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    Massa e Milei percorreram caminhos distintos até o 2º turno; relembre trajetórias

    Entenda quem é quem e como chegaram ao momento atual da eleição, se enfrentando e representando ideais opostos de nação

    Pedro Jordãoda CNN , São Paulo

    Sergio Massa (Unión por la Patria) e Javier Milei (La Libertad Avanza) têm trajetórias distintas que os levaram a se enfrentar no segundo turno da eleição Presidencial da Argentina neste domingo (19).

    Opositores frontais, Massa e Milei representam dois projetos distintos de país, o primeiro à esquerda e o segundo à extrema direita (que o candidato chama de “libertário”).

    Massa é o atual ministro da economia da Argentina, colocado no cargo em setembro de 2021 pelo presidente Alberto Fernández e sua vice, Cristina Kirchner, com o objetivo de tirar o país da crise.

    No entanto, a inflação da Argentina fechou em 50,9% no ano de 2021 e só veio crescendo desde então. Em 2022, ela fechou em 94,8%. E, agora, está em 142,7% ao ano.

    Massa, que é próximo de outros governos de esquerda da América do Sul, promete resolver a situação pela esquerda, olhando para os direitos sociais, principalmente da população mais pobre.

    Foi nesse cenário que a candidatura de Milei despontou. Apesar de ser deputado federal em primeiro mandato, ele é considerado um outsider da política, já que se coloca contra a “casta” dos políticos.

    Com discursos inflamados, Milei trilhou seu caminho até o segundo turno fazendo críticas a todos os seus opositores, aos governos brasileiro e chinês, ao Papa Francisco e às medidas econômicas e sociais do atual governo.

    Entre suas principais propostas, e também apontadas como mais difíceis de implementação, estão o fechamento do banco central argentino e a dolarização da economia do país.

    Ele defende que direitos sociais não devem ser concedidos porque o governo ou as empresas privadas terão que pagar por eles. Além disso, se define como libertário, que acredita que o Estado não deve interferir em nada na economia e na vida das pessoas, mas deixar o mercado autorregular.

    Primárias e primeiro turno

    Com esse pano de fundo, Milei se tornou, em 13 de agosto, o candidato mais votado nas primárias argentinas, que indicam quais candidatos podem disputar o primeiro turno. Naquele momento, ele obteve 30,04% dos votos.

    Ele precisava de apenas 1,5% dos votos válidos para seguir para o primeiro turno, já que não disputava com nenhum outro candidato do mesmo partido.

    Já Massa disputou a vaga com seu companheiro de coligação Juan Grabois. Ele teve mais de 5 milhões de votos no momento e quase 4 milhões à Grabois. Juntos, ele tiveram 27,27% dos votos, ficando em terceiro lugar. À frente deles ficou a coligação de Patricia Bullrich, com 28,27%.

    Já no primeiro turno, em 22 de outubro, Massa conseguiu inverter a situação e atingiu 36,69% dos votos. Milei ficou ficou em segundo lugar, com 29,99%, um pouco menos que nas primárias.

    Diferentemente do Brasil, para um candidato se eleger presidente da Argentina no primeiro, ele não precisa conquistar mais de 50% dos votos válidos, mas mais de 45% ou mais de 40% com diferença superior a 10% do segundo colocado.

    Caso nenhum dos dois cenários ocorram, o segundo turno deve ser realizado. Todas as autoridades eleitas tomarão posse dos seus respectivos mandatos no dia 10 de dezembro.

    Nos primeiros dias após o primeiro turno, Bullrich declarou seu apoio a Milei, apontando-o como a mudança necessária para derrotar o kirchnerismo (linha política ligada ao atual governo).

    Últimas pesquisas

    Neste momento, Milei lidera as intenções de votos pelas pesquisas eleitorais.

    Na última sexta-feira (10), a Atlasintel, apontou que ele tinha 52,1% contra 47,9% de Massa — com margem de erro de um ponto percentual.

    O levantamento ouviu 8.971 pessoas com mais de 16 anos de forma aleatória e por meios digitais entre o domingo (5) e a quinta-feira (9). O nível de confiança é de 95%.

