Unicef diz que alguns líderes do Talibã ‘querem ver a educação das meninas’
Quando o Talibã governou o Afeganistão pela última vez, de 1996 a 2001, meninas não podiam frequentar escolas; ascensão do grupo ameaça direitos das mulheres
17/08/2021 às 13:51
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Alguns líderes do Talibã disseram que “querem ver a educação das meninas” durante conversa com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e organizações parceiras, relatou o chefe de operações de campo do Unicef, Mustapha Ben Messaoud, nesta terça-feira (17).
As mensagens do Talibã são “mais ou menos iguais”, mas com “pequenas diferenças”, especialmente em termos de educação das meninas, disse Messaoud a repórteres durante uma coletiva de imprensa da Organização das Nações Unidas (ONU).
“Há áreas, partes do país, onde nos disseram que estão esperando a orientação de suas lideranças, religiosas e políticas. Em outros lugares, eles disseram que querem ver a educação das meninas e as escolas em funcionamento”, relatou.
De acordo com Messaoud, oficiais do Talibã mantiveram conversas com o Unicef e organizações parceiras em vários escritórios regionais no Afeganistão nos últimos dias.
Abordando a possibilidade das trabalhadoras de ajuda humanitária e funcionárias afegãs continuarem em suas funções, Messaoud disse que o Talibã deu “respostas mistas e comedidas”. O Unicef, segundo seu representante, está “cautelosamente otimista”.
Quando o Talibã governou o Afeganistão pela última vez, de 1996 a 2001, as meninas não podiam frequentar escolas, mulheres não podiam trabalhar e para sair de casa tinham que cobrir o rosto e estar acompanhadas por um parente do sexo masculino.
As mulheres que infringiam essas regras às vezes sofriam humilhações e espancamentos públicos pela polícia religiosa do grupo sob a interpretação estrita da lei islâmica – a sharia.
Escritórios do Unicef estão operando
Pelo menos 11 dos 13 escritórios de campo do Unicef no Afeganistão permaneceram em operação desde que o Talibã assumiu o Cabul, capital do Afeganistão. A organização atualmente tem atuado na “maioria dos lugares” do país.
“Metade da população – mais de 18 milhões de pessoas, incluindo quase 10 milhões de crianças – precisa de ajuda humanitária”, disse Messaoud ao mencionar que a necessidade de ajuda humanitária se espalha pelo país.
Messaoud revela também que o Unicef e seus parceiros estão em “discussões contínuas” com o Talibã e estão “bastante otimistas” sobre o relacionamento futuro, com base nas discussões mantidas nos escritórios de campo do Unicef. “Não temos um único problema com o Talibã nesses escritórios de campo.”
(Este texto é uma tradução. Para ler o original, em inglês, clique aqui)