Alvos de operação da PF, empresas movimentaram R$ 40 bilhões em 6 anos
Durante a operação, foram apreendidos R$ 150 milhões em criptoativos, na maior apreensão de criptomoedas já realizada no Brasil; cinco pessoas foram presas e quatro estão foragidas
As empresas que se tornaram alvos de uma operação da Polícia Federal (PF) que investiga esquema de pirâmide movimentaram cerca de R$ 40 bilhões nos últimos seis anos, segundo fontes da PF. Como referência, o valor é maior que todo o orçamento aprovado para a cidade do Rio de Janeiro em 2021: R$ 31,2 bilhões.
Batizada de Kryptos, a operação deflagrada nesta quarta-feira (25) teve apoio da Receita Federal e do Ministério Público Federal (MPF). O objetivo dos agentes era desarticular a organização criminosa que prometia lucros incompatíveis com o mercado financeiro por meio do investimento em bitcoins, as moedas virtuais.
Se somado e aplicado apenas com a rentabilidade da caderneta de poupança, todo esse valor movimentado pelas empresas geraria o equivalente a R$ 986 milhões por mês, sem novos aportes. Boa parte das transações analisadas na investigação ocorreu nos últimos 12 meses, quando a movimentação alcançou mais de R$ 15 bilhões.
Durante a operação, foram apreendidos R$ 150 milhões em criptoativos, na maior apreensão de criptomoedas já realizada no Brasil. O valor foi depositado em juízo, na Caixa Econômica Federal, e ficará em custódia judicial até o fim do processo. Também foram apreendidos cerca de R$ 19 milhões em espécie, 21 veículos de luxo, relógios de alto luxo e joias, além de valores em moeda estrangeira e documentos.
A operação prendeu cinco pessoas. Entre elas, o empresário Glaidison Acácio, dono de uma consultoria de bitcoins em Cabo Frio, na Região dos Lagos. Ele foi encontrado em uma mansão na Barra da Tijuca, zona oeste da capital. Fontes ouvidas pela CNN mostraram que, ao chegar à sede do Departamento de Polícia Federal, Acácio se espantou: “Eu vou ficar numa cela?”, questionou.
Relatos de agentes mostram que advogados levaram sanduíches de uma conhecida rede de fast food para o cliente na unidade. Dos outros quatro presos, dois foram detidos no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, os outros dois em Cabo Frio.
A promessa do grupo para atrair investidores era de lucros entre 10% e 15% do valor investido. Das nove pessoas que tiveram mandado de prisão expedido, de acordo com o balanço divulgado pela PF nesta quarta-feira, cinco já foram presas e outras quatro estão foragidas.
Segundo o órgão, já se sabe que duas delas estão fora do país, e outras duas estão escondidas em estados do Nordeste.
A defesa de Acácio se posicionou por meio de nota. “A defesa de Glaidson Acácio está ciente da prisão e até o momento sem acesso ao conteúdo das investigações. Apenas após a devida análise de toda documentação é que poderemos nos manifestar de forma concreta”, diz a nota assinada pelo advogado Thiago Minagé. A audiência custódia do empresário está prevista para essa quinta-feira (26).