Vacinação contra a Covid é interrompida em três capitais
Diante da escassez de doses da AstraZeneca e para evitar prejuízo à cobertura vacinal, o Ministério da Saúde autorizou a intercambialidade dos imunizantes
Em pelo menos três capitais brasileiras já há registro de falta de imunizantes contra a Covid-19. De acordo com levantamento feito pela CNN Brasil, as prefeituras de Belém, João Pessoa e Maceió tiveram que suspender, nessa quarta-feira (18), a aplicação da primeira ou segunda dose devido à falta de imunizantes.
No Rio de Janeiro, a prefeitura se antecipou e restringiu o uso da vacina da Astrazeneca/Oxford, produzida pela Fundação Oswaldo Cruz, apenas para a aplicação da segunda dose. De acordo com a secretaria municipal de saúde, a quantidade de doses do imunizante da Fiocruz para aplicação da D2 só está garantida até a próxima semana.
Diante da escassez de doses da AstraZeneca e para evitar prejuízo à cobertura vacinal, o Ministério da Saúde autorizou a intercambialidade dos imunizantes (duas doses com vacinas diferentes). Quem tomou a primeira dose do imunizante produzido pela Fiocruz poderá receber a segunda dose da Pfizer.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, há 56,9 milhões de pessoas que precisam voltar para receber a D2 até o fim de setembro. No entanto, a Fiocruz, só consegue entregar nesse período menos da metade desse quantitativo, ou seja, 23,5 milhões de doses.
A previsão inicial, divulgada pela Fundação, era entregar ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) 100,4 milhões de doses do imunizante até julho. Mas devido ao atraso no recebimento do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), que provocou interrupção na linha de produção da vacina, a meta não foi alcançada. Até o dia 13 de agosto, foram entregues 84,5 milhões de doses da vacina ao PNI.
A instituição garante que, com o recebimento de três novos lotes de IFA em agosto e com o recebimento de mais três lotes mensais de IFA de setembro a novembro, será mantida com regularidade a entregas de doses da vacina nos próximos meses. A previsão é de que sejam entregues, por mês, uma média em torno de 18 milhões doses, até o final do ano.
Sobre a intercambialidade das vacinas, o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger, ressalta que no caso da vacina Fiocruz/AstraZeneca, estudos têm apontado para uma persistência maior na resposta imune das pessoas vacinadas com duas doses da vacina Fiocruz/AstraZeneca do que o relatado nos estudos com outros imunizantes. E que de acordo com um estudo, conduzido pela Universidade de Oxford e publicado em junho deste ano na revista científica The Lancet, não há prejuízo em ampliar o intervalo entre a primeira e a segunda dose, em caso de necessidade.
De acordo com essa pesquisa, a primeira dose pode sustentar uma eficácia de 80% por até 10 meses até a segunda dose e que esse intervalo poderia conferir uma resposta imunológica ainda mais robusta após o esquema vacinal completo da vacina de Oxford/AstraZeneca.
Segundo o Ministério da Saúde, 46,5% das doses de vacina contra a covid aplicadas no país foram produzidas pela Fundação Oswaldo Cruz.