Cinco dicas para começar a namorar na era digital
A necessidade de amar é a mesma através dos séculos, mas os apps de namoro revolucionaram a busca por um par.
Os seres humanos têm uma predisposição para amar, de acordo com a antropóloga biológica Dra. Helen Fisher. Ela é pesquisadora sênior no Instituto Kinsey e passou grande parte de sua carreira estudando o amor e o apego.
Esse impulso é tão essencial e está tão profundamente arraigado em nossos cérebros, disse Fisher, que na verdade reside bem ao lado dos circuitos que controlam algumas de nossas funções mais básicas.
“A pequena fábrica que produz a dopamina que proporciona a sensação de amor romântico — chamada área tegmental ventral ou ATV — fica bem ao lado da fábrica que coordena a sede e a fome”, ela disse ao Dr. Sanjay Gupta, no podcast “Chasing Life”, da CNN Audio.
“Está muito abaixo do córtex onde ocorre o pensamento, muito abaixo das áreas límbicas com as emoções. Está em uma região cerebral básica ligada ao impulso, ao desejo, ao foco, à motivação, ao otimismo”, disse Fisher. “Sede e fome mantêm você vivo hoje. O amor romântico impulsiona você a formar uma parceria e enviar seu DNA para o futuro.”
Embora nossa necessidade de amor possa não ter mudado em centenas de milhares de anos, as ferramentas para encontrá-lo mudaram, especialmente com o surgimento dos aplicativos de namoro.
Em 2005, a Match.com contratou Fisher para desvendar o mistério de por que as pessoas são atraídas por outras específicas e como prever isso. E ela usou a ciência para fazer isso, conduzindo ressonâncias magnéticas funcionais para investigar profundamente os sistemas neurais associados a esses estados.
“Eu e meus colegas colocamos mais de 100 pessoas no scanner cerebral usando fMRI e estudamos o circuito cerebral do amor romântico e do apego”, ela disse. Ela focou em quatro sistemas cerebrais: dopamina, serotonina, estrogênio e testosterona.
Com base nesse trabalho, ela desenvolveu o Inventário de Temperamento de Fisher — um teste de personalidade que pontua os participantes com base nesses quatro sistemas cerebrais e os mapeia para traços de personalidade, classificando as pessoas em categorias de exploradores, construtores, negociadores e diretores.
Depois, Fisher usou as informações para descobrir quem era atraído por quem. A ideia era que saber sua categoria poderia ajudar a decifrar melhor o tipo de pessoa com a qual você poderia ser mais compatível.
Então, a atração, o desejo e a compatibilidade realmente podem ser previstos pelos algoritmos usados pelos aplicativos de namoro?
“É tão complicado, mas a conclusão é que vemos padrões”, disse Fisher. “Há padrões de personalidade, padrões de natureza, padrões de cultura. E sim, eu acredito que posso ao menos apresentar alguém a alguém que seja uma melhor possibilidade.”
Fisher ofereceu estas dicas para aumentar suas chances de encontrar essa “melhor possibilidade” ao deslizar o dedo no aplicativo.
Entenda o propósito do aplicativo
Esses aplicativos não são exatamente aplicativos de namoro.
“Tudo o que eles fazem é te apresentar. É só isso que eles fazem”, disse Fisher, acrescentando que prefere chamá-los de aplicativos de “apresentação”, mas admite brincando que o termo provavelmente não vai pegar. “E então cabe a você sair, conhecer a pessoa. E o cérebro humano é — nós somos — construídos para tentar descobrir quem alguém é.”
Menos é definitivamente mais
Não exagere no aplicativo. Seu cérebro não foi feito para isso.
“O cérebro, como você sabe, é construído para lidar com cerca de cinco a nove escolhas”, disse Fisher. “E então é sobrecarga cognitiva — ou o que é chamado de paradoxo da escolha — e você não escolhe nada. Você apenas fica sobrecarregado e não escolhe nada.”
Ela aconselhou: “Depois de ter conhecido nove pessoas — e eu quero dizer conhecido, seja através de videochamadas ou pessoalmente — pare, saia do site.”
Arrisque-se
Seja pessoalmente ou através de videochamadas, conheça melhor pelo menos uma dessas cinco a nove pessoas.
“Há bons dados psicológicos de que quanto mais você conhece alguém, mais você pode gostar dessa pessoa e mais você pode pensar que ela é como você”, disse ela.
Há 12 anos, Fisher conduz o estudo “Singles in America”, uma pesquisa baseada nas atitudes e comportamentos de uma amostra demograficamente representativa de 5.000 solteiros dos Estados Unidos entre 18 e 98 anos, financiada pela Match.
Ela contém a pergunta: Você já conheceu alguém que inicialmente não achou atraente e eventualmente se apaixonou por essa pessoa?” Todo ano isso aumenta. No ano passado, 49% disseram ‘Sim’. Eles inicialmente saíram com alguém que não acharam atraente e eventualmente… se apaixonaram loucamente por eles”, disse ela. “Você tem que dar uma chance ao cérebro.”
Encontre motivos para dizer “sim”
Resista à tendência de lembrar do negativo em vez do positivo.
“O cérebro é construído para lembrar do negativo”, disse Fisher, chamando isso de mecanismo de sobrevivência. “Então, quando você entra nesses sites de apresentação e acaba de conhecer alguém, você tem pouca informação sobre essa pessoa. Então, você dá muito peso à informação”, disse ela.
“E você vai dizer para si mesmo, ‘Ah, ele gosta de gatos e eu gosto de cachorros. Nunca vai funcionar!’ Ou ‘Ah, ela está usando aqueles sapatos marrons bizarros. Nunca poderia apresentá-la aos meus amigos.'” “Tente pensar em motivos para dizer sim”, disse Fisher.
Não tenha pressa, seja feliz
Dedique tempo para aprender sobre você mesmo e também sobre possíveis parceiros.
“Cada parte do ciclo de vida está desacelerando”, disse Fisher. “A infância está ficando mais longa. A juventude está ficando mais longa. A meia-idade está ficando mais longa. E a vida sênior está ficando mais longa. Elas estão se espalhando.”
Membros da Geração Z e millennials têm adiado o casamento em comparação com gerações anteriores, dando-lhes tempo para descobrir quem são, o que querem e o que não querem, disse Fisher. Ela chamou esse processo de “amor lento”. “Eles têm esse longo período de ‘amor lento’ no qual estão experimentando”, disse ela. “Descobriu-se que quanto mais tarde você se casa, mais provável é que permaneça junto. E é exatamente isso que estamos vendo.”
Madeleine Thompson, da CNN Audio, contribuiu para esta matéria, traduzida por Raquel Cintra Pryzant.