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    BRF reverte lucro e tem prejuízo líquido de R$ 199 milhões no 2º trimestre

    A receita líquida proveniente das vendas no período somou R$ 11,637 bilhões, aumento de 27,8% sobre os R$ 9,104 bilhões de igual trimestre de 2020

    BRF
    BRF Foto: Rodolfo Buhrer/Reuters

    Julliana Martins, do Estadão Conteúdo

     A BRF registrou prejuízo líquido de R$ 199 milhões no segundo trimestre de 2021, ante lucro líquido de R$ 307 milhões reportado no segundo trimestre do ano passado, informou a companhia em comunicado no fim da tarde desta quinta-feira (12).

    A receita líquida proveniente das vendas no período somou R$ 11,637 bilhões, aumento de 27,8% sobre os R$ 9,104 bilhões de igual trimestre de 2020. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da BRF alcançou R$ 1,271 bilhão de abril a junho deste ano, alta de 23,2% ante o R$ 1,031 bilhão do mesmo intervalo do ano anterior.

    A margem do Ebitda ajustado foi de 10,9%, ante 11,3% na mesma base comparativa. O Ebitda consolidado ficou em R$ 1,294 bilhão, alta de 10% ante o R$ 1,177 bilhão reportado no ano passado.

    Em comunicado enviado à imprensa, a BRF informou que a dívida líquida ficou em R$ 14,791 bilhões, R$ 527 milhões a menos que o reportado de abril a junho de 2020. Com isso e diante dos efeitos negativos da variação cambial, a companhia encerrou o trimestre com o índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) em 2,73 vezes, contra 2,96 vezes no primeiro trimestre do ano.

    A empresa disse ainda que gerou R$ 660 milhões em caixa operacional no período. Entretanto, o fluxo de caixa livre apontou consumo de R$ 2,168 milhões. Segundo a BRF, “o aumento do custo dos grãos, estoque de produtos acabados e maior volume de vendas aumentaram alocação de capital de giro no trimestre em R$ 218 milhões”. O capex para investimentos, por outro lado, totalizou R$ 882 milhões no trimestre, ante R$ 588 milhões em igual período de 2020.

    Em relação às vendas, no segundo trimestre do ano a BRF comercializou 1,070 milhão de toneladas de produtos, uma queda de 1,6% em comparação com as 1,087 milhão de toneladas de um ano antes.

    No Brasil, o crescimento de 24,8% na receita líquida, que passou de R$ 4,663 bilhões para R$ 5,817 bilhões de um ano para o outro, ajudou a amenizar os efeitos dos custos mais altos de produção, disse a empresa. O maior faturamento foi impulsionado pelo volume comercializado de carne de aves e suínos in natura e produtos processados, que somou 570 mil toneladas, 2,7% a mais na mesma base comparativa. Do total, 84,2% dos produtos vendidos fazem parte do mix de valor agregado, a maior participação já registrada pela empresa. O preço médio dos produtos subiu 21,5% mesmo em uma conjuntura de crise econômica, para cerca de R$ 10,20 o quilo.

    Já no segmento internacional, a receita líquida foi de R$ 5,428 bilhões, alta de 29% sobre o período encerrado em 30 de junho de 2020. O volume de vendas chegou a 499 mil toneladas, aumento de 7,7% em relação às 463 mil toneladas comercializadas um ano antes.

    O preço médio dos produtos em reais cresceu 19,7%, para R$ 10,88 o quilo. O principal destaque é a operação para a Ásia, cuja demanda continua aquecida para aves e suínos. A receita proveniente do mercado asiático aumentou 24,8% no segundo trimestre do ano, para R$ 1,777 bilhão. Segundo a BRF, o continente asiático vem registrando forte recuperação da do consumo, especialmente a China, o Japão e a Coreia do Sul.

    “Na China, a demanda por proteína permanece aquecida, o que se reflete no crescimento de volume tanto para suínos (+11,9%) quanto para frango (+9,5%), na comparação com o segundo trimestre de 2020. Os preços de exportação para China da carne suína também continuam em patamares elevados e com sinais de recuperação da demanda interna, com elevação dos preços em dólares de carne suína em 3,7% versus o primeiro trimestre deste ano”, disse a empresa, em nota.

    Além disso, as exportações diretas da BRF somaram 176 mil toneladas, alta de 23,1%, com receita de R$ 1,550 bilhão, aumento de 61,1%, na comparação anual. Segundo a empresa, isso é reflexo do avanço da demanda internacional, além do hedge cambial de R$ 185 milhões ante o mesmo período do ano anterior.

    Alta de custos de grãos

    Durante a teleconferência de resultados nesta sexta-feira (13), o presidente-executivo da BRF, Lorival Luz, avaliou que é necessário mais tempo para que os preços dos produtos no Brasil reflitam totalmente os custos mais altos dos grãos que pesaram em seus resultados no segundo trimestre.

    O maior exportador de carne de frango do mundo apontou os altos estoques do produto em alguns países, como o Japão, como motivo para não conseguir elevar os preços no mercado brasileiro, onde a companhia realiza a maior parte de suas vendas.

    Com a queda dos estoques globais de carnes, a BRF espera ajustar os preços e recuperar parte das margens perdidas nos próximos trimestres. “O ambiente adverso do ponto de vista da estrutura de custos afetou todas as empresas do setor”, disse Luz.

    Ele afirmou que o aumento nos custos dos grãos foi sem precedentes, reconhecendo que afetou alguns mercados mais do que outros. Nos Estados Unidos, por exemplo, as empresas de alimentos conseguiram repassar mais rapidamente os custos elevados para os preços, mas não foi o caso no Brasil.

    A BRF possui fábricas no Brasil e no Oriente Médio, sendo um dos principais fornecedores globais de alimentos halal. Luz reiterou os planos de instalação de unidades de produção em pelo menos um país da América do Norte, Europa ou até mesmo na China, mas não deu prazo para isso.

    O diretor financeiro da empresa, Carlos de Moura, disse que o aumento do preço do diesel também elevou os custos no Brasil, uma vez que a empresa enfrentou custos de frete mais altos. A BRF afirmou que a pandemia prejudicou seu desempenho financeiro, principalmente no Brasil e nos mercados halal localizados no Golfo Pérsico.

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