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    ‘Se quiserem me convocar, é para embate como hoje’, diz Ricardo Barros sobre CPI

    Deputado disse que não pretende ir ao Supremo para tentar habeas corpus e voltou a criticar 'narrativa' da CPI: 'a missão deles é atacar o governo'

    Giovanna Galvani, da CNN, em São Paulo

    Após ver a sessão que o recebia na CPI da Pandemia encerrada por atritos com os senadores, o deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, afirmou que não pretende recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) mesmo após a promessa de uma convocação futura e prometeu novos embates em um futuro segundo depoimento.

    Em uma coletiva de imprensa concedida logo após a fala dos senadores da cúpula da CPI – incluindo Omar Aziz (PSD-AM), presidente da Comissão, que nomeou Barros de “negacionista” e criticou sua postura na oitiva desta quinta-feira (12) –, Ricardo Barros disse que havia um “jogo com regras claras” posto à mesa e que quebras de sigilo ou reconvocações não o afastariam da linha crítica que teceu ao trabalho da CPI.

    “Eu entendi tudo. O jogo não tava bom, ele [Omar Aziz] é o dono da bola, ele põe a bola embaixo do braço e vai embora, não quer jogar mais. Porque eles não estavam conseguindo sustentar sua narrativa. Eu estou documentado. Para cada assunto, eu mostrava os argumentos que embasavam o fato de que eu não tenho a ver com a Covaxin“, afirmou.

    “O presidente já declarou que não tem nada contra mim, que me mantém líder do Governo. Eles vão ter minha quebra de sigilo, procurar tudo e não vão achar nada. É esse o fato real”, disse. 

    Ao responder uma perguntas do relator da CPI Renan Calheiros (MDB-AL), Barros afirmou em sua oitiva que a a comissão “afastou várias empresas [vendedoras de vacinas] interessadas em fazer negócios com o Brasil” devido a forma como os trabalhos estão sendo conduzidos. “O mundo inteiro quer comprar vacinas e espero que essa CPI traga resultados positivos porque o negativo já trouxe. Afastou várias empresas interessadas em fazer negócios com o Brasil”, disse.

    A fala de Barros provocou forte discussão entre os senadores, o que fez Omar reavaliar o convite do depoente e suspender a sessão. Inicialmente, Barros iria depor na condição de convocado, mas o requerimento pela oitiva dele foi transformado em convite pelo próprio presidente da CPI atendendo a pedido do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). 

    Na retomada da sessão, Omar Aziz confirmou que deve convocar o líder do governo a comparecer do Senado no futuro e aproveitou para criticá-lo. “A CPI atrapalhou sim. Se hoje estamos vacinando, estamos vacinando com uma vacina que chega a um preço justo, é graças a CPI”, disse, e encerrou o depoimento.

    Na coletiva de imprensa concedida imediatamente depois, Aziz disse que Renan Calheiros não estava “na metade” das perguntas e que Barros “já está convocado”, mas sem uma data certa para tal.

    “A gente mostra uma foto em que ele está sentado ao lado de um fornecedor de vacinas. E ele sempre tem uma narrativa, uma desculpa, um pretexto. E não chegamos nem na metade das perguntas do senador Renan, tinha muito mais pra fazer. Perguntas e provas. E isso vem no próximo dia que ele virá, porque já está convocado”, afirmou.

    ‘Não sou eu que vou comprometer o governo’

    Ricardo Barros (PP-PR)
    O deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) em coletiva de imprensa após a CPI da Pandemia
    Foto: Roque de Sá/Agência Senado

    Ao longo da coletiva de imprensa, Ricardo Barros afirmou que estava “feliz” por poder ter mostrado ao Brasil, segundo ele, que sua associação ao caso da Covaxin “é um grande equivoco”.

    Ao longo de seu depoimento, o deputado afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não havia citado-o diretamente, e sim questionado sobre seu possível envolvimento no caso, mas que esse “mal entendido” estava esclarecido entre ambos. Para Barros, a CPI tenta encontrar uma “narrativa” que não se confirma mais apenas para “prejudicar o governo”.

    “Eu vou continuar na minha posição de líder do governo, estou sendo atacado na CPI porque sou líder do governo e me comportei dessa forma porque sou líder do governo”, declarou. “Eu sou amigo de todos esses senadores que estavam aqui, mas respeito que a missão deles é atacar o governo, e eles precisam respeitar nossa missão que é defender o governo. É um jogo claro de regras claras”. 

    Sobre uma futura convocação, o deputado demonstrou-se tranquilo porque já no depoimento desta quarta (12) prestou o juramento de dizer apenas a verdade à comissão. “Se eu vier convocado não muda absolutamente nada. Eu não pretendo recorrer ao Supremo para não falar, pretendo recorrer para falar”, disse.

    Ricardo Barros ainda alegou que uma futura convocação iria render “um embate tão bom quanto foi hoje”, e rebateu uma crítica de Omar Aziz, que falou sobre a postura do deputado de tecer comentários sobre o trabalho da comissão enquanto prestava um depoimento ao Senado. Para o parlamentar, sua condição de deputado concede-lhe a prerrogativa de criticar quando bem entender. 

    “Minha imunidade parlamentar não é suspensa na hora que eu estou sentado ali pra depor, seja como convidado ou convocado, já tem decisão do Supremo nesse sentido. Eles não vão achar que vão me colocar numa cadeira e repetir inverdades e eu vou ficar parado sem falar. Não vou assistir. Se eles quiserem me convocar saibam que é pra um embate tão bom como foi hoje”, afirmou.

    “Eles estão iludidos que acharam que encontraram alguém que vai comprometer o governo. Eu, não. Tenho 32 anos de vida pública, não sou eu que vou comprometer o governo”, continuou. “Não vou permitir que a CPI continue com uma narrativa mentirosa tentando me imputar ao governo fatos que não existem. Se eles não querem ser contestados, não me chamem para a CPI”, concluiu.