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    União pode ter perdido R$ 13 bilhões com petróleo no RJ em dez anos, aponta CPI

    Comissão da Alerj apura também perdas do estado e de municípios em participações especiais

    Stéfano Salles, da CNN, no Rio de Janeiro 

     

    O governo do Rio de Janeiro, municípios produtores de petróleo no estado e a União podem ter perdido, juntos, R$ 26 bilhões em participações especiais da exploração petrolífera nos últimos dez anos, em atividade petrolífera nas águas do estado. Essa é a projeção com a qual trabalha a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Royalties, em andamento na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), prorrogada por 60 dias. 

    De acordo com o colegiado, esse é o total que pode ter sido pago a menor pelas concessionárias. O valor é baseado em uma projeção da CPI feita a partir de dados da Secretaria de Estado de Fazenda.  

    A pasta calculou que o Rio de Janeiro teria perdido R$ 10,4 bilhões. Como as participações dos estados são de 40%, o colegiado calcula que a União teria perdido R$ 13 bilhões. E os municípios produtores, outros R$ 2,6 bilhões, respeitando as proporções de 50% para o governo federal e 10% para as cidades que produzem óleo e gás.

    Participações especiais são uma compensação financeira extra, além dos royalties, que as concessionárias de petróleo e gás natural pagam por explorar campos de grande produção e, portanto, muito rentáveis.

    Presidente da CPI, o deputado estadual Luiz Paulo Correia (Cidadania) comemora um acordo celebrado entre a Secretaria de Estado de Fazenda e a Agência Nacional do Petróleo (ANP), para fiscalização dos contratos. A agência prepara um concurso para ampliar o quadro de fiscais. 

    O Rio de Janeiro responde por 80% da produção brasileira de petróleo. Para o parlamentar, as concessionárias em geral têm interpretações pouco ortodoxas com relação aos parâmetros de pagamento das participações especiais.

    “Detectamos que a norma é interpretada pelas concessionárias de óleo e gás no limite de seus interesses. Nessas interpretações, nas depreciações e no provisionamento de desmobilizações de campos que vão ficando em regime final de vida útil, o estado tem perdido sucessivamente”, avalia Luiz Paulo. 

    Interessado no assunto, o governo do estado, que está em meio a uma crise financeira que o levou ao Regime de Recuperação Fiscal em 2017, e ao qual tenta adesão ao novo modelo aprovado por Brasília, criou a Procuradoria de Petróleo, Gás Natural e Outros Recursos Naturais (PG-18), na estrutura da Procuradoria Geral do Estado (PGE), para acompanhar o tema. 

    Procurado, o órgão respondeu, por meio de nota, que “na CPI da Alerj, a PG-18 tem atuado para acompanhar a obtenção de informações sobre a possibilidade de estar ocorrendo deduções indevidas de gastos pelas empresas exploradoras e produtoras de petróleo e gás natural para o cálculo da participação especial devida”. 

    Nas próximas semanas, a CPI vai analisar respostas enviadas pelas concessionárias, pela Secretaria de Estado de Fazenda, pela ANP, pela PGE e por outros órgãos, a questionamentos feitos pelos deputados, antes de marcar oitivas. Se for confirmado que o estado recebeu a menos, o presidente do colegiado explica que é possível cobrar o recebimento dos valores, em medida que beneficiaria também os municípios e a União. 

    “Se constatado, através da fiscalização, que houve apropriação indevida das concessionárias de parte de recursos do estado, o estado encaminha à ANP, que cobra. Caso não seja pago, pode ir à justiça fazer a cobrança. Mas o melhor caminho é o pagamento e o acordo. Porque, quando a Petrobras deixa de recolher corretamente a participação especial, ela está lesando a União, que tem 50% do valor. E a União é acionista majoritária da Petrobras”, explica. 

    Citada pelo presidente da CPI, Luiz Paulo Corrêa, a Petrobras foi procurada para se manifestar sobre o assunto. A estatal de economia mista respondeu: 

    “A Petrobras segue estritamente o prescrito na legislação e na regulamentação que trata do assunto, refutando, desta forma, que tenha havido repasse a menor aos municípios, estado do Rio de Janeiro ou à União. Os valores das participações governamentais são influenciados por fatores sobre os quais a companhia não possui nenhum controle, tais como o preço do petróleo e o valor da taxa de câmbio; e também variam em função do aumento ou decréscimo do volume de produção de petróleo em cada trimestre”, disse a empresa, por meio de nota. 

    A companhia destacou ainda que, no primeiro trimestre de 2021, houve um acréscimo de 69% em relação ao quarto trimestre de 2020, e o estado do Rio de Janeiro apurou neste período, com participações especiais, R$ 2,89 bilhões.

    Petroleiro
    O petroleiro Carlos Drummond de Andrade, da Transpetro
    Foto: Divulgação/Transpetro

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