Amamentação está ligada à redução da pressão arterial em crianças, diz estudo
Descoberta mostra benefícios para pressão arterial em crianças amamentadas por períodos curtos ou longos
Crianças que foram amamentadas por qualquer período de tempo tiveram pressão arterial mais baixa do que aquelas que não foram amamentadas, de acordo com um novo estudo, sugerindo mais uma vez que “a amamentação é um santo remédio” para a saúde.
A redução na pressão arterial encontrada no estudo “é de magnitude clinicamente importante e surpreendente”, disse a Dra. Lori Feldman-Winter à CNN por e-mail. Feldman-Winter, que não esteve envolvida no estudo, é a presidente do Departamento de Amamentação da Academia Americana de Pediatria.
“Esperei que houvesse uma diferença aparente um pouco antes ou durante a adolescência, mas o fato de que essas diferenças foram vistas já aos três anos de idade indica que a amamentação participa da programação metabólica que abrange o ciclo de vida”, escreveu Feldman-Winter , que é professora de pediatria na Cooper Medical School da Rowan University.
Qualquer período de amamentação ajuda
O estudo, publicado nesta quarta-feira (21) no Journal of American Heart Association, usou dados de quase 2.400 crianças que fazem parte do Estudo de Coorte CHILD (Canadian Healthy Infant Longitudinal Development). CHILD é um estudo longitudinal que acompanha a saúde de milhares de mães canadenses e seus filhos nascidos entre 2009 e 2012.
O estudo analisou dados sobre o tempo em que os bebês foram amamentados e comparou-os com sua pressão arterial aos 3 anos de idade. Em geral, as crianças amamentadas tinham pressão arterial mais baixa, independentemente do tempo que passaram amamentando.
A descoberta foi inesperada, disse a autora sênior do estudo, Meghan Azad, vice-diretora do CHILD Cohort Study, professora associada de pediatria e saúde infantil da Universidade de Manitoba em Winnipeg, Canadá.
“Descobrimos, ao contrário de nossas expectativas, não importa quanto tempo você foi amamentado, se foi dois dias, duas semanas, dois meses ou dois anos”, disse Azad. “Vimos uma melhora nos perfis de pressão arterial com qualquer tipo de amamentação”.
Pesquisas anteriores mostram que a amamentação prolongada de seis meses para mais de um ano reduz o risco de obesidade, diabetes, infecções gastrointestinais e muito mais, de acordo com os Centros dos EUA para Controle e Prevenção de Doenças. Também reduz o risco da mãe ter de alguns tipos de câncer, diabetes e hipertensão.
Uma “resposta à dose” é frequentemente vista, significando “quanto mais tempo, melhor” em relação à proteção contra infecções e asma, disse Azad.
A recomendação oficial da Academia Americana de Pediatria é amamentar exclusivamente durante os primeiros seis meses e, em seguida, continuar com alimentos complementares como cereais infantis, frutas e vegetais por um ano ou mais.
A Organização Mundial da Saúde recomenda o mesmo nos primeiros seis meses, com continuidade do aleitamento materno e alimentação complementar até os dois anos de idade ou mais.
Amamentar após o nascimento é ‘crucial’
Estudos anteriores que tentaram examinar a ligação entre a amamentação e a pressão arterial das crianças foram inconsistentes, provavelmente devido às diferentes definições de amamentação, observou o estudo.
Os pesquisadores do presente estudo categorizaram as crianças com base na duração da amamentação nos primeiros dias de vida. Uma dessas categorias era “amamentação limitada precoce”, definida como a amamentação que só ocorria no hospital.
Ao contrário de pesquisas anteriores sobre o assunto, Azad disse que o estudo foi único porque eles tinham informações muito detalhadas sobre a amamentação durante a internação hospitalar e após o nascimento.
Essas informações permitiram-lhes chegar à conclusão de que mesmo a amamentação feita apenas por um período limitado de um a três dias de internação está relacionada à redução da pressão arterial aos 3 anos.
Nestes primeiros dias de amamentação, as mães estão produzindo colostro, conhecido por ser especialmente nutritivo e estimulador da imunidade do bebê.
“Os primeiros dias são realmente cruciais”, disse Azad.
A redução da pressão arterial observada em crianças amamentadas é significativa quando comparada aos níveis de pressão arterial em adultos que estão associados a um menor risco de doenças como hipertensão e derrame, disse a autora principal do estudo, Dra. Kozeta Miliku, pós-doutoranda em McMaster University em Hamilton, Ontário, Canadá e oficial de ciências clínicas no CHILD Cohort Study.
“As descobertas que vemos sobre amamentação e pressão arterial podem ser clinicamente relevantes”, disse Miliku. “Como uma futura mamãe, esta pesquisa significa muito para mim porque é importante entender que cada gota conta. “
Embora qualquer quantidade ajude, a amamentação sustentada ainda deve ser apoiada, acrescentou Miliku.
Azad reconheceu vários motivos pelos quais as mulheres não amamentam: elas podem não ser educadas sobre seus impactos, podem se sentir envergonhadas pelas atitudes da sociedade em relação à amamentação em público e algumas podem ter razões clínicas para não amamentar, entre outros fatores. Tudo isso deve ser reconhecido e resolvido pelos formuladores de políticas e profissionais de saúde, disse ela.
À luz de suas descobertas, os autores do estudo enfatizaram a necessidade de apoio imediato à lactação pós-parto e maior educação sobre a amamentação para mães novas e grávidas.
Da mesma forma, Feldman-Winter disse que o estudo defende políticas que “trabalhem para melhorar as práticas de assistência à maternidade que apoiem ??o início da amamentação”.
Azad e Miliku esperam continuar acompanhando esta pesquisa e monitorando se essas diferenças nos níveis de pressão arterial aos 3 anos de idade impactam a saúde dos participantes na idade adulta. Eles também procuram aprender mais sobre o colostro e o leite materno para entender por que estão relacionados à redução de resultados negativos para a saúde.
Recomendações para uma amamentação efetiva
Para novas mães que estão amamentando, a Academia Americana de Pediatria recomenda conhecer os sinais de amamentação correta:
Certifique-se de que a boca do bebê está bem aberta, com o queixo e o nariz encostados na mama.
O bebê deve colocar o máximo de aréola possível na boca e sugar ritmicamente em curtas rajadas.
Se você pode ouvir seu bebê engolir regularmente e seu mamilo se sentir confortável, você está amamentando corretamente.
Sinais incorretos de amamentação incluem a cabeça do bebê não estar alinhada com o corpo, o bebê chupando apenas o mamilo, mas não a aréola, e as bochechas do bebê enrugadas para dentro.
Se você não está ouvindo seu bebê engolir regularmente ou se sentir dor ou danos nos mamilos, consulte o seu pediatra ou um consultor de lactação, como La Leche League, uma agência sem fins lucrativos dedicada a fornecer educação e suporte para mães que amamentam.
(Texto traduzido. Leia aqui o original em inglês.)