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    Urna eletrônica e voto impresso não se misturam, diz ex-presidente do STF e TSE

    Carlos Ayres Britto explicou que testou eficiência do sistema da urna eletrônica enquanto era presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2008

    Douglas PortoJuliana Alvesda CNN , em São Paulo

    O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Carlos Ayres Britto, disse em entrevista à CNN, nesta quarta-feira (25), que a urna eletrônica e o voto impresso não podem se misturar. A Proposta de Emenda à Constituição 135/19, conhecida como PEC do voto impresso, amplamente defendida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), foi rejeitada na Câmara dos Deputados em 10 de agosto.

    Foram 229 votos favoráveis, 218 contrários e uma abstenção. Como não obteve os 308 votos necessários para ser votada em segundo turno, a PEC foi arquivada.

    “A urna eletrônica assegura o respeito e sigilo a cláusula pétrea do sigilo do voto. É auditável eletronicamente. Ela não tem nada a ver com o voto impresso. Porque o voto impresso se viabiliza por máquinas impressoras. E as máquinas impressoras seguem uma tecnologia de retaguarda que é eletromecânica ao passo que a urna eletrônica é outra tecnológica muito mais avançada. Urna eletrônica e voto impresso são como água e óleo não se misturam”, disse Ayres Britto.

    “Eu me lembro quando me estive na presidência [do TSE] inaugurei uma prática boa os testes públicos de segurança, em 2008, nós convocamos os ‘experts’ em informática, inclusive hackers para que contribuíssem para o aperfeiçoamento da urna eletrônica ou mostrassem pontos de fragilidade de modo a comprometer o sigilo do voto. E inclusive oferecemos para quem contribuísse para essa forma de um jeito ou de outro. É possível aperfeiçoar a urna eletrônica. Substituir e mesclar tecnologicamente com o voto impresso é uma temeridade”, continuou.

    Bolsonaro passou a criticar o atual presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, dizendo que ele “presta um desserviço para a população brasileira” e que estava “querendo impor a sua vontade” ao se colocar contra o voto impresso.

    O TSE entrou com uma notícia-crime no STF contra Bolsonaro por uma live em suas redes sociais na qual novamente atacou o processo eleitoral brasileiro. Ele é acusado de propagar notícias falsas e atacar as instituições democráticas do país, principalmente Barroso. No dia 12 de agosto foi acolhida a segunda notícia-crime contra o presidente por causa da divulgação nas redes sociais de um inquérito sigiloso do tribunal eleitoral, que apura invasão nos sistemas da Corte.

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