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    PM mata homem com esquizofrenia depois que ele invadiu batalhão armado com faca

    PM diz que policial foi ferido e que caso foi registrado como morte decorrente de intervenção policial

    Marcos Guedesda CNN , São Paulo

    O poeta Swammy Hwygen Araújo de Oliveira, de 31 anos, foi alvejado e morreu com ao menos seis tiros no peito, depois que ele, armado com uma faca, invadiu o 37° Batalhão da Polícia Militar, na Zona Sul de São Paulo. Familiares relatam que ele sofria de esquizofrenia paranóica. O caso, que foi revelado pela Folha de S. Paulo, aconteceu na última sexta-feira (17).

    De acordo com a PM, o homem entrou na sede do batalhão e chegou a atingir um policial na região do pescoço antes de ser alvejado e morrer. O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) irá investigar a ocorrência, que foi registrada como resistência e morte decorrente de intervenção policial. A Polícia Militar também apura todas as circunstâncias da ocorrência por meio de inquérito.

    A CNN conversou com Florentino Martins, pai do jovem, que questiona a conduta dos policiais. “Várias vezes ele já surtou aqui. Eu mesmo conseguia pegar a faca dele. Imagina um policial preparado?, diz.

    Martins explicou que Swammy havia conseguido o direito de aposentadoria por invalidez há cerca de seis meses e que convive com a doença do filho, que evoluiu de transtorno afetivo bipolar para esquizofrenia paranóica, ao menos há 10 anos.

    O pai do jovem explicou que o filho estava em “um surto silencioso” na última sexta-feira (17). Ele relata que Swammy saiu de casa sem pegar a carteira e que não percebeu que ele levava consigo uma faca de cozinha.

    Testemunhas contaram para Martins que o filho dele entrou no batalhão e que foi alvejado na sequência. A família conta que Swammy chegou morto ao hospital. O jovem foi enterrado ontem (19), no Cemitério Jardim da Paz, em Embu das Artes, na Grande São Paulo.

    Criminalistas comentam ação da PM

    A CNN consultou criminalistas sobre o cenário que resultou na morte do homem. Para Ariel de Castro Alves, advogado, especialista em direitos humanos e segurança pública, em casos como esses, os treinamentos das polícias preveem procedimentos moderados que não resultem na morte de pessoas.

    “Se ele não estava com arma de fogo, não poderia ser alvejado por disparos dos policiais. Os policiais inclusive são treinados para abordar, imobilizar e render suspeitos de crimes”, explica.

    Por outro lado, o criminalista Daniel Bialski, sócio do Bialski Advogados Associados, destaca que na visão dele não houve excesso e que o crescimento da violência justifica o feito.

    “Numa situação como essa, vários policiais reagiram ao mesmo tempo e, assim, não há que se falar em excesso, justamente porque nos dias atuais, de crescimento de violência, não se sabia a intenção da pessoa, se possuía outra arma, ou granada ou até explosivos. A surpresa pela ousadia de invadir um Local policial exigiu uma ação rápida”, finaliza.

    Rafael Alcadipani, professor Titular da FGV EAESP e associado pleno ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública, pondera que uma pessoa com uma faca pode apresentar um risco muito grande para os policiais.

    “Uma pessoa armada com uma faca, pode ser bastante danosa e você tem que neutralizar essa pessoa, às vezes usando arma de fogo. É importante que você tenha a arma de choque, mas dependendo da situação, a faca pode matar uma pessoa com muita facilidade”, explica.

    “Estamos totalmente sem chão. Ele nunca teve problema com a polícia”

    Martins relata que o filho tem um livro de poesias publicado. Ele ressalta que o filho é muito conhecido no bairro do Capão Redondo por recitar poesias, contar histórias e fazer festas para crianças.

    “Meu filho estava cheio de vida, mesmo sendo doente”, diz.

    A família conta que até agora não teve acesso ao boletim de ocorrência registrado sobre o caso. Martins foi convocado para prestar depoimento no DHPP na próxima terça-feira (21).

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