Investimento estrangeiro no Brasil atinge pior patamar dos últimos 12 anos
País sofreu um prejuízo superior a US$ 24 bilhões
Afetados pela pandemia de Covid-19, os investimentos estrangeiros no Brasil atingiram o pior patamar dos últimos 12 anos, tendo registrado valores inferiores aos da crise financeira internacional, em 2008. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (05) pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), ligada às Nações Unidas.
De acordo com o levantamento, o aporte de capital estrangeiro recuou em 35,4% em 2020, primeiro ano da pandemia, quando comparado com o ano anterior. Em valores absolutos, a porcentagem representa uma queda aproximada de US$ 24 bilhões nos investimentos externos.
Professor de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Renan Pieri, disse à CNN que a instabilidade econômica e política foi o principal motivo para a redução dos investimentos estrangeiros em território nacional. De acordo com ele, as pessoas tendem a investir em países com o menor risco possível, como é o caso dos Estados Unidos e os integrantes do bloco europeu.
“Com a pandemia e o aumento da percepção de risco, é possível perceber o dinheiro saindo de países pobres e instáveis, e indo para locais mais ricos onde o investimento é mais seguro, mesmo que a taxa de retorno é menor. Por isso, o Brasil que já vinha em uma situação econômica complicada antes a Covid-19, com a pandemia, percebeu uma grande fuga de capitais”, explicou.
Renan Pieri destaca ainda que o resultado deve gerar uma recuperação mais lenta da economia, o que pode afetar a geração de empregos no país.
“Além do grande desemprego, o Brasil também vê uma queda muito expressiva em investimentos privados, principalmente os estrangeiros. O país, que sempre foi um bom destino para o capital estrangeiro, está ficando para trás. A consequência disso é uma recuperação mais lenta da economia, com a manutenção dos altos índices de desemprego”, finalizou o economista.
Apesar da retração nos investimentos estrangeiros durante a pandemia, o Brasil ainda permanece entre os países que mais recebe estímulos externos.
“O menor aporte foi verificado em todos os componentes do Investimento estrangeiro. Entretanto, essa diminuição não impediu o país de permanecer como o principal destinatário na América Latina e Caribe e como o 11º destinatário no mundo, chegando a ficar em sexto lugar em 2019”, destaca um trecho da Cepal.
O levantamento traz ainda uma visão macro da economia na América Latina. De acordo com os dados, a queda no aporte financeiro externo foi uma realidade em 15 dos 20 países da região, exceto para Bahamas, Barbados, Equador, Paraguai e México.
Ao todo, a América Latina recebeu US$ 105,48 bilhões no ano passado, um valor 34,7% menor do registrado em 2019.