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    Ídolo pop na China, Kris Wu é preso após acusações de estupro

    Estudante chinesa de 19 anos acusou o ex-membro da banda EXO de estuprá-la quando ela tinha 17 anos; cantor nega

    Jessie Yeung, CNN

    O ídolo pop da China Kris Wu foi detido pela polícia de Pequim sob suspeita de estupro depois de “seduzir repetidamente mulheres para fazer sexo”, relatou a polícia em um comunicado na noite deste sábado (31).

    O caso contra Wu, de 30 anos – cujo nome chinês é Wu Yifan – ainda está sob investigação, disse a polícia do distrito de Chaoyang, na capital chinesa.

    As alegações surgiram no mês passado no Weibo, uma plataforma de mídia social chinesa, quando uma mulher sob o nome verificado “Du Meizhu” alegou que foi abusada sexualmente quando era estudante na Universidade de Comunicação da China, em Pequim. Ela disse que tinha 17 anos na época da alegada agressão.

    As acusações ganharam mais força depois que ela foi entrevistada pelo 163.com, um grande portal de notícias local. A CNN entrou em contato com os representantes de Wu e aguarda resposta.

    Wu, que nasceu no sul da China, mas é cidadão canadense, negou as acusações em sua conta pessoal no Weibo no mês passado. Ele entrou com uma ação legal contra as acusações, que classifica como “rumores maliciosos”.

    Suas contas de mídia social – antes muito populares, incluindo sua página no Weibo com mais de 51 milhões de seguidores – foram retiradas do ar após depoimentos. A principal agência de aplicação da lei da China, a Comissão Central de Assuntos Políticos e Jurídicos do Partido Comunista, comentou sobre a detenção de Wu neste sábado, em uma publicação no Weibo.

    “Em terras chinesas, é necessário cumprir as leis chinesas. Não erramos. Não fazemos ceder. Tomamos os fatos como base e a lei como critério.”

    Wu alcançou a fama como membro do popular grupo pop coreano-chinês EXO – ele deixou a banda para seguir carreira solo em 2014. O cantor pop estrelou vários filmes e trabalhou como modelo para marcas como Burberry, se tornando um dos principais embaixadores de marcas do país. Mas muitos de seus maiores parceiros de marca foram rápidos em se distanciar de sua imagem à medida que as acusações de estupro se espalhavam.

    A francesa Louis Vuitton, que nomeou Wu como embaixador da marca em 2018, disse à CNN em julho que a empresa suspendeu seu relacionamento com o artista até que as acusações sejam investigadas.

    “A Louis Vuitton leva as recentes acusações sobre o Sr. Kris Wu muito a sério e, como tal, suspende sua colaboração com o artista até que a investigação seja concluída”, disse a agência em um comunicado.

    A marca italiana de luxo Bulgari, a Porsche China e a marca de cosméticos Kans também suspenderam ou romperam completamente os contratos com Wu em julho.

    O cantor Kris Wu
    O cantor Kris Wu durante evento promocional em 28 de maio, em Xangai, na China
    Foto: VCG / VCG via Getty Images

    Movimento #MeToo na China

    Embora algumas pessoas das redes sociais chinesa tenham vindo em defesa de Wu após a notícia de sua detenção, muitos expressaram apoio a Du Meizhu, que denunciou o suposto estupro – bem como ficaram surpresos por Wu ter sido detido, destacando as dificuldades que as vítimas de abuso sexual enfrentam frequentemente para buscar justiça na China.

    “Tenho que agradecer a Du Meizhu”, comentou uma usuária do Weibo. “Estou muito grata a ela por falar pelas mulheres!”

    O movimento #MeToo que se espalhou pelo mundo em 2017 e 2018 destacou os problemas sistêmicos de agressão sexual e a falta de responsabilização para criminosos que possuem um perfil de destaque. 

    Em vários países, as mulheres usaram a hashtag para compartilhar suas próprias experiências de abuso sexual e para exigir mudanças concretas. Na China, os ativistas dizem ter visto alguns sinais de progresso, mas também um retrocesso significativo e pressão para ficar em silêncio. 

    Quando o movimento chegou à China em 2018, um grande número de postagens nas redes sociais discutindo o abuso sexual e #MeToo foram censuradas, e as mulheres que se apresentaram disseram que ainda enfrentavam resistência em nível oficial.

    Em 2018, a estudante da Universidade de Pequim Yue Xin recebeu atenção generalizada depois que os administradores tentaram encerrar uma petição dela e de outros alunos sobre um suposto caso de estupro, gerando indignação significativa.

    Uma mulher que fez acusações contra um proeminente âncora da televisão estatal disse online que ela foi instada pela polícia a retirar sua queixa porque o homem em questão tinha uma “enorme ‘influência positiva’ na sociedade”.

    E embora as pesquisas sugiram que a agressão e o assédio sexual predominam na China, o número de processos reais é pequeno. Da população do país de 1,4 bilhão de pessoas, apenas 43 mil foram processados por “crimes de violação dos direitos pessoais das mulheres” de 2013 a 2017, de acordo com o gabinete do principal promotor da China. Esses crimes variam de tráfico e prostituição forçada a estupro.

    A redação da CNN em Pequim e Laura He contribuíram com esta reportagem.

    (Este texto é uma tradução. Para ler o original, em inglês, clique aqui)

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