulica.

    Segundo Kelman, a situação atual do país é “desconfortável, mas não é desesperadora”. Para o especialista, um racionamento de energia pode ocorrer apenas no pior cenário, mas não é certo.

    Ainda não é hora de começar um racionamento, porque a probabilidade de não precisarmos é muito maior

    Jerson Kelman, ex-presidente da ANA e da Aneel

    Diretriz do governo

    A afirmação de Kelman é semelhante à diretriz do governo federal. O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, reforçou que, apesar das medidas de incentivo à redução de consumo de energia elétrica, não é trabalhada a hipótese de racionamento no momento. Porém, mesmo que essa medida seja necessária, Kelman ressaltou que “não seria muito profunda”.

    A Aneel anunciou nesta sexta-feira (27) a manutenção da bandeira vermelha 2, em vigor desde junho, para o mês de setembro. Esta representa uma cobrança adicional de R$ 9,492 para cada 100 kWh consumidos e é a mais cara das tarifas extras.

    O ex-presidente da agência crê que a bandeira vermelha 2 ficará até novembro, “porque não vamos ter uma surpresa positiva hidrológica até esse período”.

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