Parcelar precatórios garantiria folga de R$ 40 bilhões ao governo
Espaço permitiria aumentar valor do novo Bolsa Família, o Auxílio Brasil, mas aumenta risco fiscal
Até uns meses atrás, a equipe econômica contava com uma folga no orçamento de R$ 30 bilhões até o ano que vem. Foi quando chegou o ‘meteoro’ dos precatórios, que de meteoro não tem nada, pois já estavam previstos há dois meses. As despesas estimadas passaram de R$ 54 bilhões para R$ 89 bilhões, uma diferença de R$ 35 bilhões. A folga não só deixou de existir como ficou um buraco de R$ 5 bilhões nas contas.
Com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos precatórios apresentada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o governo garantiria uma folga fiscal de R$ 40 bilhões, abrindo espaço para um Bolsa Família turbinado. As informações são da analista de Economia da CNN Raquel Landim.
Se for confirmado o valor de R$ 300 para o benefício, que representa um aumento de 50% do ticket médio atual, o novo programa social representaria um custo adicional de R$ 25 bilhões e ainda sobrariam R$ 10 bilhões. Mas ainda vem por aí uma reforma no Imposto de Renda, os funcionários públicos já estão pedindo reajuste e Bolsonaro quer desonerar o diesel.
De acordo com Felipe Salto, diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado Federal, em entrevista à CNN Brasil, o parcelamento dos precatórios representa sim um aumento de risco fiscal. “Vai garantir um espaço artificial, porque a despesa só foi empurrada para frente, e vai financiar o Bolsa Família e outras despesas. Isso vai ser visto de uma maneira muito ruim. Despesa a gente tem que pagar.”