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    Blanco nega propina e diz que negociava vacinas para o setor privado na CPI

    Tenente-coronel da reserva e ex-assessor da Saúde teria participado do jantar em Brasília onde houve suposto pedido de propina de US$ 1 por dose de vacina

    Ex-assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, tenente-coronel da reserva Marcelo Blanco
    Ex-assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, tenente-coronel da reserva Marcelo Blanco Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

    Bia Gurgel, Giovanna Galvani, Rafaela Lara e Renato Barcellos, da CNN, em Brasília e São Paulo

    A CPI da Pandemia ouviu nesta quarta-feira (4) o ex-assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde Marcelo Blanco.

    Exonerado da pasta em janeiro, o tenente-coronel da reserva teria participado de um jantar em um restaurante localizado dentro de um shopping de Brasília em 25 de fevereiro. Nessa ocasião, segundo revendedor de vacinas Luiz Paulo Dominghetti, houve um pedido de propina de US$ 1 por dose de vacina.

    Durante o depoimento de hoje, Blanco negou as acusações. “Eu jamais fiz pedido de comissionamento ou qualquer tipo de vantagem. Isso aí é absolutamente desconectado da realidade”, declarou. A Davati Medical Supply negociava a venda de 400 milhões de doses do imunizante.

    O representante da Davati no Brasil, Cristiano Carvalho, havia mencionado que foi alertado por Dominghetti sobre um suposto “comissionamento”: “A informação que veio a mim não foi propina, ele [Dominguetti] usou comissionamento. Se referiu ao comissionamento sendo do grupo do tenente-coronel Marcelo Blanco [ex-assessor de Roberto Dias] e da pessoa que o tinha apresentado a Blanco, de nome Odilon”, disse Carvalho à CPI no dia 15 de julho.

    Blanco afirmou que tentou apenas viabilizar uma agenda oficial de Dominghetti, representante da Davati Medical Supply – que se apresentava como Air Supply –, com o Ministério da Saúde, e que não facilitou as negociações. 

    Os senadores também questionaram o coronel da reserva sobre quais seriam seus interesses em facilitar tratativas da Davati com o Ministério, mas Blanco afirmou que apenas forneceu informações de contatos oficiais para estabelecer uma “ponte” entre Dominghetti, Cristiano Carvalho e a pasta da Saúde.

    Segundo Blanco, na ocasião do jantar, ele sabia que Roberto Dias, ex-diretor do Departamento de Logística e acusado de ter sugerido propinas a Dominghetti, estaria no restaurante. Por isso, levou Dominghetti para conhecê-lo para que o PM pudesse marcar posteriormente uma agenda oficial. “Eu não falei que foi um encontro casual, eu sabia que o Dias estava lá. Posso ter sido inconveniente de aparecer com Dominghetti lá? Posso”, disse Blanco.

    Em 7 de julho, Roberto Dias, depôs à CPI. Na ocasião, ele afirmou que o encontro com o amigo era para “tomar um chopp” e que não tinha combinado nada com Blanco e Dominghetti. Dias também negou o suposto pedido de propina. 

    Acompanhe o resumo da CPI da Pandemia:

    • Senador aponta 108 ligações entre depoente e PM vendedor de vacinas

    Enquanto questionava o depoente, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) disse que o aparelho celular de Marcelo Blanco continha 108 ligações para o telefone do policial vendedor de vacinas Luiz Paulo Dominghetti.

    “Em 30 dias, o senhor trocou 108 ligações com o senhor Dominghetti. Mais interessante: dessas 108 ligações , 64 foram de iniciativa sua. Ligava duas vezes por dia”, afirmou.

    Embora tenha reconhecido as ligações, o tenente-coronel da reserva negou que as negociações tratavem da venda de vacinas para o ministério. 

    Segundo ele, as tratativas estavam relacionadas à iniciativa privada.

