Malala: ‘Estou profundamente preocupada com as mulheres afegãs e as minorias’
Ativista paquistanesa pediu ajuda a outros países para que os cidadãos do Afeganistão possam obter refúgio e ajuda humanitária
A ativista paquistanesa Malala Yousafzai, ganhadora do prêmio Nobel da Paz, usou as redes sociais neste domingo (15) para falar sobre a tomada de Cabul pelo Talibã. O grupo tem feito grandes avanços na última semana, tem o controle de metade das capitais de província do Afeganistão e, hoje, tomou o palácio presidencial, localizado na capital Cabul.
Por meio do Twitter, a ativista pela Educação afirmou estar “profundamente preocupada com as mulheres afegãs, as minorias e os defensores dos Direitos Humanos”. Ela pediu ajuda a outros países para que os cidadãos do Afeganistão possam obter refúgio e ajuda humanitária.
“Assistimos em completo choque enquanto o Talibã assume o controle do Afeganistão. Estou profundamente preocupada com as mulheres, as minorias e os defensores dos Direitos Humanos. As potências globais, regionais e locais devem exigir um cessar-fogo imediato, fornecer ajuda humanitária urgente e proteger refugiados e civis”, escreveu a ativista.
We watch in complete shock as Taliban takes control of Afghanistan. I am deeply worried about women, minorities and human rights advocates. Global, regional and local powers must call for an immediate ceasefire, provide urgent humanitarian aid and protect refugees and civilians.
— Malala (@Malala) August 15, 2021
Atualmente, Malala, de 24 anos, é um dos principais nomes pelo acesso universal à Educação e pela emancipação das mulheres. Aos 14, porém, ela era apenas mais uma jovem paquistanesa que lutava por seu direito ao ensino quando foi atingida por um tiro na cabeça – disparado por integrantes do Talibã.
Neste domingo (15), a representante da Juventude Afegã para as Nações Unidas, Aisha Khurram, relatou que professores já se despedem de suas alunas mulheres diante do avanço do Talibã no Afeganistão.
“Alguns professores se despediram de suas alunas quando todos foram evacuados da Universidade de Cabul esta manhã. E talvez não vejamos nossa formatura como milhares de alunos em todo o país”, escreveu no Twitter.
Segundo Aisha, o grupo está espalhado por toda Cabul. “Os afegãos não mereciam isso.”
Some teachers said goodbyes to their female students as everyone was evacuated from Kabul University this morning… and we might not see our graduation like thousands of students around the country.
Taliban are placed all over the city, just waiting for the right time…
— Aisha Khurram (@AishaKHM) August 15, 2021
Conforme o Talibã avança, mulheres são orientadas a sair de suas casas usando burca e professores homens são orientados a ensinar meninos enquanto professoras devem ensinar meninas pelo viés religioso. O grupo é contrário ao que classifica como uma “educação ocidentalizada”.
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Atentado do Talibã contra Malala no Paquistão
Em 2012, aos 14 anos, Malala foi atingida por um tiro na cabeça enquanto estava dentro de um ônibus escolar na cidade de Mingora, a cerca de 200 quilômetros do Paquistão, país vizinho ao Afeganistão – o tiro foi disparado por integrantes do Talibã que estava em incursão no local.
Após ser atingida na cabeça, Malala foi levada em estado grave a um hospital da capital Islamabade e, em seguida, foi transferida a Londres, no Reino Unido – país onde vive até os dias de hoje. A jovem foi tratada no hospital Queen Elizabeth, especialista em grandes traumas, em Birmingham.
Ela foi a pessoa mais jovem a receber o prêmio Nobel da Paz, em 2014. Em 2020, Malala se formou em Filosofia, Política e Economia pela tradicional Universidade de Oxford.
(Com informações de Clarissa Ward, Brent Swails e Tim Lister, da CNN)