Precisa previa faturar até R$ 1 bi de clínicas privadas com a Covaxin
Documento das negociação enviado à CPI o qual a CNN teve acesso foi firmado no dia 19 de janeiro
A farmacêutica brasileira Precisa Medicamentos, que intermediava as negociações da vacina indiana Covaxin com o governo federal, previa faturar até US$ 200 milhões – ou R$ 1 bilhão no câmbio atual – revendendo o imunizante para clínicas privadas.
Documentos enviados à CPI da Pandemia, aos quais a CNN teve acesso, revelam as condições pelas quais a empresa intermediaria a venda de cinco milhões de doses para essas clínicas.
Os preços acordados variavam entre US$ 32,71 e US$ 40,78 dependendo da quantidade de doses adquiridas, o que chegava a ser o dobro do que havia sido anunciado pela produtora do medicamento, a Bharat Biotech, como referência para as exportações.
O documento foi firmado no dia 19 de janeiro pelos representantes da Precisa e da Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (ABCVAC). Em outro material, a ABCVAC diz que as condições de pagamentos acertadas dependiam de autorizações da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério da Saúde.
Ouvido na última sexta-feira (25) pela CPI, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Fernandes Miranda, que atua na área de importação, afirmou ter sofrido pressões para autorizar a vinda do imunizante mesmo sem que fossem preenchidos os critérios técnicos. O governo nega.
Segundo apurou a reportagem da CNN, diversas clínicas chegaram a fechar negócio e pagar o adiantamento. O contrato previa que a Precisa conseguisse as licenças e autorizações necessárias para a venda da Covaxin no Brasil até 15 de abril, o que não aconteceu.
Por conta disso, algumas clínicas desistiram e receberam o dinheiro de volta. Algumas ainda estão aguardando.
Procurada, a ABCVAC informou que o documento perdeu seu objeto com a impossibilidade de entrega de vacinas no prazo acordado e que em nenhum momento a diretoria da associação autorizou ou fez qualquer tipo de pressão em seu nome em esferas governamentais para a liberação da Covaxin.
A Precisa diz que confia que o trabalho da Controladoria-Geral da União (CGU) confirmará a legalidade de todos os trâmites.