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    ‘Vacinação vem reduzindo casos graves, mas pandemia não acabou’, diz pesquisador

    À CNN, pesquisador da Fiocruz analisa que não é o momento para flexibilizações generalizadas e reforça a importância de medidas de proteção

    Produzido por Isabelle Resende, , da CNN, no Rio de Janeiro

     

    A vacinação contra a Covid-19 está avançando neste segundo semestre no Brasil. Mais da metade da população já recebeu uma dose do imunizante, mas somente 19% dos brasileiros adultos já tiveram o esquema vacinal completo.

    Especialistas veem com otimismo os efeitos de uma vacinação mais robusta, porém, em entrevista à CNN, o pesquisador da Fiocruz, Carlos Machado, sinalizou que, apesar de contribuir para a redução de casos graves da doença, a pandemia ainda é uma realidade incerta para o Brasil.

    A vacinação vem reduzindo o número de casos críticos e graves, mas a pandemia ainda não acabou, e os cuidados necessários devem ser mantidos. A gente pode flexibilizar algumas medidas? Podemos, mas não todas. O uso de máscara, a higienização das mãos e evitar aglomerações continuam como medidas extremamente importantes.

    Machado comparou o momento da pandemia no Brasil com um avião prestes a pousar. “Se tudo correr bem, nós teremos um bom pouso, mas nós não sabemos o que pode acontecer entre este momento atual e o momento do pouso. O avião ainda pode ter que arremeter.”

    Com isso, ele quis dizer com que, apesar de o contexto apontar para uma melhora no quadro geral da pandemia, o cenário poderá se reverter, se o Brasil não garantir a proteção das pessoas,  principalmente por conta da ação das novas variantes.

    “Todas [as vacinas] têm efetivamente reduzido os casos críticos e graves. Essa é uma excelente notícia, mas ela não elimina a transmissão. Ao não eliminar a transmissão, se a gente flexibiliza de modo geral, há o risco de surgimento de novas variantes para as quais as vacinas podem não ser tão efetivas.”

    O pesquisador da Fiocruz também relembra o período da pandemia em novembro de 2020, quando após atingir uma pequena melhora, a circulação de pessoas aumentou e os especialistas previram um possível recrudescimento.

    “Nós já vínhamos alertando para o risco de aumento de casos que todos nós assistimos. Em dezembro, em janeiro e em fevereiro, cresceu muito [o número de casos] até a gente ter o colapso do sistema de saúde em março e abril.” 

    No entanto, de acordo com ele, o que muda agora é a ação da campanha de vacinação, que se tivesse começado em momento anterior, garantiria maior segurança a este momento.

    “No ano passado, naquele período, nós não tínhamos as vacinas. A vacinação efetivamente vem produzindo resultados e são bastante animadores, o que significa que se nós tivéssemos começado a campanha de vacinação antes e tivéssemos as vacinas anteriormente, estaríamos em uma situação infinitamente melhor hoje. Inclusive, podendo avançar mais ainda nas medidas de flexibilização.”

    Jovem transita pelo Saara sem máscara
    Jovem transita pelo Saara sem máscara
    Foto: André Melo Andrade/Immagini/Estadão Conteúdo