Reforma ministerial visa estruturar coalizão da reeleição
Bolsonaro trabalha com uma campanha que tenha por eixo central o PP, empoderado agora com a iminente nomeação do presidente da legenda, senador Ciro Nogueira
A reforma ministerial em curso pelo presidente Jair Bolsonaro visa consolidar a sua coalizão da campanha da reeleição no momento em que ele enfrenta a pior fase do governo, com queda na popularidade, aumento da rejeição e um desgaste diário com a CPI da Pandemia.
Bolsonaro trabalha com uma campanha que tenha por eixo central o PP, empoderado agora com a iminente nomeação do presidente da legenda, senador Ciro Nogueira, para a Casa Civil. O movimento completa outro feito no início do ano, com o apoio escancarado do Palácio do Planalto a Arthur Lira, do PP, na eleição para a presidência da Câmara.
Além do PP, o presidente pretende ter formalmente na campanha o PL, partido que em abril ganhou outra pasta estratégica, a Secretaria de Governo. A deputada federal Flavia Arruda assumiu o cargo, responsável por gerenciar cargos e recursos federais com o Congresso Nacional.
O Republicanos é o terceiro partido com o qual Bolsonaro pretende contar para a campanha. Muito embora o partido tenha diálogo com a esquerda, o Palácio do Planalto aposta na relação do presidente com o eleitorado evangélico e principalmente com as lideranças religiosas para atrair oficialmente a sigla para a campanha. Na semana passada, ele cumpriu a promessa de indicar para o Supremo Tribunal Federal o advogado-geral da União André Mendonça, evangélico.
Além dessas siglas, que seriam no plano do governo as três maiores da coalizão da reeleição, Bolsonaro também tem a expectativa de que o PTB de Roberto Jefferson entre no grupo. O partido inclusive é um dos que o presidente considera se filiar. Outras legendas menores também como Pros, PSC, Avante, Patriota e PHS.
A leitura é a de que a campanha de 2022 deverá ter pelo menos algum grau de profissionalismo e portanto, ser distinta da de 2018, considerada amadora por interlocutores do presidente aliados. Bolsonaro precisará de tempo de televisão para prestar contas dos quatro anos de governo e fazer frente à avaliação negativa que tem da sua condução na pandemia.
A própria recriação do Ministério do Trabalho também é feita com olhar para 2022. A pasta foi extinta por Bolsonaro quando assumiu o cargo após ter sido valorizada durante toda a era Lula, seu principal rival na eleição. Além disso, a taxa de desemprego no país é alta.