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    Quem é Telmário Mota, ex-senador investigado pelo assassinato da mãe da própria filha

    Filha de 17 anos que o ex-parlamentar teve com Antônia Araújo de Sousa o havia acusado de estupro em 2022

    Da CNN , Rayanderson Guerra, do Estadão Conteúdo

    A Polícia Civil de Roraima procura o ex-senador Telmário Mota, investigado de ser o mandante do assassinato da mãe de sua filha, Antônia Araújo de Sousa, de 52 anos.

    Além disso, a filha de 17 anos que o ex-parlamentar teve com Antônia o havia acusado de estupro no ano passado.

    A adolescente narrou que ele tentou tirar a roupa dela em um passeio no dia dos pais. Antônia ficou ao lado da filha na denúncia. Quando o caso veio a público, ele negou as acusações e disse ser vítima de perseguição de adversários políticos.

    Veja também — Polícia tenta prender ex-senador Telmário Mota por suspeita de assassinato

    A ex-mulher de Telmário foi morta com um tiro na cabeça no dia 29 de setembro, no bairro Senador Hélio Campos, na zona oeste de Boa Vista (RR), por dois homens em uma moto.

    Ela foi abordada quando saía de casa para trabalhar. Um deles perguntou seu nome e, ao confirmar a identidade, atirou.

    Duas pessoas próximas ao ex-político o colocaram no centro das suspeitas da Delegacia Geral de Homicídios. Uma assessora do ex-senador foi vista indo entregar a moto aos assassinos um dia antes do crime. Os investigadores também descobriram que a moto foi comprada pelo sobrinho do ex-parlamentar.

    A CNN entrou em contato com a defesa de Telmário Mota e aguarda retorno.

    À analista da CNN Larissa Rodrigues, o Solidariedade afirmou que o político de 65 anos foi desfiliado no dia 17 de outubro. A sigla não soube dizer se ele deixou o partido porque quis ou se foi expulso.

    Quem é o ex-senador Telmário Mota?

    Telmário Mota, de 65 anos, é formado em Economia pela Universidade Católica de Salvador. Atuou como assessor técnico da Corregedoria-Geral do Tribunal de Contas do Estado de Roraima (TCE-RR).

    O ex-senador iniciou a trajetória na política em movimentos sociais, em 1990. Foi eleito pela primeira vez à Câmara Municipal de Boa Vista, assumindo o cargo de primeiro suplente em 2005. Em 2008, Mota foi o terceiro vereador mais votado da capital roraimense.

    Nas eleições de 2010, Telmário alcançou 54 mil votos, mas não foi eleito ao Senado. Já em 2014, em mais uma tentativa de chegar ao Legislativo federal por Roraima, foi o mais bem votado da história do estado, com 96.888 votos e conquistou o posto em Brasília.

    Antes de se filiar ao Solidariedade, esteve nas fileiras de PSDC (1996-2005), PDT (2005-2017), PTB (2017-2019) e PROS (2019-2023).

    Também esteve ao lado da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) durante parte do processo de impeachment, em 2016, quando estava filiado ao PDT. Com o andamento do processo, mudou de posição e votou a favor do impeachment.

    Durante as eleições de 2018, o ex-senador, então filiado ao PTB, deixou o partido após a sigla declarar apoio a Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno.

    Em 2022, no entanto, voltou a mudar de posição e declarou ser apoiador do ex-presidente. “Temos trabalhado sempre na base do presidente Jair Bolsonaro. Telmário é Bolsonaro”, afirmou em um vídeo divulgado antes do pleito.

    “Eu estou ao lado do presidente Jair Bolsonaro, em todos os projetos e ações que venham desenvolver Roraima e o Brasil. Votei com o governo em todos os seus projetos, mas como senador da República, tenho a obrigação de cobrar e fiscalizar seus atos. Isso significa um trabalho independente e harmônico entre os Poderes”, disse.

    Telmário foi senador entre 2015 e 2022, e está fora do Senado há dez meses. No ano passado, tentou a recondução ao cargo, mas não foi reeleito.

    Nas últimas eleições, obteve 19 mil votos e terminou em terceiro lugar na disputa em Roraima, atrás de Hiran Golçalves (PP) e Romero Jucá (MDB).

    Investigado por agressão contra jovem

    Telmário também é investigado por ter supostamente agredido uma jovem de 19 anos até que ela perdesse a consciência, em 2015.

    Maria Aparecida Nery de Melo registrou boletim de ocorrência em 31 de dezembro de 2015, no qual acusou o ex-parlamentar, com quem disse manter relacionamento à época, de agredi-la com socos e chutes em sua casa. O caso foi revelado pelo jornal Folha de S. Paulo.

    O exame de corpo de delito constatou lesões pelo corpo da vítima. Ela também relatou ameaças de morte por parte dele para que não houvesse uma denúncia dos episódios de agressão.

    Em agosto de 2016, o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de abertura de inquérito contra o ex-senador.

    O ministro Gilmar Mendes autorizou a abertura de investigação por entender haver “indícios mínimos da existência do crime e de sua autoria – exame de corpo de delito e declarações da suposta vítima”.

    Sobre a acusação, a assessoria do senador informou, à época da denúncia, que ele estava “tranquilo” e buscava celeridade na apuração do caso, que classificou como “calúnia”.

    Investigação sobre dinheiro na cueca

    O ex-senador é um dos investigados sobre supostos desvios de recursos destinados ao combate da Covid-19.

    Ele é um dos alvos da apuração que flagrou o senador Chico Rodrigues (DEM-RR) com dinheiro na cueca. Rodrigues foi proibido pelo ministro Luís Roberto Barroso, do STF, de manter qualquer tipo de contato com Telmário.

    *publicado por Tiago Tortella, da CNN

    *com informações da Agência Estado

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