Médico: ‘É desestimulante ver a flexibilização, ainda mais com a variante Delta’
Marcos Boulos afirma que o ritmo de vacinação contra a Covid-19 'melhorou bastante', mas que a cepa originária da Índia 'preocupa muito'
Produzido por Thiago Felix, da CNN, em São Paulo
18/08/2021 às 09:49
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Não está na hora de flexibilizar as medidas de restrição, principalmente por conta da circulação da variante Delta do coronavírus. Esta é a avaliação do infectologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Marcos Boulos.
À CNN, o médico afirmou que finalmente podemos dizer que o ritmo de vacinação contra a Covid-19 “melhorou bastante”, após um atraso enorme com seu início e com falta de imunizantes. A chegada da cepa originária da Índia, entretanto, “preocupa muito”.
“O nosso país teve um controle anárquico da pandemia, desde a fase inicial, quando precisava ter uma normatização centralizada do governo federal, com protocolos e orientações que podem ser espaçadas para todos os estados, e isso não aconteceu e cada estado fez o que quis”, avaliou Boulos.
“E depois de um número elevadíssimo [de casos] que a gente teve em março e abril [deste ano], com início da redução de casos, as pessoas entraram em euforia, e [as autoridades] começaram a liberar num momento muito difícil. Ainda estamos com muitos casos, e agora com a Delta ocorre o risco de retroceder tudo de novo.”
Para o infectologista e professor, é “muito desestimulante” ver as flexibilizações, com as pessoas próximas umas das outras, sem seguir os protocolos sanitários, como o uso de máscaras e o distanciamento social. Ele lembrou ainda que quanto mais intensa estiver a circulação das pessoas, mais variantes do vírus vão surgir.