‘Riscos de apagão são pequenos comparativamente ao passado’, diz economista
À CNN, especialista em inflação Fabio Romão diz que conta de luz pode sofrer mais aumento em setembro para mitigar consumo
A falta de chuva afeta cerca de 40% do território brasileiro. Especialistas dizem que esta é a mais longa e intensa seca em décadas no país. O Operador Nacional do Sistema (ONS) prevê um nível abaixo de 10% dos reservatórios nos próximos meses. As primeiras consequências da crise hídrica já podem ser sentidas na conta de luz devido ao reajuste das bandeiras tarifárias.
Em entrevista à CNN, o especialista em inflação e economista da LCA Consultores, Fabio Romão, disse que embora o cenário seja grave, os riscos de apagão neste semestre são pequenos. “Os riscos são pequenos comparativamente ao passado, pensando lá no começo do século, 2001.”
Esta previsão se deve, principalmente, a uma melhora na infraestrutura capaz de gerar energia elétrica no país. “Houve uma ampliação importante das redes de transmissão. Eram 70 mil quilômetros lá em 2001, e agora são quase 150 mil”, diz.
Fabio Romão também afirma que a menor dependência da energia hidrelétrica traz mais segurança para o abastecimento. “83% da geração de energia no Brasil estava ligada à hidrelétrica, e agora são 62%. Mudou o mix e isso reduz a chance de racionamento.”
O especialista enumerou uma série de atitudes tomadas pelas autoridades em 2021 para frear o consumo, como aumentar o sobrepreço das bandeiras tarifárias. “Além da gente estar em bandeira vermelha 2, o sobrepreço foi aumentado, ou seja, ao invés de 6,24 reais a cada 100 kwh consumidos, agora são 9,49 reais.”
Para Romão, apesar da sensibilidade ao preço da energia elétrica ser baixa, ou seja, as pessoas não reduzem drasticamente o consumo, ainda assim “acaban diminuindo em alguma medida” e contribuindo para não haver apagão.
Além disso, ele acredita que uma nova taxa adicional na conta de luz deva acontecer no próximo mês. “Isso pode voltar a acontecer em setembro, esta cobrança extra será ainda mais alta visando, evidentemente, mitigar o consumo e, portanto, preservar o sistema.”
Preço de alimentos
O economista explica que o preço dos alimentos, dos bens de consumo e dos serviços serão impactados, com alta nos preços estendendo para 2022.
“A energia está na formação dos preços. Então, além destes custos da energia elétrica residencial, que o consumidor vai sentir diretamente, de modo indireto, ele vai pagar mais caro por outros bens e serviços, já que a energia está na formação destes preços”.