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    Ameaças do Estado Islâmico geram apelo para evacuação do aeroporto de Cabul

    'A ameaça é crível, é iminente, é letal', disse ministro britânico. Forças estrangeiras correm contra o tempo para a evacuação final do Afeganistão

    Reuters

    Os Estados Unidos e aliados pediram às pessoas que saíssem do aeroporto de Cabul na quinta-feira (26) devido à ameaça de um ataque terrorista por militantes do Estado Islâmico (EI), enquanto tropas ocidentais se apressam para evacuar o maior número possível de pessoas antes do prazo de 31 de agosto

    A pressão para concluir a evacuação de milhares de estrangeiros e afegãos que ajudaram os países ocidentais durante a guerra de 20 anos contra o Talibã se intensificou, com todas as tropas americanas e aliadas deixando o aeroporto na próxima semana.

    Em um alerta emitido na noite de quarta-feira (25), a embaixada dos EUA em Cabul aconselhou os cidadãos a evitarem viajar para o aeroporto e disse que aqueles que já estavam nos portões deveriam partir imediatamente, citando “ameaças à segurança” não especificadas.

    Em um comunicado semelhante, o Reino Unido disse às pessoas na área do aeroporto para saírem de lá e seu ministro das Forças Armadas, James Heappey, disse que a inteligência de um possível ataque suicida por militantes do EI se tornou “muito mais sólido”.

    “Não consigo enfatizar o suficiente o desespero da situação. A ameaça é crível, é iminente, é letal. Não estaríamos dizendo isso se não estivéssemos genuinamente preocupados em estarmos oferecendo ao Estado Islâmico um alvo que é simplesmente inimaginável”, disse Heappey à rádio BBC.

    A Austrália também emitiu um alerta para as pessoas ficarem longe do aeroporto, enquanto a Bélgica encerrou suas operações de evacuação por causa do perigo de ataque. O governo holandês também emitiu um alerta e disse que espera que seu último voo de evacuação seja na quinta-feira, deixando para trás alguns que são elegíveis para viajar para a Holanda.

    Um diplomata ocidental em Cabul disse que as áreas fora dos portões do aeroporto estavam “incrivelmente lotadas” novamente, apesar dos avisos.

    O Talibã, cujos combatentes guardam o perímetro de fora do aeroporto, são inimigos da afiliada afegã do Estado Islâmico, conhecida como Estado Islâmico Khorasan (ISIS-K), por causa de um antigo nome da região.

    “Nossos guardas também estão arriscando suas vidas no aeroporto de Cabul, eles também enfrentam uma ameaça do grupo do Estado Islâmico”, disse um oficial do Talibã, que falou sob condição de anonimato.

    Os avisos surgiram em um cenário caótico na capital, Cabul, e em seu aeroporto, onde uma grande ponte aérea de estrangeiros e suas famílias, bem como de alguns afegãos, está em andamento desde que o Talibã capturou a cidade em 15 de agosto.

    Enquanto as tropas ocidentais no aeroporto trabalhavam febrilmente para realizar a evacuação o mais rápido possível, milhares de pessoas ainda se aglomeravam do lado de fora, tentando fugir em vez de ficar em um Afeganistão governado pelo Talibã.

    Ahmedullah Rafiqzai, um oficial da aviação civil no aeroporto, disse que as pessoas continuaram a se aglomerar em torno dos portões, apesar dos avisos de ataque.

    “As pessoas não querem sair (do aeroporto), sua determinação de deixar este país é tanta que não tem medo de morrer”, disse ele à Reuters.

    Foco para mudar tropas

    Um diplomata da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) disse que, embora o Talibã seja responsável pela segurança fora do aeroporto, as ameaças do Estado Islâmico não podem ser ignoradas.

    “As forças ocidentais, sob nenhuma circunstância, querem estar em posição de lançar uma ofensiva ou um ataque defensivo contra qualquer um”, acrescentou o diplomata.

    Não se sabe ao certo quantas pessoas que desejam viajar, mas uma autoridade ocidental disse que cerca de 1.500 portadores de passaportes e vistos dos EUA estão tentando chegar ao aeroporto.

    A Casa Branca disse que o presidente Joe Biden foi informado na quarta-feira sobre a ameaça do grupo ISIS-K, bem como sobre os planos de contingência para a evacuação.

    Biden ordenou que todas as tropas saiam do Afeganistão até o final do mês para cumprir um acordo de retirada com o Talibã, apesar dos aliados europeus afirmarem que precisam de mais tempo para retirar as pessoas.

    Nos 11 dias desde que o Taleban invadiu Cabul, os Estados Unidos e seus aliados organizaram uma das maiores evacuações aéreas da história, trazendo mais de 88.000 pessoas, incluindo 19.000 na terça-feira. Os militares dos EUA afirmam que os aviões decolam aproximadamente a cada 39 minutos.

    O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que pelo menos 4.500 cidadãos americanos e suas famílias foram evacuados do Afeganistão desde meados de agosto.

    Fuga

    Os militares dos EUA disseram que mudariam seu foco para evacuar suas tropas nos últimos dois dias antes do prazo final de 31 de agosto.

    O Talibã disse que as tropas estrangeiras devem sair até o final do mês. Eles encorajaram os afegãos a ficar, enquanto afirmam que aqueles com permissão para sair ainda terão permissão para fazê-lo assim que os voos comerciais forem retomados após a partida das tropas estrangeiras.

    O regime do Talibã de 1996-2001 foi marcado por execuções públicas e pela restrição das liberdades básicas. As mulheres foram proibidas de ir à escola ou ao trabalho. O Talibã disse que respeitará os direitos humanos e não permitirá que terroristas operem a partir do país.

    O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, disse que os governos do grupo das 20 maiores economias devem se comprometer em garantir que as liberdades fundamentais e os direitos básicos das mulheres sejam preservados.

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