Aziz: CPI pode ser prorrogada porque investigação chegou a novos caminhos
À CNN, presidente da CPI da Pandemia diz que há temas que nem começaram a ser tratados; decisão de prolongar trabalhos depende da assinatura de 27 senadores
O senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da Pandemia, afirmou nesta segunda-feira (28) que os trabalhos da comissão podem ser prorrogados por mais 90 dias em razão de a investigação no Senado ser dinâmica e ter chegado a caminhos que não se imaginava no começo.
“Se não der para terminar nos próximos 30 dias, podemos prorrogar, mas não depende só de mim, mas da assinatura de 27 senadores”, declarou Aziz, em entrevista à CNN.
Ele disse que entre os assuntos que ainda precisam ser investigados, além das suspeitas envolvendo a compra da vacina Covaxin, estão a compra da vacina russa Sputnik, a oitiva sigilosa com Wilson Witzel, ex-governador do Rio de Janeiro, e a investigação sobre a gestão de hospitais federais no Rio de Janeiro durante a pandemia.
Aziz também comentou sobre a agenda de depoimento e discussões desta semana na CPI. Na terça-feira (29), será ouvido o deputado pelo Amazonas Fausto Vieira dos Santos Junior (PRTB), que foi relator de uma CPI sobre a pandemia em seu estado.
Na quarta-feira (30) será realizada a oitiva do empresário Carlos Wizard, adiada na semana passada quando ele estava fora do país. Já na quinta-feira (1º) será ouvido o sócio-administrador da Precisa Medicamentos, Francisco Emerson Maximiano.
“Na sexta-feira, [deve depor] um superior a esse irmão do deputado Luis Miranda, que foi citado na CPI. Deve ser aprovada na terça-feira, além da convocação de outras pessoas”, disse o senador.
Aziz afirmou também que os membros da CPI devem fazer uma reunião na noite desta segunda-feira (28) para definir outros encaminhamentos desta semana.
Suspeitas sobre a compra da Covaxin
O presidente da CPI disse que também espera um posicionamento do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) sobre as acusações de irregularidade na compra da vacina indiana Covaxin.
“Tem um destoamento em relação ao comportamento do presidente sobre outros fatos dos quais ele foi acusado. Ele reagia energicamente contra esses fatos, falando, se posicionando, e agora ninguém fala nada”, disse.
“O presidente se calou. Teve oportunidade para falar desse assunto na Motociata de Santa Catarina, mas pelo contrário – estava se máscara e de microfone na mão – preferiu terceirizar a acusação contra ele.”
De acordo com o senador, os depoimentos na sexta-feira (25) do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF e de seu irmão, Luis Roberto Miranda – que é servidor de carreira do Ministério da Saúde –, abriram novas linhas de investigação para a comissão.
Aziz destacou o fato de Bolsonaro ter atacado os membros do chamado G7 da CPI – formado por senadores opositores e independentes –, os chamando de “picareta”, mas não ter dirigido uma única fala pública sobre as acusações feitas pelso irmãos Miranda.
“Estamos esperando um posicionamento do presidente, que ele diga: ‘olha, esse deputado é irresponsável, esteve na minha casa para tratar de uma coisa, nunca tratei desse assunto com ele, nunca citei o deputado Ricardo Barros (PP-PR), pelo contrário, mandei investigar’, mas não tivemos nada”, completou Aziz.