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    Nos pênaltis, Brasil supera México e disputa bi olímpico no futebol masculino

    Após longo 0 a 0, seleção fez 4 a 1 nos pênaltis; disputa do ouro será no sábado (7), às 8h30, contra a Espanha – que derrotou o Japão por 1 a 0

    Leandro Iamin, colaboração para a CNN

    1984, 1988, 2012, 2016 e, agora, Tóquio 2020: pela quinta vez na história o Brasil é finalista do torneio olímpico de futebol masculino.

    Jogando em Kashima, no estádio onde Zico revolucionou o futebol japonês, a seleção superou o México nos pênaltis após um longuíssimo 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação, e tem compromisso marcado na manhã de sábado (7), em Yokohama: uma final, no palco do penta, contra Espanha ou Japão, valendo o bi e o ouro olímpicos.

    Com o desfalque de Matheus Cunha, que sentiu a coxa, André Jardine escalou Paulinho, aberto pela esquerda, e deslocou Richarlison para jogar no comando do ataque. Claudinho, respeitando as características de Paulinho, se movimentou menos que em outras partidas, atuando mais pelo centro, sem explorar o lado esquerdo.

    Não foi por causa desta organização tática, mas faltou alguma coisa para o Brasil criar oportunidades realmente claras de gol ao longo do primeiro tempo. Ter quase 70% de posse de bola não foi suficiente para achar um jeito de abrir o placar. Se a superioridade era uma garantia de não sofrer defensivamente, faltou um pouco de mágica, ou pelo menos mais criatividade, no ataque. Foi um primeiro tempo frustrante.

    E o pior para o Brasil foi notar que depois do intervalo o cenário se radicalizou negativamente, e o desempenho do time de Jardine se deteriorou. A evolução necessária não aconteceu. O domínio continuou estéril e, portanto, praticamente inútil. Em outras palavras: a partida se tornou mais preocupante a cada minuto.

    As trocas vieram a partir do 22º minuto. Martinelli e Reinier substituíram Paulinho e Claudinho. Características semelhantes, desempenho idem, apesar das pernas descansadas.

    Reinier converteu 4ª cobrança de pênalti do Brasil contra o México vaga na final
    Reinier converteu a quarta cobrança de pênalti do Brasil contra o México e garantiu a classificação para a final
    Foto: Andre Penner – 3.ago.2021/AP

    A entrega do veloz Diego Laínez no ataque mexicano contribuiu para um pouco de especulação no contragolpe, mas tampouco mudou o jogo. A segunda parte do duelo, na verdade, caminhou em um ritmo sonolento.

    Aos 42 da etapa final, o Brasil teve sua melhor oportunidade de gol, em lance confuso dentro da pequena área. Foi, mais do que a melhor oportunidade, a única realmente capaz de aquecer a semifinal. Não houve quem merecesse de verdade a vitória no tempo normal.

    Prorrogação seguiu monótona

    Jardine lançou Malcom para o campo, tirando Antony, cansado. As características e a formação da equipe brasileira não se alterou. Reinier tentou pressionar mais a defesa mexicana, ao lado de Richarlison, como uma espécie de segundo atacante, e o Brasil tentou ser mais rápido na solução das jogadas. Isso significou cruzamentos errados que “consagraram” a zaga rival.

    Claudinho disputa bola com Joaquín Esquivel, do México, na semifinal do futebol
    Claudinho disputa bola com Joaquín Esquivel, do México, na semifinal do futebol olímpico
    Foto: Fernando Vergara – 3.ago.2021/AP

    Correndo um pouco mais de riscos ao se desfazer da bola e tentando mais dribles e chutes de fora, o Brasil, pelo menos, sinalizou alguma disposição em evitar a disputa por pênaltis. Mas não haveria como revolucionar no tempo extra uma jornada que, por 90 minutos, foi pouco inspirada.

    Dando sinais de brio extra e até euforia com cada vitória em embates defensivos, os mexicanos, confiando no histórico goleiro Ochoa, quiseram a manutenção do enredo até o fim. E os pênaltis se tornaram inevitáveis no fim de um jogo de pouquíssimos bons momentos.

    Guillermo Ochoa, o goleiro de 36 anos que usa a camisa 13, foi, na Copa do Mundo de 2014, um algoz brasileiro. No confronto da primeira fase, pela segunda rodada, em Fortaleza, ele fez uma partida soberba. Na noite de Kashima, Ochoa se transformou em um candidato a entrar na galeria de vilões olímpicos, da qual Kanu é o principal nome e o mexicano Peralta, pelos gols na final de 2012, representa o México.

    Mexicano Ochoa acertou cantos, mas não defendeu cobranças do Brasil nos pênaltis
    Mexicano Ochoa acertou cantos, mas não defendeu cobranças do Brasil nos pênaltis
    Foto: Andre Penner – 3.ago.2021/AP

    Ochoa acertou o canto em todas as cobranças brasileiras, mas foi Santos quem defendeu a batida de Aguirre, a primeira, e assistiu de perto a bola bater na trave na cobrança de Vásquez, o segundo a cobrar. Rapidamente a disputa por pênaltis, dramática por natureza, se descomplicou.

    O Brasil não perdeu nenhuma cobrança. Reinier converteu a quarta bola brasileira e garantiu a classificação para a final e, no mínimo, uma medalha de prata para o time de Jardine.

    A atuação foi preocupante, cheia de deficiências no ataque, mas sólida e sem qualquer risco sofrido no campo de defesa. Pode ser a boa notícia da jornada, junto da classificação em si. O Brasil é finalista, mas chega com o sinal de alerta ligado.

    Espanha vai à final – e jogo também não foi bom

    Se Brasil e México não fizeram uma partida brilhante, muito menos espanhóis e japoneses emocionaram o público do futebol olímpico. Está classificada a Espanha, no entanto, com uma vitória agônica, nos minutos finais da prorrogação. O gol foi de Ascencio, atleta do Real Madrid, que concluiu jogada de Oyarzábal pela direita.

    Para se ter uma ideia de como a partida se desenrolou, até os 40 do segundo tempo cada time tinha acertado apenas um chute no gol adversário. Um número ínfimo. Com cerca de 70% da posse de bola por todo o tempo, o time espanhol, com atletas mais qualificados, pareciam frios em excesso diante da possibilidade de classificação. Uma equipe repetitiva e sem imaginação.

    Asensio marcou gol da Espanha contra Japão e garantiu vaga na final olímpica
    Asensio marcou gol da Espanha contra Japão e garantiu vaga na final olímpica
    Foto: Silvia Izquierdo – 3.ago.2021/AP

    Nos cinco minutos finais, porém, a Espanha acertou o gol japonês três vezes, em uma delas com Mir na entrada da pequena área. O goleiro Tani fez uma ótima defesa. Esta jogada, porém, aconteceu graças a um lançamento lateral, não a uma jogada trabalhada com os pés, como a Espanha pretendeu fazer por todo o jogo, sem sucesso.

    O enredo não mudou na prorrogação. A Espanha insistindo com seu estilo, o Japão se defendendo com rigor. Maeda, camisa 9 do Japão, teve uma boa chance de cabeça, que tirou tinta da trave. Foi uma fagulha de sonho para o time local.

    Até que faltando 4 minutos para o fim da prorrogação, Ascencio marcou, de pé esquerdo o gol da classificação. Uma jogada de gol coerente com a proposta do time espanhol, mas que não reflete o nível da atuação. A Espanha também tem muito o que corrigir e aperfeiçoar para a decisão de sábado.