Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    CDBs oferecem retorno de 200% do CDI: veja para quem vale a pena

    Com a Selic a 5,25%, o rendimento das aplicações em renda fixa ficou mais atraente

    Dinheiro
    Dinheiro Foto: Rafael Henrique/Sopa Images/LightRocket via Getty Images

    Mitchel Diniz, colaboração para o CNN Brasil Business, em São Paulo

    Desde que o Banco Central elevou os juros para 5,25%, no último dia 4 de agosto, o rendimento das aplicações em renda fixa ficou mais atraente. Isso acontece porque a maioria desses títulos têm rentabilidade atrelada à taxa básica. Ou seja, aquele dinheiro aplicado em um título do Tesouro Direto, em um CDB (Certificado de Depósito Bancário) e até mesmo na poupança vai render mais.

    Porém, com o mercado projetando inflação acima de 7% em 2021, até os investimentos que rendem 100% do CDI (taxa próxima da Selic), na prática, ficam com rentabilidade negativa. O investidor não perde dinheiro, mas perde poder de compra.

    Corretoras e bancos digitais estão driblando esse problema turbinando o rendimento de seus produtos. Genial Investimentos, Modal Mais e BMG são algumas das casas que entraram na onda das “super rentabilidades”, acompanhando PagSeguro, XP Investimentos e Banco Next, que já tinham CDBs com rentabilidade de 200% do CDI.

    Algumas dessas aplicações, contudo, estão disponíveis apenas para novos clientes, o que deixa clara a estratégia dos bancos e corretoras de ampliar suas bases de investidores.

    “Todo mundo está indo atrás do investidor que está em um banco grande, onde produtos com essa rentabilidade são para poucos”, explica Pedro Barbirato Rosa, diretor de produtos do Modalmais. O banco digital lançou um CDB que paga 200% do CDI, com prazo de três meses. O investidor pode aplicar até R$ 10 mil, mas só consegue resgatar o valor e os rendimentos quando o título vencer.

    Rentabilidade por tempo limitado

    “É uma oferta momentânea, de campanha, que dificilmente vai virar um produto de prateleira. A ideia é que o cliente venha pela rentabilidade do título, para que a gente possa educá-lo financeiramente e ele se sinta preparado para dar um outro passo quando o CDB vencer”, diz o executivo do Modalmais. Além de atrair novos investidores, o banco também quer movimentar a base de clientes que já eram cadastrados, mas estavam inativos.

    Na Genial Investimentos, a bola da vez é um CDB com rentabilidade de 220% do CDI, também com prazo de três meses. A princípio, o título estava disponível apenas para novos clientes, mas as regras mudaram para incluir investidores já cadastrados.

    “Quem já é cliente da Genial vai poder investir no CDB se trouxer novos clientes. E, nesse caso, o limite de investimento vai poder ser maior também”, explica Philip Hime, um dos responsáveis pela área de renda fixa para varejo da corretora. Até então, o investimento máximo permitido para esse CDB era de R$ 10 mil. A liquidez do título é diária, ou seja, o investidor não precisa esperar o vencimento para retirar o dinheiro.

    O Banco BMG também lançou um CDB que rende 200% do CDI e permite investimento de até R$ 100 mil. Apesar de o limite ser maior que o da concorrência, o prazo da rentabilidade é menor. A aplicação rende 200% do CDI somente por trinta dias. Depois disso, cai para 120% do CDI.

    Esse rendimento perde para a inflação, mas ainda assim é bem mais rentável do que a poupança, que remunera 70% do CDI. O BMG vai disponibilizar o título para os seus clientes até esta sexta-feira (20). Veja abaixo quais são os CDBs com “super rentabilidade” disponíveis hoje no mercado.

    E o Imposto de Renda?

    O diretor da Comdinheiro, Filipe Ferreira, chama atenção para a cobrança de Imposto de Renda sobre os rendimentos dessas aplicações. Na renda fixa, o tributo é escalonado e vai de 22,5%, para aplicações de até 180 dias, a 15%, nos investimentos superiores a 720 dias. Como os CDBs de alta rentabilidade têm prazos curtos, de até três meses, a alíquota maior vai ser cobrada.

    “Se o prazo for menor do que 30 dias, ainda tem a cobrança de IOF [Imposto sobre Operações Financeiras]. Isso tem que ser levado em conta ao abrir uma conta em uma corretora só para poder investir nesse tipo de aplicação”, afirma Ferreira.

    Vale a pena investir ou não?

    O planejador financeiro Raphael Carneiro, da Petra Capital, mostra que combinar um CDB de alta rentabilidade com Tesouro Direto pode ser mais rentável do que aplicar apenas no título público.

    Na simulação a seguir, ele usou como exemplo um CDB que rende 200% do CDI, com prazo de três meses, e um título Tesouro Selic. Caso os juros fossem mantidos no atual patamar pelo período de um ano, o resultado seria o seguinte:

    CDB + Tesouro Selic

    Primeiro, o dinheiro seria investido em CDB:

    • Investimento no CDB: R$ 1.000
    • Investimento após três meses: R$ 1.025,27
    • Saldo após IR de 22,5%: R$ 1.019,58

    Depois, o saldo iria para o Tesouro Selic

    • Investimento no Tesouro Selic: 1.019,58
    • Investimento após nove meses: 1.059,47
    • Saldo após IR de 20%: R$ 1.051,49
    Apenas Tesouro Selic
    • Investimento inicial: R$ 1.000
    • Investimento após 1 ano: R$ 1.052,50
    • Saldo após IR de 17,5%: R$ 1.043,31

    Ou seja, combinando o CDB com o título público, cada R$ 1.000 aplicados renderia R$ 51,49 no período de um ano. Aplicando apenas no Tesouro Selic, esse rendimento seria de R$ 43,31.

    “Ainda que a rentabilidade do CDB seja relativa a três meses, pode ser bom para cumprir com um objetivo de curto prazo ou para colocar o dinheiro em outra aplicação depois que o título vencer”, afirma Carneiro.

    O planejador financeiro, porém, recomenda apenas que os CDBs de liquidez diária sejam usados como reserva de emergência. Afinal, esses recursos são utilizados para cobrir imprevistos, como uma situação de demissão ou uma despesa médica que não estava prevista. É um dinheiro que precisa estar disponível.

    “Alguns desses títulos exigem que você fique com o dinheiro parado até o vencimento e na reserva de emergência você não pode ficar com o dinheiro preso”, conclui o planejador.