Home office de servidores economizou R$ 1,4 bilhão aos cofres públicos
FGV-Social diz que o setor público foi o que menos ajustou ocupação e salários
O governo federal economizou R$ 1,4 bilhão com o trabalho remoto de servidores públicos desde o início da pandemia da Covid-19. O Ministério da Economia divulgou um levantamento que apontou a redução dos gastos em cinco áreas entre os meses de março de 2020 e junho de 2021, como os pagamentos de como diárias, de passagens e reprodução de documentos.
Mas segundo um estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV-Social), a economia não deve se manter para o próximo ano por conta do retorno presencial das atividades e da manutenção nos gastos fixos, como salários e quadro de funcionários.
A pesquisa apontou que a administração pública foi o setor que teve menos perdas na ocupação e redução nos salários. Ou seja, essa economia não deverá ser mantida quando o trabalho presencial retornar.
O economista Marcelo Nery explica que o corte foi pontual em tempo e em áreas diretamente ligadas à pandemia. “A notícia boa é que se gastou menos nesse período. O setor público foi um dos que mais fizeram trabalho remoto e economizaram com diárias, infraestrutura e locomoção. A má notícia é que não é algo permanente, foi um efeito transitório. Quando a gente olha os gastos fixos, que é o salário e a ocupação, o quadro de servidores não teve ajuste. Foi o setor que menos teve perdas”, alerta Nery.
O pesquisador também chamou atenção para outro fator que contribuirá para o retorno desses gastos: a não adesão do governo a um modelo híbrido de trabalho. Nery compara a situação com o setor privado, que já apresenta interesse em mudanças deste tipo.
“Há um potencial de se buscar economizar com os gastos dos servidores públicos, mas não me parece que esse setor está interessado em analisar e trabalhar para um modelo híbrido eficiente. As empresas privadas me parecem mais atentas a essas mudanças e vão economizar mais.”, pondera o economista.
Secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, Caio Mário Paes de Andrade entende que a manutenção dos eventos online é uma maneira de reduzir despesas de transporta. Ele aponta que despesas com passagens e locomoção representaram um terço da economia feita pela União, somando mais de R$ 500 milhões.
“A experiência com atividades realizadas remotamente em função da pandemia abriu nova perspectiva para repensarmos as formas de trabalho do futuro. Oportunidades nesse sentido foram criadas e devem permanecer no pós-pandemia. É evidente que muitas atividades presenciais vão voltar a ser realizadas quando as restrições sanitárias acabarem, mas a realização de eventos em formato online, por exemplo, é uma realidade que deve continuar gerando economia com deslocamentos, ainda que em menor escala”, destaca Paes de Andrade.
Atualmente, cerca de 190 mil servidores estão trabalhando de forma remota, o que representa aproximadamente 32% do total da força de trabalho do Executivo federal. Nove órgãos completaram o processo de adesão ao teletrabalho: Ministério da Economia; Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade); Escola Nacional de Administração Pública (Enap); Ministério do Desenvolvimento Regional; Ministério da Cidadania; Controladoria-Geral da União (CGU); Advocacia-Geral da União (AGU); Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel); e Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).