Fintech Remessa Online negocia novo aporte
A plataforma permite a pessoas e empresas enviar dinheiro para o exterior ou receber valores em moeda estrangeira
A plataforma digital de transferências internacionais Remessa Online espera anunciar ainda neste ano mais uma rodada de investimentos, em meio a um forte ritmo de crescimento, disse o diretor de estratégia da fintech, Alexandre Liuzzi.
“Temos algumas conversas em andamento e esperamos anunciar ainda neste ano a nossa próxima rodada de investimento”, afirmou à Reuters, estimando que o novo aporte deve ser da ordem de 250 milhões de reais.
No ano passado, a empresa levantou R$ 110 milhões em uma rodada liderada pelo Kaszek Ventures, com participação dos fundos Bewater Ventures e Kevin Efrusy.
Quanto à abertura de capital, Liuzzi disse que a fintech já tem tamanho para se tornar uma empresa listada em bolsa, mas que essa possibilidade ainda não está sendo considerada para o curto prazo, embora trabalhe com planejamento para estar pronta para uma oferta inicial de ações (IPO na sigla em inglês).
A plataforma tem os bancos entre seus principais concorrentes, mas também competidores como o unicórnio britânico Wise, que foi avaliado neste mês em 7,95 bilhões de libras (11 bilhões de dólares) em sua estreia na Bolsa de Valores de Londres.
No caso da Remessa Online, potenciais novos recursos devem reforçar a expansão acelerada da fintech, que no primeiro trimestre registrou um salto de 130% nas receitas totais frente ao mesmo período do ano anterior e quer fechar 2021 com uma alta de 150% ante 2020.
A plataforma, que permite a pessoas e empresas enviar dinheiro para o exterior ou receber valores em moeda estrangeira, também calcula chegar ao final deste ano com aproximadamente 1 milhão de operações processadas, o que representa uma média de mais de 80 mil transações por mês.
“Esperamos transacionar mais de R$ 14 bilhões apenas em 2021”, afirmou o executivo, também cofundador da plataforma, o que representaria um salto frente aos R$ 6 bilhões de 2020.
Dependendo do país de origem, a Remessa Online consegue concluir uma transferência em até 2 horas e há casos particulares em que isso é feito em minutos. A taxa de câmbio comercial é usada como referência, com um spread adicional, que pode variar conforme o volume e a natureza da operação.
A plataforma afirma que não opera com criptomoedas atualmente. “Aguardamos pela regulamentação das operações no Brasil”, explicou Liuzzi.
Dados do Banco Central citados pela empresa mostram que a participação de mercado da Remessa Online nos envios de dinheiro do país para o exterior por pessoas físicas quase dobrou nos primeiros quatro meses do ano frente a igual intervalo de 2020, para 33,46%, com alta de 68,67% no volume total dos envios nesse segmento.
Startups
Na esteira desse desempenho, a empresa quer crescer também no chamado “middle market” e no segmento de startups.
No ano passado, segundo Liuzzi, a plataforma passou a atuar fortemente na oferta de envios e recebimentos de valores a pequenas e médias empresas, produtores de conteúdo na internet e profissionais de tecnologia, que trabalham em home office para empresas no exterior.
“Entraremos fortes em 2022, focados em aumentar expressivamente a nossa participação no mercado, tanto para pessoas físicas quanto jurídicas”, acrescentou, citando que a empresa já ultrapassou a marca de 300 mil clientes atendidos em operações de câmbio para mais de 100 países.
O executivo estimou que o segmento formado por pessoas jurídicas – startups e pequenas e médias empresas em geral – representará metade do volume de negócios realizados na plataforma no final deste ano. Apenas o segmento de startups movimentou mais de 630 milhões de reais no início de 2021.
“O mercado de startups no Brasil está muito aquecido e os investidores internacionais têm colocado muito dinheiro nessas empresas. Nosso objetivo é oferecer uma solução completa que ajude a startup a se internacionalizar para acessar fundos de venture capital em qualquer lugar do mundo.”
Entre as operações mais recentes envolvendo aportes em fintechs brasileiras, o Nubank levantou 750 milhões de dólares, em rodada liderada pela Berkshire Hathaway, enquanto a Advent investiu 430 milhões de dólares na Ebanx.