    “O senhor com a formação que tem, o senhor foi incapaz em 64 ligações de sua iniciativa e mais 44 de iniciativa do senhor Dominghetti, de compreender que [Dominghetti] era um estelionatário?”, perguntou Vieira.

    Alessandro Vieira lembrou ainda que Blanco mudou a situação cadastral da empresa dele para se adequar à venda de vacinas.

    “Com todo respeito à defesa, não tem advogado que salve. Eu tenho certerza que o senhor não informou para o seu advogado que a sua empresa não tinha essa atividade dentro do seu descritivo. Eu tenho certeza. Um bom advogado jamais ia deixar o senhor sentar aí para dizer que a sua empresa tem uma vocação que não consta no seu estatuto. Nunca constou”, concluiu. 

    • Integrantes da CPI vão quesitonar PF sobre edição de vídeo com depoimento

    Senadores que compõem a CPI da Pandemia vão pedir à Polícia Federal esclarecimentos sobre a remoção de um trecho do vídeo do depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.

    Segundo o Rogério Carvalho (PT-SE), a gravação foi editada no momento em que o militar cita o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

    Ainda de acordo com o parlamentar, o trecho em que o deputado Luis Miranda (DEM-DF) é mencionado também foi excluído. 

    • Blanco diz não saber motivo de sua exoneração: ‘Também não busquei saber’

    O tenente-coronel Marcelo Blanco afirmou ao senador Humberto Costa (PT-PE) que não sabe e não se interessou em saber o motivo de sua exoneração do cargo comissionado de assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde em 19 de janeiro. “Não tenho conhecimento e também não busquei saber.”

    Blanco também não soube informar os motivos de outras exoneração na pasta e da manutenção do então diretor de logística, Roberto Dias. Dias só foi exoneração em 30 de junho. “Da motivação, eu não tenho conhecimento”, disse. 

    O ex-assessor disse que nunca viu o deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, nas dependências da pasta. “Nunca vi [Ricardo Barros] dentro do Ministério.” Ele também disse que falava com Dias “apenas sobre amenidades” e não sabe se Barros e Dias se encontravam. Blanco também afirmou que “nunca botou os pés em qualquer hospital federal do Rio”. 

    Um grupo de trabalho da CPI investiga hospitais federais da capital fluminense – Costa faz parte deste grupo. Nesta terça-feira (3), a comissão aprovou uma série de requerimentos, incluindo oitiva de dirigentes e ex-funcionários destes hospitais. 

    “Essa operação Davati e Ministério da Saúde é uma das coisas mais tragicômicas que assistimos na vida política. Tragicômica porque é uma tragédia. Centenas de milhares de pessoas mortas e uma meia duzia de oportunistas de um lado e de outro do balcão. Estelionatários que tentavam vender ‘terreno no céu’ porque não tinham vacinas”, disse Humberto Costa. 

    Em seguida, a sessão foi suspensa por 30 minutos para almoço.

    • Deputado invade sessão, que é interrompida por alguns minutos

    O deputado federal Reinhold Stephanes Junior (PSD-PR) invadiu a sessão e começou a filmar os senadores no local, o que causou incômodo do vice-presidente da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que liderava a mesa no momento.

    “Deputado, algum problema? O senhor gravou um vídeo se referindo à CPI. O senhor praticou um ato que desacata essa comissão. Qual é a autoridade do senhor pra isso? O senhor não pode atuar dessa forma e eu pedirei que os seguranças do Senado tomem as devidas providencias. Por gentileza, a Polícia Legislativa deve autuar esse parlamentar”, declarou. Depois, suspendeu a sessão por cinco minutos.

    Essa foi a segunda vez que a sessão foi suspensa nesta quarta. A primeira foi ocasionada após discussão de senadores acerca de diálogos, em aplicativos de mensagens, apresentados pela defesa de Blanco. Segundo Omar Aziz (PSD-AM), presidente da Comissão, o coronel teria suprimido partes dos diálogos que manteve com Dominghetti. As mensagens não foram mostradas na CPI.

