Mudança na correção do FGTS prejudicará os mais pobres, afirmam autoridades à CNN
Alteração do rendimento, em julgamento no STF, pode aumentar taxa de juros do financiamento imobiliário
A mudança na correção do FGTS deve prejudicar a população de menor renda do país. Essa é a opinião de autoridades e empresários. A discussão sobre o rendimento do fundo está no Supremo Tribunal Federal (STF).
Hoje, o FGTS rende TR, a taxa referencial, mais 3% ao ano. O que está sendo discutido é que essa correção seja com base em outro indicador que ofereça remuneração maior, como a inflação ou a caderneta de poupança. Só que um aumento do rendimento do fundo encarece esse recurso e, consequentemente, as taxas de juros do financiamento imobiliário que usa o FGTS também aumentam, dificultando o acesso ao crédito imobiliário.
Segundo a vice-presidente de Habitação da Caixa Econômica Federal, Inês Magalhães, caso o rendimento do fundo aumente, os juros do financiamento habitacional vão ficar mais caros.
“Se a mudança no rendimento do fundo for aprovada, a questão é quanto o dinheiro vai custar se tiver que pagar mais recursos para um retorno maior. Hoje, o que o trabalhador recebe a Taxa Referencial (TR), mais 3%. A taxa de um financiamento vai de 4% a 8,25%, dependendo das rendas. Se o gestor do fundo passa a ter que dar um retorno maior, ele terá que aumentar a taxa de juros”, afirmou.
O ministro das Cidades, Jader Filho, enfatizou a importância do fundo como fonte de financiamento para programas habitacionais e disse estar confiante em uma solução negociada. Filho exemplificou o resultado do resultado do FGTS, mostrando que a meta do governo federal é contratar ao menos 2 milhões de unidades habitacionais até 2026.
As autoridades estiveram ontem em um encontro realizado pela Esfera Brasil, no qual também estiveram presentes empresários. Foram debatidos vários temas importantes para a construção civil, como emprego e crescimento do setor.
Na visão do CEO da MRV&CO, Eduardo Fischer, é preciso considerar as consequências da mudança do rendimento do FGTS. “O impacto, se a decisão vier do jeito que está sendo desenhada, não vai ser pequeno e será muito alto nas famílias de baixa renda, que hoje tem a condição de comprar um imóvel. Se a condição de crédito dela mudar, podem perder essa condição”, disse.
Ainda segundo o CEO da MRV&CO, além desta questão social, outros setores da economia também seriam impactados com a mudança da remuneração do FGTS. “A construção civil gera quase 3 milhões de empregos e isso pode mexer com a vida destes trabalhadores, cortando alguns postos de trabalho. Então, esse debate deve ser bem aprofundado.”
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, enfatizou que é fundamental manter da melhor forma o uso do fundo de garantia como principal meio do trabalhador adquirir sua casa própria. “É importante chegar na melhor política habitacional, principalmente no uso do FGTS nos financiamentos imobiliários.”