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    ‘Doação do século’: exposição de acervo de ex-presidente da Samsung é inaugurada

    Mais de 25 mil obras foram doadas a museus coreanos por família de Lee Kun-hee

    Oscar Holland, da CNN

    Frequentadores de museus puderam dar uma primeira olhada em algumas das 23 mil obras de arte doadas à Coréia do Sul pela coleção do falecido presidente da Samsung, Lee Kun-hee.

    As duas exposições inauguraram em Seul nesta quarta-feira (21), poucos meses depois que a família do empresário anunciou a doação do acervo enquanto procurava liquidar uma taxação do imposto sobre a herança de mais de 12 trilhões de won (US$ 10,4 bilhões).

    As obras estão sendo expostas no Museu Nacional da Coreia e no Museu Nacional de Arte Moderna e Contemporânea (MMCA), os destinatários da vasta coleção de Lee.

    Os itens expostos incluem antiguidades centenárias e obras de arte coreana contemporânea, enquanto pinturas de nomes ocidentais como Pablo Picasso e Claude Monet serão reveladas no próximo ano.

    "Clearing after Rain on Mount Inwang", (1971) de Jeong Seon
    “Clearing after Rain on Mount Inwang”, (1971) de Jeong Seon
    Foto: Cortesia do Museu Nacional da Coreia

    Lee, cujo pai fundou o conglomerado tecnológico Samsung na década de 1930, morreu em outubro passado com 78 anos de idade. Em abril, sua família anunciou que esperava pagar mais da metade do valor de seu patrimônio em imposto sucessório durante um período de cinco anos. Nesse mesmo dia, o Ministério da Cultura, Esportes e Turismo da Coréia do Sul revelou que a família Lee estava doando aproximadamente 23 mil antiguidades e obras de arte para coleções públicas.

    Em uma declaração à imprensa na época, o ministério disse que a aquisição ajudaria as duas instituições a “competir com museus famosos no exterior”.

    Nem os parentes de Lee nem os museus revelaram o valor da doação ou confirmaram como ou até se ela vai figurar nos compromissos fiscais da família em relação à herança.

    Pintura 'A Leitura', de Pierre-Auguste Renoir
    Pintura ‘A Leitura’, de Pierre-Auguste Renoir, é uma das obras doadas
    Foto: Cortesia do Museu Nacional de Arte Moderna e Contemporânea

    A MMCA recebeu quase 1.500 das obras, o que o museu esta semana chamou de “a doação do século”. Segundo a curadora-sênior Park Mihwa, a coleção de pinturas, desenhos e esculturas representou a maior contribuição recebida pelo museu “tanto em termos de valor quanto de escala”.

    “As raras e grandes obras de arte do início do século 20 e os trabalhos do exterior melhoraram muito a qualidade e a quantidade disponível no museu”, disse Park à CNN, descrevendo a aquisição como “uma oportunidade de expandir os horizontes da pesquisa da história da arte através da pesquisa contínua”.

    “Obtivemos obras de arte que teriam sido difíceis de adquirir com nosso orçamento anual para coleções de 5 bilhões de won (4,35 milhões de dólares)”, acrescentou ela. “Portanto, esperamos que esta coleção ajude o turismo artístico, bem como a Coreia do Sul a se tornar uma potência da cultura artística no futuro”.

    Artistas ‘amados pelos coreanos’

    Entre os itens adquiridos pela MMCA, estão 119 obras de artistas ocidentais, incluindo Paul Gauguin, Pierre-Auguste Renoir, Camille Pissarro, Marc Chagall, Salvador Dalí e Joan Miró. Mas mais de 90% das peças são de artistas coreanos contemporâneos, incluindo mais de 100 obras do pintor Lee Jungseop e quase 70 do célebre artesão Yoo Kangyul.

    "Women and Jars," do pintor coreano Kim Whanki
    “Women and Jars,” do pintor coreano Kim Whanki
    Foto: Cortesia do Museu Nacional de Arte Moderna e Contemporânea

    A nova exposição do museu apresenta artes criadas dos anos 1920 a 1970, abrangendo os períodos da ocupação japonesa, a Guerra da Coreia e a subsequente ditadura militar. Park disse que a mostra destaca trabalhos “de 34 artistas amados pelos coreanos”, incluindo o influente paisagista Byeon Gwansik, o pintor abstrato Kim Whanki e o escultor contemporâneo Kwon Jinkyu.

    No Museu Nacional da Coreia, por sua vez, uma exposição de artefatos mais antigos da coleção de Lee também foi inaugurada na quarta-feira. A exposição apresenta 45 itens históricos, incluindo estátuas budistas, gravuras raras de blocos de madeira e louça de barro da Idade do Bronze.

    O museu também exibe uma série de itens considerados “Tesouros Nacionais” pelo governo sul-coreano, incluindo uma pintura de lavagem de tinta do artista da corte Jeong Seon da dinastia Joseon e um bodhisattva de bronze dourado que remonta ao século 6.

    Um bodhisattva de bronze do século 6
    Um bodhisattva de bronze do século 6
    Foto: Cortesia do Museu Nacional da Coreia

    No início deste mês, o Ministério da Cultura, Esportes e Turismo revelou que está planejando construir um novo museu dedicado inteiramente à coleção de Lee, com dois locais candidatos em Seul atualmente sendo considerados.