Retrato de Shakespeare vai ao espaço para comemorar 400 anos do “Primeiro Fólio”
Influência do dramaturgo permanece inabalável quatro séculos após o início de sua carreira
A influência de William Shakespeare sobre o mundo permanece inabalável mais de quatro séculos após o renomado dramaturgo ter iniciado sua carreira.
Para marcar a ressonância contínua das palavras do famoso dramaturgo, 400 anos após a publicação do seu “Primeiro Fólio”, em 8 de novembro de 1623, o cineasta britânico Jack Jewers enviou para a borda do espaço um retrato de Shakespeare junto com um discurso de uma de suas obras mais conhecidas.
Cerca de 1 mil cópias do fólio, publicado originalmente como “Mr. William Shakespeare Comedies, Histories & Tragedies” (“Comédias, Histórias e Tragédias do Sr. William Shakespeare”, na tradução livre), foram impressas sete anos após sua morte. O volume de mais de 900 páginas incluiu uma coleção de 36 peças. Sem ele, 18 peças, incluindo “Macbeth”, teriam sido perdidas, segundo a Reuters.
Anexado a um balão meteorológico, com câmera e rastreador GPS, o retrato, acompanhado de um discurso de “Sonho de Uma Noite de Verão”, foi levado para a alta atmosfera da Terra, segundo comunicado da inVerse Films. Uma equipe da empresa aeroespacial Sent Into Space ajudou no voo espacial.
A cena foi filmada para o curta-metragem “Lovers and Madmen”, no qual uma jovem entra em um concurso de arte ao tentar colocar no ar um retrato de Shakespeare.
O vídeo é narrado pelo ator inglês Tom Baker, que interpretou o quarto Doutor na série de televisão “Doctor Who”. Ele executa o discurso “Mais estranho que verdadeiro” de Shakespeare em “Sonho de Uma Noite de Verão” para acompanhar as imagens do horizonte da Terra levando ao espaço sideral, de acordo com a nota.
O filme faz parte de uma série de seis curtas do cineasta Jack Jewers, que reimaginou seis dos discursos e poemas mais populares de Shakespeare para o século 21 para comemorar este aniversário monumental.
“Eu tinha esta imagem na cabeça: um retrato de Shakespeare – o dramaturgo universal, cuja obra, acredito verdadeiramente, fala a todos – tendo como pano de fundo o espaço, com a curvatura da Terra ao fundo. Que maneira mais adequada de celebrar a universalidade da nossa experiência humana, e como ela foi capturada durante 400 anos por estas palavras maravilhosas, do que essa?”, disse Jewers em nota.
Além das viagens espaciais, os filmes exploram a relevância das palavras de Shakespeare para nós em 2023, o impacto da pandemia de Covid-19, a guerra da Rússia na Ucrânia, a imigração e a crise dos refugiados na Europa, de acordo com a inVerse Films.
“Our Revels Now Are Ended” (“Nossas Festas Agora Terminaram”, na tradução livre), inspirado em “A Tempestade”, de Shakespeare, analisa a solidão e o isolamento social durante a pandemia, e os sentimentos de libertação e de reencontro com os entes queridos após o fim dos lockdowns.
“Tudo o que nos tem acontecido nos últimos anos de convulsão – doenças em massa, preocupações com a imigração, protestos, conflitos na Europa, um desejo crescente de desafiar a autoridade e falar a verdade ao poder – também estava acontecendo em 1623, quando o Primeiro Fólio foi publicado”, disse Jewers.
“Os paralelos são estranhos e as palavras de Shakespeare estão mais frescas agora do que nunca na sua capacidade de falar poderosamente às nossas vidas contemporâneas”, acrescentou.
Os filmes estão disponíveis online a partir desta quarta-feira (8), após uma exibição de estreia em Londres.