Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Casos de raiva em morcegos acendem alerta na cidade do Rio

    Comissão de Defesa dos Animais pede reforço na vacinação contra raiva em cães e gatos

    Foto: Getty Images (Johner Images)

    Isabelle Resende, da CNN, no Rio de Janeiro

    De janeiro a junho deste ano, a Coordenação de Vigilância de Zoonoses da cidade do Rio de Janeiro registrou nove casos de raiva em morcegos – o último foi registrado há 15 dias, no bairro da Ilha do Governador, Zona Norte do município. O número de casos acende um alerta. A raiva é transmitida aos humanos e animais através da saliva do morcego infectado pelo vírus da família Rhabdoviridae. Ao morder, o vírus entra na corrente sanguínea e se espalha rapidamente, afetando o sistema nervoso.

    Desde 2016, o município do Rio não registra casos positivos de raiva em cães ou gatos. O último caso confirmado de raiva em humanos, no estado do Rio de Janeiro, foi em março de 2020, na cidade de Angra dos Reis. Na ocasião, um jovem foi mordido por um morcego e não compareceu à unidade de saúde para administração das doses da antirrábica. Antes disso, o último caso tinha sido registrado em 2006, na cidade de São José do Vale do Rio Preto, também transmitido por morcego.

    Diante da possibilidade de transmissão da doença tanto em animais quanto humanos, o presidente da Comissão de Defesa dos Animais da Câmara de Vereadores do Rio, Luiz Ramos Filho, solicitou à prefeitura um reforço na campanha de vacinação para conter a proliferação da doença. Ramos ressalta que, no ano passado, início da pandemia, a campanha contra a raiva atingiu apenas 58% dos cães e gatos, cerca de 390 mil cães e gatos. A meta era alcançar cerca de 520 mil animais.

    Apesar de ter tido uma queda na cobertura vacinal de cães e gatos em quase todo Brasil, até o ano passado, data do último levantamento do Ministério da Saúde (MS), não houve registro de aumento nos casos de raiva canina ou felina, com exceção do Mato Grosso do Sul, que em 2015 teve um surto da doença. A queda da cobertura vacinal, segundo o Ministério, foi provocada por atrasos nas entregas das vacinas pelo laboratório produtor e por eventuais atrasos nas programações das campanhas pelos municípios.

    Em maio deste ano, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio de Janeiro (CRMV-RJ) fez um alerta sobre o desabastecimento da vacina antirrábica no estado do Rio de Janeiro e solicitou informações ao Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan) e à Coordenação de Fiscalização de Produtos Veterinários (CPV), órgão ligado ao Ministério da Agricultura, sobre a previsão de normalização do fornecimento do imunizante.

    Também houve redução no número de doses da vacina antirrábica para humanos. Este ano, a Secretaria Estadual de Saúde, responsável pela distribuição aos 92 municípios do Rio, recebeu 75 mil doses a menos do que em 2020.  O repasse das doses do imunizante aos estados é de responsabilidade do Ministério da Saúde.

    Os especialistas ressaltam que a única maneira de se evitar a transmissão da doença para humanos é pela vacinação nos animais. “É importante que as pessoas levem os animais para vacinar. A vacinação é gratuita”, destaca o presidente da Comissão de Defesa dos Animais do Rio, Luiz Ramos Filho. De acordo com dados da comissão, no ano passado o município do Rio vacinou apenas 390 mil cães e gatos. O número é considerado baixo. Segundo Ramos, cerca de 520 mil animais deveriam ter sido vacinados.

    “Muitos tutores não estão levando os animais para vacinar. Eu faço um apelo para que os tutores não deixem de levar os animais para vacinar. A raiva é uma doença muito séria, não tem cura, o animal morre em média dez dias depois de apresentar os primeiros sintomas”, ressalta Luiz Ramos Filho.

    Além disso, a Coordenação de Vigilância em Zoonoses do Rio orienta a população a ligar para o telefone 1746, caso um morcego doente seja encontrado caído no chão. A recomendação é de que o animal seja recolhido por técnicos da Vigilância e encaminhado para o laboratório, onde será submetido a exame. Eles também recomendam nunca tocar em morcegos ou outros animais silvestres diretamente, principalmente quando estiverem caídos no chão ou encontrados em situações não habituais.

    Excepcionalmente, no próximo sábado (3), haverá vacinação contra a raiva em três postos no bairro da Ilha do Governador. A vacinação é gratuita e será realizada de 9h às 16h, na Clínica da Família Assis Valente (Estrada das Canárias s/n Galeão), Clínica da Família Maria Sebastiana de Oliveira (Praia da Rosa, 1225 – Tauá) e na Praça Poeta Manuel Bandeira em frente à UPA do Cocotá.