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    Caso DJ Ivis exemplifica naturalização da violência contra mulher, diz promotora

    Nathalie Malveiro, promotora de Justiça do Enfrentamento à Violência Doméstica, defendeu educação para mudar acolhimento de vítimas no sistema judiciário

    Produzido por Juliana Alves, da CNN, em São Paulo

    Promotora de Justiça do Enfrentamento à Violência Doméstica, Nathalie Malveiro afirmou à CNN que o caso do DJ Ivis, filmado agredindo a ex-mulher, é fruto de uma naturalização de agressão às parceiras em relacionamentos afetivos. 

    Em entrevista nesta segunda-feira (12), Nathalie disse que as imagens das agressões causam indignação.

    “Essa naturalização da violência contra a mulher faz com que os homens entendam que é normal isso”, apontou a promotora. “Provavelmente, ele viu algum parente tratando as esposas dessa forma e, para ele, essa é uma situação normal, por isso que ele consegue dar uma desculpa esfarrapada para uma situação de violência absurda”, completou.

    As imagens, gravadas por câmeras de segurança do apartamento em que o casal morava, em Fortaleza, mostram Iverson de Souza Araújo, mais conhecido como DJ Ivis, puxando o cabelo, dando socos e chutes na sua ex-mulher, Pamella Holanda. Os vídeos mostram os atos violentos na frente da filha e de outras duas pessoas. O vídeo foi divulgado nas redes sociais da vítima.

    Também nas redes sociais, DJ Ivis alegou que Pamella dizia que iria se matar e não estava mais aguentando as chantagens. 

    Para Nathalie, a inação das testemunhas, em especial do homem que presencia a violência, também é exemplo do machismo presente na sociedade brasileira.

    “Enquanto ele tá agredindo a esposa, tem um homem que sai da sala como que dizendo ‘o assunto não é comigo’ e é muito chocante isso”, disse a promotora. “Isso vem de anos e anos de violência e vulnerabilidade da mulher em um relacionamento afeito, a ponto da testemunha achar que o que ele fez nem é tão grave.”

    Imagens mostram DJ Ivis agredindo ex-mulher em apartamento do casal no Ceará
    Imagens mostram DJ Ivis agredindo ex-mulher em apartamento do casal no Ceará; polícia investiga
    Foto: Reprodução/CNN Brasil (12.jul.2021)

    Lei Maria da Penha

    Para a promotora Nathalie Malveiro, a Lei Maria da Penha é uma das melhores de enfrentamento à violência doméstica do mundo. Apesar disso, ela diz que o país ainda necessita de um sistema criminal que acolha as vítimas.

    “Falo desde a polícia até o Judiciário [estarem] preparados para acolher essas vítimas de violência, para entender esse contexto que mulher esteja inserida. O que vemos é que quando a vítima procura o auxílio da autoridade policial ou quando o processo é iniciado, os envolvidos não entendem a situação daquela mulher e colocam o julgamento em cima dela”, disse Nathalie.

    “Estamos em um momento em que precisamos nos capacitar melhor. Vivemos numa sociedade machista, patriarcal, então, precisamos começar a olhar para essa situação pelo ponto de vista da educação para entender por que quando ocorre algo assim a gente fica chocado, mas a reação da sociedade logo passa e o Poder Judiciário acaba não enfrentando essa situação da forma adequada.”

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