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    Guedes cancela reunião com oposição, e futuro de reforma do IR é incerto

    Fontes da equipe econômica com quem a CNN conversou já admitem que o ministro da Economia anda desanimado com as dificuldades de a matéria ser aprovada

    Larissa Rodrigues e Anna Russi, do CNN Brasil Business, em Brasília

    O ministro da Economia, Paulo Guedes, desfez, durante ligação telefônica na manhã desta sexta-feira (20), convite para que deputados da oposição se reunissem com ele e demais integrantes da equipe econômica para tratar do projeto de lei (PL) que pretende reformar o Imposto de Renda (IR).

    A informação foi confirmada pelo líder da Oposição na Câmara dos Deputados, Alessandro Molon (PSB-RJ), que disse não ter sido comunicado do motivo do cancelamento da reunião marcada para a próxima terça-feira (24).

    Fontes explicaram à CNN Brasil que a desistência de Guedes aconteceu após reclamações de parlamentares ligados ao Centrão. Segundo parlamentares ouvidos pela reportagem, caberia à base governista, bem como a  políticos mais ligados a pautas liberais, definirem juntamente ao Governo Federal o futuro das taxações do Imposto de Renda.

     

    O ministro da Economia convidou Molon para o encontro na última quarta-feira (18), após o presidente da Câmara, Arthur Lira, tentar pautar a votação do PL do imposto de renda em plenário pela terceira vez e não conseguir.

    Fontes da equipe econômica com quem a CNN conversou já admitem que Guedes anda desanimado com as dificuldades de a matéria ser aprovada. Um dos motivos, segundo interlocutores, seria a pressão de investidores que estariam ameaçando transferir seus recursos para o exterior antes do fim deste ano, com a intenção de fugir da taxação sobre dividendos em 2022.

    Em meio a pressões do setor empresarial para a redução e/ou extinção da alíquota sobre dividendos, Guedes chegou a afirmar, durante sessão de debates no Senado realizada nesta sexta-feira (20), que prefere não ter reforma nenhuma do que “piorar” o sistema tributário brasileiro.

    Porém, o presidente da Câmara, que adotou a matéria como sua e tem enfrentado líderes para tentar aprová-la, estaria indignado com a tentativa do ministro em desistir da votação e teria pedido mais duas semanas para negociar o texto entre os deputados.

    Se o governo desistir da reforma do IR, a promessa de Bolsonaro durante campanha à presidência, de corrigir a tabela do imposto de renda, deixará de ser cumprida. Além disso, a taxação de dividendos, prevista na proposta, é uma das apostas da equipe econômica para o aumento de receitas, bem como para o financiamento do novo programa social do governo, o Auxílio Brasil.

    A CNN entrou em contato com a presidência da Câmara e com o ministério da Economia, que não responderam até o fechamento desta reportagem.

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