    No retorno da segunda suspensão, o senador disse que os parlamentares têm livre acesso à CPI, mas não podem “tumultuar” o processo. “Comunicaremos ao Presidente da Câmara o ocorrido dessa manhã. Reitero o livre acesso dos parlamentares, mas não é aceitável a tentativa de tumultuar os trabalhos. Quero acreditar que isso foi um ato isolado”, declarou Randolfe.

    • Blanco: ‘Jamais fiz pedido de comissionamento ou qualquer vantagem’ 

    O coronel da reserva negou que tenha pedido “comissionamento ou qualquer tipo de vantagem” durante as negociações de compra dos imunizantes contra Covid-19. “Eu jamais fiz pedido de comissionamento ou qualquer tipo de vantagem. Isso aí é absolutamente desconectado da realidade”, disse.

    Blanco repetiu que tentou apenas viabilizar uma agenda oficial de Dominghetti, representante da Davati Medical Supply – que se apresentava como Air Supply –, com o Ministério da Saúde. Segundo Dominghetti, o suposto pedido de propina de US$ 1 por dose partiu de Roberto Dias, então diretor do departamento de logística da pasta. Dias nega. 

    O representante oficial da Davati, Cristiano Carvalho, afirmou em depoimento na CPI que foi alertado por Dominghetti sobre um pedido de “comissionamento” na compra dos imunizantes da farmacêutica inglesa.

    • Blanco diz que não atuou na Saúde após exoneração; senadores rebatem

    Durante as perguntas do relator Renan Calheiros (MDB-AL), o coronel da reserva Marcelo Blanco afirmou que não atuou no Ministério da Saúde após sua exoneração, publicada em 19 de janeiro. 

    O encontro no restaurante Vasto, em Brasília, ocorreu no dia 25 de feveiro. Segundo Blanco, o encontro tratou apenas de um pedido de agenda formal no Ministério da Saúde, na qual ele afirmou que não estava presente. 

    “Ele disse que gostaria de ter uma agenda oficial. Quando eu soube que Roberto estaria no Vasto eu sugeri: eu te apresento e você faz o pedido da sua agenda”, disse. Os senadores que compõem a comissão rebateram as falas de Blanco.

    • Blanco diz que sabia que Roberto Dias estava no jantar em restaurante

    O depoente afirmou que soube da ida do então diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, ao restaurante Vasto, em Brasília. Foi nesse encontro, em 25 de fevereiro, que teria acontecido o pedido de propina de US$ 1 por dose de vacinas, segundo o depoimento de Dominghetti. 

    Segundo Blanco, Dias o contou sobre a ida ao restaurante acompanhado de um amigo, identificado como José Ricardo Santana, em uma conversa informal. Dominghetti, segundo Blanco, pedia uma agenda no Ministério da Saúde e o coronel tentava viabilizar o encontro e levou o revendedor de vacinas até lá. 

    “Eu não falei que foi um encontro casual, eu sabia que o Roberto [Dias] estava lá. Posso ter sido inconveniente de aparecer com Dominghetti lá? Posso”, disse Blanco. Em 7 de julho, o ex-diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, depôs à CPI – na ocasião, ele afirmou que o encontro com o amigo era para “tomar um chopp” e não combinou nada com Blanco e Dominghetti. Dias também negou o suposto pedido de propina. 

    “O encontro foi marcado entre mim e meu amigo, marcado por telefone. Não combinei encontro com outras pessoas além dessa. Muito provavelmente o coronel Blanco soube por alguma mensagem ou ligação. Eu estava na mesa quando coronel Blanco chega e me apresenta Dominghetti, falamos sobre futebol, e ele então introduziu o assunto de vacina e, posteriormente,  eu pedi a agenda formal no Ministério”, disse Dias durante seu depoimento. 

    Dias e Dominguetti tiveram novo encontro no dia seguinte à ida ao restaurante – 26 de fevereiro – já no Ministério da Saúde.

