‘Proteção contra Delta só é atingida com duas doses’, diz infectologista
À CNN, infectologista e epidemiologista Carlos Fortaleza explica que flexibilização ampla das medidas restritivas é preocupante
De acordo com um levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), 60% das cidades brasileiras não registraram mortes por Covid-19 na primeira semana de agosto. A queda no número de mortes acontece concomitante ao avanço da vacinação. Por conta do alívio nos índices, gestores estaduais e municipais estão flexibilizando as medidas restritivas.
Em entrevista à CNN, o infectologista e epidemiologista Carlos Fortaleza, professor da Unesp e membro do Comitê de Contingência do Estado de São Paulo, diz estar preocupado com as flexibilizações amplas por conta da variante Delta e do baixo percentual de brasileiros que completaram o ciclo vacinal.
“Está demonstrado que, para a variante Delta, a proteção só é atingida com duas doses da vacina. Então, há uma necessidade de ter muito cuidado com estas aberturas e não ir com muita sede ao pote, sob o risco de termos novos aumentos e ondas da Covid-19″, ressalta.
Fortaleza explica que a maior parte dos imunizantes registrados no mundo são efetivos contra a variante, mas há alguns estudos a serem feitos para garantir a segurança.
“Há pouco conhecimento, ainda, sobre a Coronavac e a vacina de dose única da Janssen contra a variante Delta, mas há bastante conhecimento com a vacina da Moderna, da Pfizer, da AstraZeneca.”
Dessa forma, o epidemiologista leva em conta o que aconteceu em alguns países do mundo, que tiveram que retrair algumas flexibilizações por conta do avanço da Delta.
“É preciso que estas aberturas sejam lentas e tenham pontos de retorno, ou seja, que se nós tivermos novo aumento dos casos e mortes, possam ser feitos alguns fechamentos. Isso é o que temos visto em Israel, Grã Bretanha e Estados Unidos, que voltaram atrás de medidas de flexibilização diante de novos aumentos de casos devido à entrada da variante Delta.”
Carlos Fortaleza defende, também, que as flexibilizações não permitam aglomerações e é contra a suspensão do uso obrigatório de máscaras.