Ministros do meio ambiente do G20 não chegam a acordo sobre redução de emissões
Brasil faz parte de grupo de países que resistiu a mudanças no financiamento de combustíveis fósseis. Tentativa de consenso ficará para a COP 26
Os ministros de Energia e Meio Ambiente do G20, o grupo dos países mais ricos do mundo, não conseguiram chegar a um acordo sobre a redação de um compromisso importante para enfrentar as mudanças climáticas, disse o ministro da Transição Ecológica da Itália, Roberto Cingolani, nesta sexta-feira (23).
Cingolani disse a repórteres que os ministros reunidos no sul da Itália não conseguiram resolver dois pontos em disputa, e que estes terão de ser repassados aos chefes de Estado e de governo do G20 para decidir.
Ele disse que as negociações com China, Rússia e Índia se mostraram especialmente difíceis, acrescentando que um dos pontos críticos foi a redação em torno de um limite de 1,5 a 2 graus Celsius para o aumento da temperatura global estabelecido pelo Acordo de Paris.
“Eles não quiseram assinar o parágrafo que dizia ‘fazemos o melhor para manter a temperatura abaixo de 1,5 graus até o final da década’. Eles disseram ‘não, não, só podemos dizer que vamos respeitar o Acordo de Paris'”, disse Cingolani aos repórteres durante uma coletiva de imprensa.
Depois que os ministros produziram uma declaração de 25 pontos sobre a biodiversidade e o meio ambiente na quinta-feira (22) – já curta sobre financiamento ou compromissos firmes – a sexta-feira foi dedicada à questão mais polêmica da política energética e climática.
Referências relativamente brandas a eliminação gradual dos subsídios aos combustíveis fósseis, e a eliminação das emissões de carbono até 2050 eram pontos de resistência entre emissores como o Brasil, China, Índia e Arábia Saudita, afirmou uma fonte com conhecimento das negociações.
A reunião do G20 é vista como uma etapa decisiva antes das negociações climáticas das Nações Unidas, conhecida como COP 26, que acontece dentro de 100 dias em Glasgow, em novembro.
Antes da COP 26, os ativistas ambientais esperavam um fortalecimento das metas climáticas, novos compromissos sobre o financiamento do clima e o aumento dos países que se comprometeram com emissões líquidas zero até 2050.
“As grandes multinacionais não estão se comprometendo seriamente com mudanças reais e incisivas, estão apenas fazendo um esforço falso”, disse a protestante Alessandra Romano à Reuters durante um protesto realizado em Nápoles.
“Precisaríamos de uma mudança mais ampla que envolvesse a todos, e acima de tudo precisamos de um compromisso sério por parte desses grandes grupos financeiros, que têm muito mais poder do que nós”.
A urgência da ação climática foi trazida à tona após inundações mortais na Europa, incêndios nos Estados Unidos e temperaturas sufocantes na Sibéria, mas os países continuam em desacordo sobre como pagar por políticas caras para reduzir o aquecimento global.