    • Coronel Blanco: comecei a falar com Dominghetti em fevereiro sobre venda ao mercado privado

    O ex-assessor do Ministério da Saúde, coronel Marcelo Blanco, afirmou em sua fala inicial que o revendedor de vacinas e cabo da Polícia Militar, Luiz Paulo Domighetti, o procurou no início de fevereiro e trocou mensagens com ele sobre a venda “em pronta entrega” de vacinas para o mercado privado. 

    No dia 23 de fevereiro, Blanco e Dominghetti continuam trocando mensagens sobre o setor privado. Ele exibiu áudios sobre as negociações. O jantar no restaurante de Brasília acontece no dia 25 – é nessa data que Dominghetti diz ter recebido o pedido de propina de US$ 1 dólar por dose de vacinas.

    “A gente percebeu um primeiro movimento do Parlamento pra debater essa pauta queríamos apenas construir um modelo de negócios. Queriamos desenhar uma estratégia visando esse mercado. Não queria negociar nada sem embasamento legal, apenas queria ter algo desenhado”, disse. 

    Segundo Blanco, Dominghetti foi apresentado a ele por uma pessoa chamada Odilon. “Um desses representantes, Odilon, me informou em janeiro de 2021 que uma empresa americana tinha 400 milhões de doses da astrazeneca e me apresentou Dominguetti como representante da empresa.”

    Blanco foi exonerado do Ministério da Saúde em janeiro, e as conversas com Dominghetti aconteceram em fevereiro. Segundo ele, as conversas tratavam apenas sobre venda para o mercado privado. 

    • CPI inicia oitiva de coronel Blanco; Aziz lê habeas corpus concedido pelo STF 

    O ex-assessor do Ministério da Saúde, coronel Marcelo Blanco já está diante dos senadores da CPI da Pandemia – ele chegou ao Senado por volta das 9 horas.

    Antes de conceder a palavra ao depoente, o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), leu um habeas corpus, concedido pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), que permite que Blanco silencie diante de perguntas que possam incriminá-lo. 

    “Quero ler aqui para os advogados de defesa o agravo que recebemos do STF no caso da Emanuele, e que serve também pra outros casos. É uma decisão do Fux. Queria também pedir aos advogados que não fiquem soprando respostas como aconteceu ontem”, disse Aziz. 

    Como Marcelo Blanco foi parar na CPI

    O coronel Blanco foi citado em outros depoimentos prestados à CPI durante as onze primeiras semanas de trabalho da comissão e na oitiva desta terça-feira (3). A convocação de Blanco foi solicitada pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Blanco também é nome presente no depoimento do ex-diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias. 

    Dias, que chegou a ser preso por mentir à CPI, afirmou, inicialmente, que seu encontro com Dominguetti e Blanco no restaurante em Brasília foi casual, mas depois assumiu – a partir de áudios exibidos na comissão – que o coronel da reserva sabia que ele estaria no local.

    Já o representante oficial da Davati Medical Supply, Cristiano Carvalho, que se apresentou à CPI em 15 de julho, disse que Dominguetti usou o termo “comissionamento” quando se referiu à reunião onde teria sido feito o pedido de propina.

    “A informação que veio a mim não foi ‘propina’, ele [Dominguetti] usou ‘comissionamento’. Se referiu ao comissionamento sendo do grupo do tenente-coronel Marcelo Blanco [ex-assessor de Dias] e da pessoa que o tinha apresentado a Blanco, de nome Odilon”, disse.

    O depoente desta terça-feira (3), o reverendo Amilton Gomes de Paula, afirmou que se encontrou pessoal com o então secretário-executivo da pasta, Elcio Franco, em 12 de março, mas negou que coronel Blanco estivesse presente nesta reunião. Franco foi reconvocado pela CPI para um novo depoimento ainda sem data definida.

    (Com informações da Agência Senado)