Daniel Cargnin vence Covid-19, supera israelense e leva bronze no judô
Doença tirou brasileiro do Mundial, em junho, e atrapalhou preparação para as Olimpíadas; judoca homenageou a mãe após a conquista
Foram menos de dois meses entre o diagnóstico positivo para a Covid-19, que o deixou de fora do Mundial em Budapeste (Hungria), até a estreia olímpica com direito a uma vitória sobre o líder do ranking mundial e a primeira medalha do judô brasileiro nas Olimpíadas 2020.
O gaúcho Daniel Cargnin, 23, 13º no ranking mundial, conquistou a medalha de bronze na categoria até 66 kg após superar o israelense Baruch Shmailov, oitavo melhor do mundo. Ele começou a luta de forma mais combativa que o adversário e encaixou um golpe que lhe deu um waza-ari, administrando a vantagem até o fim.
Em sua trajetória até o bronze, ele surpreendeu ao bater o italiano Manuel Lombardo, atual líder do ranking na categoria, nas quartas de final; antes, havia derrotado o egípcio Mohamed Abdelmawgoud e Denis Vieru, da Moldávia.
Cargnin só perdeu na semifinal quando caiu diante do japonês Hifumi Abe, quinto colocado do mundo e eventual vencedor da medalha de ouro — ele superou Vazha Margvelashvili, da Geórgia.
Luta contra a Covid-19 e lesões na pandemia
Medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de Lima-2019, Cargnin contou à TV Globo, logo após ganhar o bronze, que sua preparação para as Olimpíadas 2020 foi atrapalhada por lesões – além, é claro, do baque de ter contraído o novo coronavírus pouco antes da disputa. Ele acabou ficando de fora do Mundial em Budapeste, que ocorreu em junho.
“Desde o começo da pandemia, machuquei duas, três vezes, e pensei: ‘por que não está dando certo?’”, contou. Ele agradeceu à mãe, Rita, pelo apoio dado desde o início de sua carreira no judô, e especialmente no período em que se recuperava da Covid-19. “Me esforcei bastante nesse tempo. Fiquei na casa da minha mãe, que me deu esse suporte. Falei para ela que, quando passar a Olimpíada, independentemente do que acontecer, eu posso voltar para casa”, disse.
O que eu queria agora é ligar para minha mãe e falar que valeu a pena. Eu lembro uma vez que eu estava voltando de um treino quando eu era pequeno, estava apanhando muito no treino. E ela falou: ‘Dani, vamos sair para comer algo e amanhã é um novo dia’.
Daniel Cargnin, medalha de bronze em Tóquio
Além da prata no Pan de 2019, o brasileiro de 23 anos, nascido em Porto Alegre, chegou aos Jogos após ter participado de dois Mundiais — foi quinto colocado em Baku-2018 e nono em Tóquio-2019. Foi campeão mundial júnior em 2017.
Judô é a modalidade mais premiada do Brasil nas Olimpíadas
O esporte de luta de origem japonesa foi o que mais assegurou medalhas na história do Brasil nos Jogos Olímpicos: 23, incluindo o pódio conquistado hoje por Cargnin. São quatro ouros, três pratas e 15 bronzes.
A tradição do judô brasileiro nas Olimpíadas também se reflete no retrospecto do país na competição. São dez edições consecutivas, desde Los Angeles-1984, que o Brasil conquista uma medalha nos Jogos. A primeira delas havia ocorrido 12 anos antes, em Munique-1972, com o bronze de Chiaki Ishii, nascido no Japão e naturalizado brasileiro.
Brasileira perde na segunda rodada
Larissa Pimenta foi a outra atleta do Brasil no judô neste domingo (25), na categoria até 52 kg. Ela estreou vencendo a adversária polonesa Agata Perenc, mas foi eliminada da disputa de medalhas ao ser derrotada por Uta Abe, do Japão, na segunda rodada.
No primeiro dia de disputas, no sábado (24), o Brasil ficou sem medalhas. Tanto Gabriela Chibana (até 48 kg) quanto Eric Takabatake (até 60 kg) venceram a luta de estreia e caíram no segundo combate.