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    Confronto entre Bolsonaro e TSE deve se intensificar, diz cientista político

    Fernando Abrucio avalia que postura da Corte será mais agressiva quando Alexandre de Moraes assumir a presidência no próximo ano

    Da CNN, em São Paulo

    O confronto entre Jair Bolsonaro (sem partido) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – que aprovou, por unanimidade, duas medidas contra o presidente após o chefe do Executivo federal disparar uma série de ataques ao sistema eleitoral e ameaçar a realização das eleições em 2022 – tende a se intensificar, avalia o cientista político Fernando Abrucio em entrevista à CNN nesta segunda-feira (2).

    Os ministros que compõem o TSE aprovaram de forma unânime uma portaria da Corregedoria-Geral da Justiça Eleitoral para a instauração de um inquérito administrativo contra o presidente da República e também pediram para incluir Bolsonaro no inquérito das fake news que tramita sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF).

     

    “Esse confronto vai piorar, o presidente tem jogado pelo confronto. Não há saída para o TSE num contexto como esse. O pior ainda não chegou, vai acontecer quando o ministro Alexandre de Moraes assumir o TSE. O presidente Bolsonaro vai sentir saudade do (ministro Luís Roberto) Barroso, ele e suas manifestações, porque o jogo com o Moraes será muito mais duro”, avalia.

     

    O cientista político Fernando Abrucio (02.Ago.2021)
    O cientista político Fernando Abrucio (02.Ago.2021)
    Foto: Reprodução/CNN

     

    Abrucio acredita que Bolsonaro esteja errando a estratégia. “É muito estranho tudo isso porque o presidente tem muito a perder com esse processo. Se ele faz uma aliança com o Centrão e tenta criar uma agenda positiva econômica e social no Congresso, daria uma chance de ser mais competitivo nas eleições. Se ele fica batendo na história do voto impresso, atrapalha as votações no Congresso de seu interesse, como as reformas econômicas e o novo Bolsa Família”.

    O cientista político vê duas possibilidades para a atitude. “A impressão que dá é que o presidente está fazendo dois cálculos que são contrários à aliança com o Centrão: um que é manter o eleitor mais radical, que é 15% a 20% dos votos, ir ao segundo turno e depois ganhar de quem quer que seja; ou ele não quer ter eleição mesmo”.

    As comparações com o Centrão acabam sendo inevitáveis. “É mais que irracionalidade, é um cálculo autoritário. O Centrão é mais democrático que o presidente Bolsonaro. As pessoas podem não gostar do Centrão, de toda sua história de denúncias e até de corrupção, mas o Centrão joga no jogo democrático. Jogou com Fernando Henrique, Lula, Dilma. O presidente mostra nesse episódio o quanto ele não é completamente democrático. Ele faz um jogo de ‘se eu tiver 20%, 25% dos eleitores mais radicais, vou para o segundo turno, chamo o Lula de comunista e ganho a eleição’. O jogo é mais complicado”, explica Abrucio.

     

    Publicado por Evandro Furoni

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