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    Estudo aponta relação entre colesterol e doença de Alzheimer

    Técnica de imagem microscópica mostra como o colesterol regula a produção da proteína associada à doença em células cerebrais

    Camila Neumam, da CNN, em São Paulo

    A produção da proteína beta amiloide (Aß) no cérebro, associada ao Alzheimer, está relacionada ao colesterol, segundo imagens microscópicas publicadas em estudo da Scripps Research. O trabalho dos cientistas aumenta a compreensão sobre como a doença de Alzheimer se desenvolve e ressalta o papel, há muito subestimado, do colesterol no cérebro.

    As descobertas também ajudam a explicar porque os estudos genéticos vinculam o risco de Alzheimer a uma proteína transportadora de colesterol chamada apolipoproteína E (apoE). O estudo foi divulgado nesta semana na publicação oficial da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (PNAS). 

    “Mostramos que o colesterol está agindo essencialmente como um sinal nos neurônios que determina quanto de beta amiloide é produzido – e, portanto, não deveria ser surpreendente que o apoE, que carrega o colesterol para os neurônios, influencie no risco de Alzheimer”, diz o coautor sênior do estudo, Scott Hansen, PhD e professor associado do Departamento de Medicina Molecular da Scripps Research, na Flórida (EUA).

    Um tipo de Aß no cérebro de quem tem Alzheimer se reúne em grandes aglomerados ou “placas” – o que atrapalha na transmissão dos sinais nervosos e pode desencadear a perda de memória, uma das características mais proeminentes da doença. No novo estudo, um grupo de pesquisadores examinou de perto a conexão do colesterol com a produção de Aß. 

    Descoberta pode ajudar na prevenção 

    Os cientistas usaram uma técnica de microscopia avançada, chamada imagem de superresolução, em células do cérebro de camundongos geneticamente modificados para produzir Aß em excesso, desenvolver placas de Aß e desenvolver o Alzheimer.

    Após realizarem uma série de experimentos, descobriram que quando a produção de colesterol nos camundongos era desligada, a produção de Aß despencava para níveis quase normais, e as placas de Aß virtualmente desapareciam. 

    Ao confirmar e esclarecer o papel do colesterol na produção de Aß, o estudo sugere que vale a pena explorar o potencial de prevenção da progressão do Alzheimer. Hansen observa, no entanto, que o colesterol é necessário ao cérebro para muitos outros processos, incluindo a manutenção do estado de alerta e cognição normais.

    Seu laboratório descobriu, em um estudo de 2020, que interromper severamente o efeito do colesterol nos neurônios por anestésicos gerais pode induzir à inconsciência. “Não seria possível simplesmente eliminar o colesterol nos neurônios, pois ele é necessário para definir um limite adequado para a produção de Aß e cognição normais”, diz Hansen.

    “Há a sugestão de um mecanismo central, envolvendo o colesterol, que pode ajudar a explicar porque as placas Aß e a inflamação são tão proeminentes no cérebro de quem tem Alzheimer”, completou Hansen.

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