Produção industrial fica estável em junho, diz IBGE
No acumulado do primeiro semestre, a produção teve expansão de 12,9%, informou o instituto
A produção industrial brasileira teve variação nula (0%) em junho, após crescer 1,4% em maio, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça-feira (3). No acumulado do primeiro semestre, a produção teve expansão de 12,9%.
Apesar da estabilidade em junho, três das quatro grandes categorias econômicas e a maior parte das atividades investigadas pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM) sofreram queda na produção.
“Em maio, houve uma volta ao campo positivo após três meses de queda, e a indústria igualava o patamar de antes da pandemia, mas esse resultado não revertia as perdas anteriores. Com essa variação nula em junho, o setor permanece no patamar pré-crise, mas no resultado desse mês observa-se uma predominância de taxas negativas entre as atividades industriais”, explica o gerente da pesquisa, André Macedo.
O pesquisador diz ainda que o menor dinamismo do setor está ligado aos efeitos da pandemia.
“Há, no setor industrial, uma série de adversidades por conta da necessidade das medidas de restrição, como a redução do ritmo produtivo, a dificuldade de obtenção de matérias-primas e o aumento dos custos de produção. Pelo lado da demanda, ou seja, observando a economia como um todo, há também uma taxa de desocupação alta, o que traz uma consequência para a massa de salários”, afirmou.
Veículos automotores, reboques e carrocerias lideram quedas
O principal impacto negativo no mês veio de veículos automotores, reboques e carrocerias, que registrou queda de 3,8%. O setor voltou a cair após ter resultados positivos em abril (1,6%) e em maio (0,3%).
“Essa atividade foi muito atingida pelos efeitos da pandemia, na medida que várias montadoras estão fazendo paralisações de seus parques produtivos. Isso explica não só o resultado negativo de junho, mas o movimento de perda mais importante que essa atividade vem mostrando nesse início de 2021”, afirma André.
Outro impacto negativo veio de celulose, papel e produtos de papel, cuja produção caiu 5,3% em junho. É a terceira retração consecutiva do setor,.
“O principal produto nessa atividade é a celulose, que é uma matéria-prima. Em junho, especificamente, houve paralisação em uma unidade produtiva desse setor, o que explica a magnitude de perda que esse ramo industrial teve nesse mês”, afirma o pesquisador.
A produção no setor de produtos alimentícios caiu 1,3% na passagem de maio para junho. Em maio, a atividade teve ganho de 2,9%. “Alguns itens importantes que têm característica de volatilidade muito grande, como é o caso do açúcar, tiveram uma queda maior em junho. Isso pode ter uma relação mais direta com o clima mais seco, que afeta mais a safra e o processamento da cana-de-açúcar”, afirma.
Coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis sobem
O principal impacto positivo no índice de junho em comparação com maio foi de produção, coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (4,1%). No mês anterior, a produção dessa atividade já havia crescido 2,7%.
“São duas expansões em seguida sobre o mês de abril, quando a atividade teve uma queda de 9,9%. É uma melhora de ritmo muito calcada nos derivados do petróleo, como óleo diesel, mas não repõe a perda recente que essa atividade teve”, diz André, ressaltando que o setor está muito relacionado às consequências da pandemia.
“Essa melhora recente também pode estar diretamente associada a um grau maior de flexibilização das medidas de isolamento, com maior número de pessoas vacinadas. Então, há uma tendência ao aumento de mobilidade”, analisa.
Alta de 12,9% no 1º semestre
No acumulado entre janeiro e junho, a produção industrial do país teve alta de 12,9%. Esse resultado positivo atingiu as quatro categorias econômicas e 21 das 26 atividades pesquisadas, informou o IBGE.
A maior influência entre as atividades veio de veículos automotores, reboques e carrocerias, que avançaram 56,9% no período. Outros impactos positivos desse indicador vieram de máquinas e equipamentos (41,5%), metalurgia (26,3%) e produtos minerais não metálicos (31,3%).
Indústria avança 12% na comparação com junho de 2020
Na comparação com junho de 2020, o setor industrial avançou 12%. As principais influências desse resultado foram registradas por veículos automotores, reboques e carrocerias (81,5%), metalurgia (47,7%) e máquinas e equipamentos (52,5%).
As quatro grandes categorias econômicas também tiveram taxas positivas, com destaque para bens de capital (54,8%) e bens de consumo duráveis (31%).