    Segundo turno: “nova eleição”

    É comum que analistas de políticas afirmem que segundo turno de uma eleição é uma “nova eleição”. Isso porque novos acordos e sinalizações passam a ser feitos.

    Em outubro, Massa sinalizou que iria defender uma frente ampla que respeita a democracia e o funcionamento padrão da economia argentina. Ele disse que iria trabalhar duro para conquistar os votos dos eleitores de centro e de direita, tentando se mostrar como opção melhor que Milei.

    Milei fez menos movimentos nesse sentido, mas reduziu um pouco suas críticas inflamadas para todos os lados. Em tese, ele tem vantagem eleitoral por já ter conquistado o apoio de Bullrich.

    Mais sobre os candidatos

    Sergio Massa

    Ministro da Economia da Argentina e candidato à Presidência, Sergio Massa
    Ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, promete resolver crise econômica do país / Foto: Agustin Marcarian/Reuters

    Atual ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, 51, tem apoio do presidente Alberto Fernández e da vice Cristina Kirchner para concorrer à Presidência.

    Advogado, ele nasceu em San Martín, na província de Buenos Aires, e vem de uma família de italianos que chegou ao país no período após a Segunda Guerra.

    Na adolescência, durante o ensino médio, começou a atuar no partido Unión del Centro Democrático.

    Em 1994, interrompeu os estudos de direito na Universidade de Belgrano, que só completou durante a campanha eleitoral de 2013, pela qual foi eleito deputado.

    Em 1999, foi eleito deputado provincial. Depois, ocupou outros cargos no Executivo e no Legislativo.

    Entre 2002 e 2007, chefiou a Administração Nacional da Previdência Social (Anses), responsável por um dos orçamentos mais importantes do governo.

    Em 2007, foi eleito prefeito de Tigre, cidade da província de Buenos Aires. Permaneceu nessa posição até 2013, com um período de licença para ocupar a Chefia de Gabinete durante a Presidência de Cristina Kirchner, entre 2008 e 2009, sucedendo o hoje presidente Alberto Fernández.

    O político rompeu com o kirchnerismo em 2013 e começou um período em que se posicionou como um forte adversário dessa força política.

    Em 2019, após uma reconciliação, voltou ao peronismo como deputado federal da província de Buenos Aires e ocupou a presidência da Câmara dos Deputados.

    Javier Milei

    Javier Milei liderou as prévias na Argentina com mais de 30% dos votos
    Deputado federal Javier Milei propõe dolarização da economia argentina / Foto: Walter Manuel Cortina/Anadolu Agency via Getty Images

    O deputado federal Javier Milei, 53, nasceu no bairro de Palermo, em Buenos Aires, e teve infância marcada por polêmicas na família.

    Embora o relacionamento com seus pais não fosse bom, Milei encontrou apoio em sua irmã.

    O economista diz que Karina Milei é a pessoa que melhor o conhece e a aponta como “a grande arquiteta” de seus acontecimentos políticos.

    Milei disse a diferentes meios de comunicação que, caso se torne presidente, a irmã é quem desempenhará o papel de primeira-dama.

    Nos anos 1980, Milei tentou ser goleiro nas categorias de base do clube de futebol argentino Chacarita Juniors.

    A partir de 2018, Milei ascendeu nos principais meios de comunicação do país com a divulgação de seu discurso “liberal libertário”, como costuma intitular.

    O grande salto em sua carreira política ocorreu em 2020, quando anunciou sua candidatura à Presidência nas eleições de 2023.

    Esse passo abriu caminho para que sua coligação, La Libertad Avanza, conquistasse duas cadeiras na Câmara dos Deputados no ano seguinte, ocupados por ele e por sua candidata à vice-presidência, Victoria Villarruel.

    As principais propostas de campanha de Milei são a dolarização da economia argentina, a redução dos gastos estatais e a privatização de empresas públicas.

    No plano trabalhista, ele propõe o fim das verbas rescisórias para reduzir custos.

    Na segurança, defende propostas polêmicas: desregulamentação do porte de armas e militarização de prisões.

    DEBATE – Milei conquista eleitor argentino com ataques a Lula?

    *Com informações de Leonardo Rodrigues e da CNN Español

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